"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Dois círculos culturais (Parte 04/08)


ISRAEL - (Páginas 172-174.)

Não estou querendo competir com o seu professor de religião, Sofia. Mas vamos examinar rapidamente o pano de fundo judeu do cristianismo.
Tudo começou com a criação do mundo por Deus. Como isto aconteceu você pode ler na primeira página da Bíblia. Na seqüência, o homem se rebelou contra Deus. E o castigo de Deus para isto foi a expulsão de Adão e Eva do Paraíso. A partir desse momento, a morte passou a fazer parte do mundo.
A desobediência do homem a Deus atravessa toda a história contada na Bíblia. Se continuarmos folheando o Gênesis vamos encontrar referências ao dilúvio e à Arca de Noé. Então leremos que Deus fez um pacto com Abraão e seus descendentes. Este pacto – ou acordo – exigia que Abraão e todos os seus descendentes observassem rigorosamente os mandamentos de Deus. Mais tarde este pacto foi renovado, quando Moisés recebeu as Tábuas da Lei (A lei de Moisés!) no monte Sinai. Isto aconteceu por volta de 1200 a.C. Naquela época, os israelitas viviam havia muito tempo como escravos no Egito, mas com a ajuda de Deus todo o povo foi levado de volta a Israel.
Por volta de 1000 a.C. – muito tempo antes, portanto, de haver alguma coisa que se pudesse chamar de filosofia grega – ouvimos falar de três grandes reis em Israel. O primeiro foi Saul, que foi seguido por Davi, que, por sua vez, foi sucedido por Salomão. Agora, todos os israelitas estavam reunidos num mesmo reino e foi sobretudo sob o reinado de Davi que eles viveram um período de apogeu político, militar e cultural.
Quando os reis eram investidos no poder eram ungidos pelo povo. Por isso recebiam o título de Messias, que significa “aquele que foi ungido”. No contexto religioso, os reis eram vistos como mediadores entre Deus e o povo. Por isso é que os reis podiam ser chamados de “filhos de Deus”, e o país que governavam, de “reino de Deus”.
Mas o reino de Israel não tardou a enfraquecer e foi dividido em um reino ao norte (Israel) e outro ao sul (o reino de Judá). Em 722 a.C., o reino do norte foi devastado pelos assírios e perdeu completamente sua importância política e religiosa. Com o sul a coisa não foi muito melhor. O reino de Judá foi conquistado em 586 a.C. pelos babilônicos. O templo de Jerusalém foi destruído e uma grande parte do povo foi levada para a Babilônia. Este cativeiro babilônico só terminou em 539 a.C. Foi então que o povo pôde retornar a Jerusalém e reconstruir o enorme templo. Mas por todos os séculos que se seguiram até o nascimento de Cristo, início do nosso calendário, os judeus continuaram sob dominação estrangeira.
Os judeus se perguntavam por que o reino de Davi havia sido destruído e por que se abatia sobre o povo uma desgraça sobre outra. Afinal, Deus tinha prometido colocar sua mão protetora sobre Israel. Acontece que as pessoas também tinham prometido cumprir os mandamentos de Deus e isto acabou espalhando a crença de que Deus estaria castigando Israel por sua desobediência.
A partir de 750 a.C., aproximadamente, surgiram vários profetas que anunciavam o castigo de Deus a Israel, pois o povo não havia respeitado os mandamentos do Senhor. Eles diziam que um dia Deus viria julgar Israel. Chamamos tais profecias de “profecias do Juízo Final”.
Não tardaram a surgir outros profetas que anunciavam que Deus iria salvar uma parte do povo e enviar um “príncipe da paz” ou um rei da paz da casa de Davi. Este príncipe da paz iria restaurar o antigo reino de Davi e assegurar ao povo um futuro feliz.
“Este povo, que andava nas trevas, viu uma grande luz”, dizia o profeta Isaías. “Aos que habitavam na região da sombra da morte, nasceu-lhes o dia.” Chamamos estas profecias de “profecias da redenção”.
Resumindo: o povo de Israel vivia feliz sob o reinado de Davi. Quando a situação ficou difícil para os israelitas, alguns profetas começaram a anunciar a vinda de um profeta da casa de Davi. Este “Messias” ou “Filho de Deus” viria para “redimir” o povo, restituir a Israel sua grandeza e fundar um “Reino de Deus”.

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