"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

O Helenismo (Parte 04/07)

Marco Aurélio, filósofo estóico

OS ESTÓICOS - (Páginas 148-149.)

Os cínicos foram de grande importância para a filosofia estóica, que surgiu em Atenas por volta de 300 a.C. Seu fundador foi Zenão, originário da ilha de Chipre, que se transferiu para Atenas depois de ter sobrevivido a um naufrágio. Ele reunia seus ouvintes debaixo de um pórtico. O substantivo estóico vem da palavra grega para “pórtico” (stoa). O estoicismo teria mais tarde grande importância para a cultura romana.
Assim como Heráclito, os estóicos diziam que todas as pessoas eram parte de uma mesma razão universal, ou “logos”. Eles consideravam cada pessoa um mundo em miniatura, um “microcosmo”, que era reflexo do “macrocosmo”.
Isto levou à idéia de um direito universalmente válido, o assim chamado direito natural. O direito natural baseia-se na razão atemporal do homem e do universo e, por isso mesmo, não se modifica no tempo e no espaço. Nesse sentido, os estóicos colocam-se ao lado de Sócrates contra os sofistas.
O direito natural vale para todas as pessoas, inclusive para os escravos. Para os estóicos, as legislações dos diferentes Estados não passavam de imitações imperfeitas de um direito cujas bases estavam na própria natureza.
Assim como apagavam a diferença entre o indivíduo e o universo, os estóicos também negavam a oposição entre “espírito” e “matéria”. Para eles existia apenas uma natureza. Chamamos tal concepção de monismo (em oposição, por exemplo, ao claro dualismo, à bipartição da realidade, de Platão).
Os estóicos eram marcadamente “cosmopolitas”, o que significa que eram filhos legítimos de sua época. Sendo cosmopolitas eram mais abertos para a cultura contemporânea do que os “filósofos de barril” (os cínicos). Os estóicos chamavam a atenção para a convivência entre as pessoas, interessavam-se por política, e alguns deles chegaram até mesmo a ser estadistas atuantes, como o imperador romano Marco Aurélio (121-180), por exemplo. Graças a esses homens, e sobretudo ao orador, filósofo e político Cícero (106-43 a.C.), a cultura e a filosofia gregas conquistaram terreno em Roma. Foi Cícero quem cunhou o conceito de humanismo enquanto cosmovisão na qual o homem ocupa o ponto central. Alguns anos depois, o estóico Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) escreveu que “para a humanidade, a humanidade é sagrada”. Esta afirmação ficou para a posteridade como uma espécie de slogan do humanismo.
Além disso, os estóicos diziam que todos os processos naturais – por exemplo, a enfermidade e a morte – eram regidos pelas constantes leis da natureza. Por esta razão, o homem deveria aprender a aceitar o seu destino. Nada acontece por acaso, diziam os estóicos. Tudo acontece porque tem de acontecer e de nada adianta alguém lamentar a sorte quando o destino bate à sua porta. Também as coisas felizes da vida devem ser aceitas pelo homem com grande tranqüilidade. Vemos aqui a proximidade dos estóicos com os cínicos, que viam com total indiferença todos esses eventos exteriores. Ainda hoje falamos de uma “tranqüilidade estóica” quando queremos nos referir a uma pessoa que não se deixa inflamar por seus sentimentos.

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