"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Idade Média (Parte 07/07)

manuscrito da Suma Teológica

Tomás de Aquino (continuação)

E Alberto prosseguiu:
— Infelizmente, são Tomás de Aquino adotou também a visão que Aristóteles tinha da mulher. Você talvez ainda lembre que, para Aristóteles, a mulher era uma espécie de homem inacabado. Além disso, ele acreditava que os filhos herdavam apenas as características do pai, pois para Aristóteles a mulher era passiva e receptora, ao passo que o homem era ativo e criativo. Para são Tomás de Aquino, a visão de Aristóteles estava de acordo com as palavras da Bíblia, segundo as quais a mulher teria sido feita a partir da costela de um homem.
— Que besteira!
— Talvez seja importante acrescentar que o óvulo da mulher só foi descoberto em 1827. Por isso talvez não fosse de estranhar que eles considerassem o homem a parte criativa e doadora de vida no processo de reprodução. Além disso, é bom observar que para são Tomás de Aquino a mulher só era inferior ao homem enquanto ser natural. Para ele, a alma da mulher tinha o mesmo valor que a do homem. No céu existe plena igualdade de direitos entre os sexos, pela simples razão de que, abandonado o corpo, deixam de existir quaisquer diferenças físicas entre os sexos.
— Este não é um consolo dos mais animadores. Quer dizer que não houve nenhuma filósofa na Idade Média?
— Na Idade Média, a Igreja era fortemente dominada pelos homens. Mas isto não significa que não tenha havido mulheres pensadoras. Uma delas foi Hildegard Bingen…
(…)
[Alberto prosseguiu:]
— Hildegard foi uma freira que viveu entre 1098 e 1179 na Renânia. Apesar de ser mulher, ela fazia sermões, foi escritora, médica, botânica e pesquisadora natural. Talvez ela seja o exemplo mais evidente de que, na Idade Média, as mulheres freqüentemente eram mais práticas, e talvez mais científicas, do que os homens.
(…)
[Alberto prosseguiu:]
— Havia uma antiga crença cristã e judaica segundo a qual Deus não era apenas homem. Ele teria também um lado feminino, ou uma “natureza materna”. Afinal, a mulher também tinha sido criada à Sua imagem e semelhança. Em grego, a palavra para este lado feminino de Deus é Sophia. “Sophia” ou “Sofia” significa “sabedoria”.
Confusa, Sofia sacudiu a cabeça. Por que ninguém nunca lhe havia dito aquilo? E por que também ela nunca perguntara?
Alberto prosseguiu:
— Entre os judeus, e também na Igreja ortodoxa grega, “Sophia”, ou seja, a natureza materna de Deus, teve certa importância durante a Idade Média. No Ocidente, ela caiu no esquecimento. Mas então apareceu Hildegard. E ela conta que Sophia lhe apareceu em visões usando uma túnica toda ornamentada de pedras preciosas…
(…)
[Alberto prosseguiu:]
— Mas agora já é quase uma hora. Você precisa ir para casa almoçar. À nossa frente começa a se descortinar um novo tempo. Vou marcar um encontro com você para falarmos sobre o Renascimento. Hermes [o cão labrador de Alberto] irá buscá-la no jardim.

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