"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Educação, Cultura e Propaganda (Parte 09/11)

Primeira página do suplemento literário Autores e Livros, do jornal A Manhã,
dedicado a Varnhagen, 1944. Rio de Janeiro (RJ). (Biblioteca Nacional)

A Manhã

O jornal A Manhã;, órgão oficial do Estado Novo, esteve sob a direção de Cassiano Ricardo de maio de 1941 até meados de 1945. Conforme depoimento do próprio Cassiano Ricardo, o jornal pretendia divulgar as diretrizes propostas pelo regime junto a um público o mais diversificado possível. A Constituição de 1937, por exemplo, era exposta de forma didática, aparecendo diariamente nas páginas do matutino.
A Manhã; dispunha de excelente documentação iconográfica e exibia uma paginação extremamente moderna para os padrões jornalísticos da época. Seu corpo de colaboradores contava com intelectuais de grande projeção como Múcio Leão, Afonso Arinos de Melo Franco, Cecília Meireles, José Lins do Rego, Ribeiro Couto, Roquete Pinto, Leopoldo Aires, Alceu Amoroso Lima, Oliveira Viana, Djacir Menezes, Umberto Peregrino Vinicius de Moraes (crítica cinematográfica), Eurialo Canabrava (crítica de idéias), Gilberto Freyre e outros. O jornal publicava dois tablóides semanais que alcançaram grande repercussão: Autores e livros, sob a direção de Múcio Leão, e Pensamento na América, dirigido por Ribeiro Couto.
Autores e livros é uma rica fonte de análise historiográfica, pois oferece uma verdadeira genealogia da vida intelectual brasileira. Além do mais, traduz com nitidez a concepção de literatura adotada pelo projeto político-ideológico do Estado Novo. Concebida como reflexo do meio e do espaço, a literatura deveria ser o "espelho da nacionalidade". O movimento modernista da década de 1920 evidentemente era criticado por ter-se afastado dessa concepção documental. Outra característica do projeto literário do regime era considerar as regiões geográficas como "arquipélagos culturais" carentes de unificação e centralização. Essas idéias estavam na origem de um projeto ideológico de grande envergadura, de reconstituição da história da cultura brasileira, levado a cabo pelo suplemento Autores e livros.

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