"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

China Comunista (Parte 04/07)


O Livro Vermelho de Mao e a Revolução Cultural

O desastre econômico e social provocado pelo Grande Salto para Frente (o projeto de desenvolvimento experimentado pela China entre os anos de 1958 e 1960) gerou conflitos internos de grandes proporções no PCCh, abrindo caminho para a perda de poder de Mao Tsé-Tung.
A direção política do Estado chinês ficou nas mãos de um triunvirato integrado pelo vice-presidente, Liu Shao-chi; pelo primeiro-ministro, Chu Enlai, e pelo dirigente partidário, Deng Xiaoping. As críticas que emergiram do seio do PCCh contrárias ao governo de Mao Tsé-Tung eram válidas em razão do retrocesso econômico e social provocado pelo projeto desenvolvimentista idealizado pelo dirigente chinês.
Durante os três anos de vigência do Grande Salto, estima-se que cerca de 16,5 milhões de chineses (em sua maioria, camponeses) tenham morrido de fome e doenças causadas por desnutrição. Para recuperar a economia, os novos dirigentes do Estado chinês reavivaram alguns princípios característicos do sistema capitalista como, por exemplo, recompensas por esforços no trabalho. Eles também desmontaram as comunas rurais e readotaram o gerenciamento técnico na condução da produção econômica.

Construção do socialismo e o Exército de Libertação Popular

Mao Tsé-Tung não perdeu o poder por completo. Ele manteve-se como líder supremo do Exército de Libertação Popular (ELP) e, com o apoio dos militares e de facções políticas atuantes dentro do PCCh, Mao retomou as rédeas do Estado chinês, reconduzindo a seu modo a construção do socialismo.
A lealdade do ELP ao PCCh e de ambos ao próprio Mao Tsé-Tung se fortaleceu à medida que as relações internacionais da China com seus vizinhos fronteiriços ameaçaram a integridade do território chinês. No início dos anos 60, as relações da China com a Índia e a ex-aliada URSS se deterioraram ainda mais. Nessa mesma conjuntura, Mao e seus aliados lançaram um programa de educação política objetivando converter todos os soldados do poderoso ELP em comunistas fiéis e obedientes ao PCCh.
Mao deflagrou, em 1965, a contra-ofensiva sobre as facções políticas rivais dentro do PCCh que controlavam o Estado chinês. Ele criticou ferozmente aqueles que preconizavam a readoção de alguns princípios capitalistas na economia, além de apontar a burocratização e o elitismo que já se manifestavam dentro e fora do PCCh.
Mao também defendeu a transferência do controle da Revolução para as mãos das massas (camponeses e operários), sob coordenação do Partido, como forma de avançar na construção de um sistema socialista próximo da igualdade absoluta. Para atingir esses objetivos, Mao Tsé-Tung decidiu aplicar ao conjunto da sociedade chinesa um vasto programa de educação política, seguindo o modelo aplicado ao ELP.

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