"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Egito Antigo (Parte 01/02)


Nesta teleaula você aprenderá que a civilização egípcia surgiu nas margens férteis do rio Nilo e que os egípcios adoravam-no como a um deus. Acompanhará os vários períodos da história do Egito antigo, desde o Antigo Reino até o Baixo Império. Além disso, conhecerá as castas que formavam a sociedade e verá que os egípcios criaram uma cultura original, que perdurou durante, aproximadamente, três mil anos.

Egito Antigo (Parte 02/02)

Civilização Egípcia – Resumo (Parte 04/04)


Religião

A religião desempenhou importante papel na vida dos egípcios e deixou marcas em quase todos os setores: nas artes, na literatura, na filosofia e até mesmo nas ciências. Os egípcios eram politeístas, acreditando em muitos deuses antropomórficos e zoomórficos, dentre os quais se destacavam: Rá, Osíris, Isis, Hórus. Certos animais eram considerados sagrados, como o gato, o crocodilo, o escaravelho, o boi.
Os egípcios acreditavam na imortalidade da alma e na sua volta para o mesmo corpo. Essa crença levou-os a desenvolver técnicas para a conservação dos corpos dos mortos.
A mais sofisticada delas foi a mumificação, um processo caro, só acessível aos privilegiados. Junto ao morto, eram colocados alimentos, armas, ferramentas etc., de que, segundo acreditavam, ele iria precisar quando ressuscitasse.
Acreditava-se também que a alma era julgada por um tribunal presidido pelo deus Osíris. Eram apresentadas as ações boas ou más do falecido, para se julgar se ele merecia o castigo ou a salvação eterna. Seu coração era colocado num dos pratos de uma balança e, no outro, uma pena. Se os pratos se equilibrassem, a alma estaria salva.
As pessoas mais ricas compravam dos sacerdotes o Livro dos Mortos, um conjunto de fórmulas mágicas, escritas num papiro, que facilitariam sua salvação após a morte. Com a venda dessas fórmulas, muitos sacerdotes enriqueceram.
Durante o Novo Império, o faraó Amenófis IV fez uma reforma religiosa, impondo o monoteísmo. Aton, representado pelo disco solar, era o único deus, e o próprio faraó mudou o seu nome para Aquenaton. Essa reforma religiosa teve também caráter político, pois o faraó pretendia reduzir a autoridade dos sacerdotes. Porém, o monoteísmo teve curta duração, e o faraó seguinte, Tutancâmon, restaurou o politeísmo.

A escrita dos egípcios

Os egípcios possuíam três sistemas de escrita: o demôtico (mais popular), o hierático (utilizado pelos sacerdotes) e o hieroglífico (mais complexo, utilizado pelos escribas). Em 1822, a escrita egípcia foi decifrada por Jean-François Champollion, graças a um bloco de pedra encontrado na região de Rosetta pelos soldados de Napoleão Bonaparte, quando da campanha do Egito. Esse bloco, que passou a ser conhecido como Pedra de Rosetta, trazia um texto em três escritas: hieroglífica, demótica e grega.
A decifração da escrita permitiu a tradução de textos que revelaram muito da história e do cotidiano do povo egípcio. Também ficaram conhecidos textos poéticos de grande sensibilidade.

As artes e ciências

Os egípcios desenvolveram a arquitetura, a pintura e a escultura. Na arquitetura, destaca-se a construção de pirâmides, palácios e templos amplos e sólidos. A pintura e a escultura eram auxiliares da arquitetura. Na pintura, não utilizavam a perspectiva, e as figuras eram representadas sempre de perfil.
Nas ciências, os egípcios desenvolveram a astronomia, a matemática e a medicina, que estavam voltadas para a resolução de problemas práticos do cotidiano, como o controle das inundações, a construção de canais de irrigação, o combate às doenças etc.

Civilização Egípcia – Resumo (Parte 03/04)


A economia egípcia

A agricultura era a principal atividade econômica do Egito Antigo. Eram cultivados cereais, oliveiras, alface, cebola, alho, uva, figo, linho etc. Os egípcios aprenderam a aproveitar as águas das enchentes do rio Nilo, construindo canais de irrigação e diques, o que lhes possibilitava aumentar a área de cultivo. Durante o período de inundação do Nilo, os camponeses trabalhavam gratuitamente para os faraós, na construção de túmulos e templos.
A pecuária não apresentou grande desenvolvimento, sendo criados bois, asnos, burros, porcos, carneiros, cabras e aves, como patos e gansos. Também eram praticadas a caça e a pesca.
O comércio interno realizava-se em mercados, onde os produtos eram expostos. O comércio externo era controlado pelo Estado e só se iniciou no Médio Império. Os egípcios faziam comércio com a Fenícia, a ilha de Creta, a Palestina e a Síria. Exportavam trigo, cevada, tecidos, cerâmica; importavam madeiras, marfim e metais preciosos. Por causa da ausência de moedas, as trocas eram diretas.
Os egípcios também desenvolveram o artesanato e as manufaturas. Produziam jóias, móveis, armas, ferramentas, tecidos, enfeites, utensílios de vidro etc.

A sociedade egípcia

Na sociedade egípcia havia uma rígida hierarquia entre as camadas sociais. A mobilidade social praticamente inexistia, pois as profissões, os cargos e as funções eram, na maior parte das vezes, transmitidos por herança.
A posição mais alta da hierarquia social era ocupada pelo faraó e sua família, geralmente muito numerosa, já que ele podia ter várias esposas e concubinas. Abaixo do faraó vinham os nobres, que ocupavam altos postos no governo e no exército.
Seguiam-se os sacerdotes, considerados intermediários entre os deuses e os homens e que também se dedicavam às atividades intelectuais e científicas. Os nobres e os sacerdotes detinham grandes privilégios.
Em seguida, vinha a camada dos funcionários reais, destacando-se os escribas, os que ocupavam altos postos militares, os artesãos altamente especializados, os comerciantes e os militares.
Na posição inferior da sociedade egípcia estavam os não-privilegiados, os trabalhadores braçais — artesãos e camponeses (chamados felás). Compunham a maioria da população e eram obrigados a entregar ao faraó parte de sua colheita, além de ter de pagar impostos aos nobres e sacerdotes. Também eram submetidos a trabalhos forçados nas construções de palácios, templos, canais de irrigação etc., e até a castigos físicos.
A pequena camada dos escravos era formada por estrangeiros aprisionados nas guerras. Os escravos eram encarregados das tarefas domésticas ou dos trabalhos mais pesados.

Civilização Egípcia – Resumo (Parte 02/04)


Formação do Egito

No quarto milênio a.C., ao longo das margens do rio Nilo, existiam os nomos, aldeias agropastoris independentes, cujos governantes eram chamados de nomarcas. Os nomos foram reunidos, formando dois reinos: o Baixo Egito, no deIta do Nilo, e, mais ao sul, o Alto Egito. Por volta de 3000 a.C., Menés, um príncipe do Alto Egito, unificou os reinos sob seu comando. A partir dessa unificação teve início o chamado período dinástico do Egito Antigo, que costuma ser dividido em: Antigo Império, Médio Império e Novo Império.

O Antigo Império

No Antigo Império, as capitais foram Tínis e Mênfis e a forma de governo, a monarquia teocrática. O rei era denominado faraó e possuía caráter divino, sendo considerado filho do deus Sol. Tinha poder absoluto e atuava como chefe político, supremo legislador, juiz e sacerdote. Nessa época, o Egito não possuía exército permanente.
O faraó era auxiliado por ministros escolhidos entre os membros da alta nobreza. Os escribas, pessoas que sabiam ler e escrever, possuíam funções administrativas, principalmente ligadas à cobrança de impostos.
Esses impostos possibilitavam ao faraó acumular grandes riquezas e realizar obras, como as construções de pirâmides e templos.
As pirâmides mais conhecidas, que receberam os nomes dos faraós que mandaram construí-las, são as de Quéops, Quéfren e Miquerinos, na planície de Gisé, guardadas pela Esfinge, uma enorme escultura com corpo de leão e cabeça humana.
Após um período de paz e prosperidade, por volta de 2300 a.C., o Antigo Império entrou em crise, em conseqüência do fortalecimento do poder dos nomarcas. Houve uma anarquia política, só solucionada por volta do ano 2000 a.C., quando os governantes da cidade de Tebas submeteram os nomos à sua autoridade.

O Médio Império

O Médio Império marcou o restabelecimento da monarquia nacional. A capital do Egito passou a ser a cidade de Tebas. Foram construídos muitos canais de irrigação e reservatórios de água.
Por volta de 1750 a.C., o Egito foi invadido pelos hicsos, um povo oriundo da Ásia. Eram militarmente superiores aos egípcios, possuindo armas mais eficientes e carros de guerra puxados por cavalos. Por quase dois séculos, mantiveram o domínio do território. Crises internas decorrentes dessa invasão marcaram o fim do Médio Império. Com a expulsão dos hicsos, em 1580 a.C., teve início uma nova fase, o Novo Império.

O Novo Império

O Novo Império estendeu-se até 525 a.C. e caracterizou-se pelo militarismo e pelo imperialismo. Com um exército bem organizado, muitos faraós partiram para a conquista de vários povos e estenderam as fronteiras egípcias até o rio Eufrates, na Mesopotâmia. Na formação do império egípcio destacaram-se os faraós Tutmés III e Ramsés II.
Gastos com campanhas militares e com guerras internas acabaram por enfraquecer o império egípcio, favorecendo a invasão de diferentes povos. Os assírios invadiram o império em 670 a.C. e só foram expulsos em 653 a.C. Em 525 a.C., os persas, comandados por Cambises, venceram a batalha de Pelusa e dominaram o império, governando-o durante aproximadamente 200 anos. Mais tarde, em 332 a.C., Alexandre Magno, da Macedônia, conquistou a região, e, finalmente, em 30 a.C., os egípcios caíram nas mãos dos romanos.

Civilização Egípcia – Resumo (Parte 01/04)


A Antiguidade Oriental: Egito

A Idade Antiga ou Antiguidade pode ser dividida em Antiguidade Oriental, na qual se estudam os povos que viveram no Oriente Próximo, e Antiguidade Ocidental ou Clássica, compreendendo a história dos gregos e dos romanos, povos que viveram na Europa.
As principais civilizações do Oriente Próximo foram a egípcia, a mesopotâmica, a palestina, a fenícia e a persa. É importante o papel desempenhado pelos rios (Nilo, Tigre e Eufrates) na formação dessas sociedades.

O espaço geográfico do Egito

Situado a nordeste da África, o Egito era um enorme oásis com mais de mil quilômetros de comprimento, graças ao rio Nilo.
Toda a região do deIta do Nilo foi chamada de Baixo Egito. A área mais ao sul ficou conhecida como Alto Egito. O Nilo era também a grande via de transporte e comunicação para os egípcios.
De junho a setembro, abundantes chuvas na cabeceira do Nilo provocavam enchentes em suas margens. Quando as águas voltavam ao volume normal, deixavam no vale um limo fertilizante que, em algumas regiões, chegava a atingir dez metros de espessura. Graças à fertilidade do vale, a agricultura pôde ser largamente desenvolvida, constituindo a base da economia egípcia.

Operação Cavalo de Troia 5: Cesareia - J.J. Benitez


A obra mescla temas históricos (a vida de Jesus) com ficção-científica (a viagem no tempo) e mostram "dossiês" que narram uma missão da Força Aérea dos Estados Unidos na qual um módulo chamado "O Berço" é levado ao passado com o propósito de comprovar a existência de Jesus Cristo. A missão é chamada de "Operação Cavalo de Troia", e como de costume das forças militares Norte Americanas, não são revelados grandes detalhes dos métodos de física utilizados para a reversão, nada além de "novos conceitos da física quântica vindos da Europa" é dito. Conceitos obviamente, sigilosos também. 
Um major, de nome não revelado, e um piloto voltam no tempo até os anos 30 da era cristã e presenciam muitos fatos narrados na Bíblia. Na verdade a Bíblia é tomada como referência, uma vez que contém as datas e eventos da época. Fornecem, também, dados da sociedade da época: costumes, leis (principalmente as leis do judaísmo), crenças (judaicas e pagãs, geografia, ambiente, etc). O major, que durante a viagem adota o nome de Jasão, é escolhido para a operação pelo seu ceticismo e imparcialidade, mas quando encontra Jesus, é tocado profundamente por sua mensagem e a narrativa ganha um tom delicado e humano. 

Os primeiros brasileiros (Parte 06/06)


Rastros dos brasileiros

48 mil anos
Segundo, Niède Guidon, alguém já trabalhava à luz de uma fogueira, nessa época, no Piauí. Outra arqueóloga, Águeda Vialou, diz que o homem estava no Mato Grosso, há 23 mil anos

11,5 mil anos
É a idade de Luzia. Uma brasileira que habitava a região metropolitana de Belo Horizonte, MG. Ela tinha traços negróides e era muito diferente dos índios brasileiros

7 mil anos
Cerâmicas com essa idade encontradas na amazônia estão entre as mais antigas do continente americano

6 mil anos
Os primeiros sambaquis na costa brasileira têm mais ou menos essa idade. O arqueólogo Paulo Blasis, no entanto, acredita que podiam haver outros ainda mais antigos, que teriam sido encobertos pelo avanço do mar

2 mil anos
Índios agricultores de origem tupi deixam a Amazônia para conquistar o Brasil. Eles se sobrepõem aos caçadores e coletores. Eram seus descendentes que estavam na praia, quando Cabral chegou.

Os primeiros brasileiros (Parte 05/06)


Índio é o seu passado

As tradições, mitos e lendas indígenas têm uma outra explicação para o aparecimento do homem e o povoamento das terras brasileiras. Escritor, ativista e estudioso dos mitos indígenas, o índio Kaká Werá Jecupê diz que, segundo uma história dos povos de tradição tupi, dois irmãos sobreviveram a uma grande chuva: Nhanderikey e Nhanderivuçu. Eles receberam de Tupã, o deus dos deuses tupi, o dom de criar pela fala. Assim, construíram a terra, as águas, as coisas do ar e da floresta. Um dia, eles se desentenderam, e Nhanderikey foi enviado por Tupã para o outro lado de uma montanha, afastando-se de seu irmão. Na separação, cada um constituiu a sua própria tribo.
“Tupã, então, disse que um dia Nhanderikey voltaria e os dois povos não se reconheceriam como irmãos e que só depois de muito tempo eles se reconciliariam”, diz Werá. Essa seria a explicação indígena para a chegada do homem branco. O índio se refere à sua origem sempre com o termo “aqui”. Você pergunta a ele de onde ele vem e ele vai dizer que sempre esteve lá. Que ele vem de “aqui”.

Os primeiros brasileiros (Parte 04/06)

Mapa dos sítios arqueológicos e sambaquis brasileiros

Os povos da Amazônia
 
A Amazônia foi o berço de culturas avançadas, que vicejaram mais de mil anos antes de Cabral chegar ao Brasil. Os registros mais antigos da presença dos homens na região foram descobertos pela arqueóloga americana Anna Roosevelt, em 1996. Ela encontrou pinturas rupestres datadas de 11 mil anos, na região de Monte Alegre, PA.
Na região da Ilha de Marajó, uma importante civilização se desenvolveu entre os anos 400 e 1300 d.C. A civilização marajoara dominava a agricultura e possuía aldeias que chegaram a abrigar 5 ou 6 mil habitantes. Os marajoaras eram excelentes engenheiros e construíram aterros artificiais que se elevavam até 12 metros acima do solo. “Esses aterros exigiam a mobilização de um grande contingente de mão de obra e uma liderança constituída e respeitada”, afirma Eduardo Neves, da USP. Tal requinte também se refletia na criação de sua cerâmica. De caráter cerimonial, seus desenhos correspondem ao mundo simbólico e religioso dos marajoaras. Eles desapareceram misteriosamente por volta de 1300.
Mas a superpotência da época era a civilização tapajônica, que ocupava a região da atual cidade de Santarém, PA. Mesmo depois do contato com os europeus, eles ainda eram uma das maiores e mais poderosas nações indígenas da Amazônia. Objetos de sua cerâmica foram localizadas em lugares muito distantes, o que indica que havia contato intenso entre os tapajós e tribos vizinhas, incluindo comércio. “Havia um poder central exercido por chefe tapajó, reunindo várias tribos vizinhas”, diz Eduardo. Algumas aldeias eram tão populosas que seus caciques podiam mobilizar até 60 mil homens para o combate.
A Amazônia também foi o ponto de partida para a migração de um povo tecnologicamente avançado e conquistador, que levou ao declínio os brasileiros coletores e caçadores, e que se espalhou de forma inédita pelo país: os tupi. Partindo de onde hoje ficam os estados de Rondônia e do Amazonas, eles deixaram a região em duas levas principais: os tupi-guarani desceram o Rio Paraná e chegaram à região sul; os tupinambá seguiram pelo Rio Amazonas até sua foz e, dali, rumo ao sul pela costa.
Eles viviam em grandes aldeias, cujas populações chegavam a ter milhares de pessoas. “Se organizavam em chefaturas, isto é, uma reunião de tribos, onde algumas aldeias seriam mais importantes e teriam influência sobre outras”, afirma o professor Paulo Jobim, do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia. As aldeias funcionavam como cidades, com famílias inteiras, com tios, primos, pais, avós e filhos vivendo numa mesma casa. “A hierarquia das tribos era baseada no parentesco”, diz Paulo. Os espaços comuns das aldeias, normalmente na área central, eram dedicados às práticas religiosas e sociais.
Eles conheciam a agricultura, principalmente a de hortaliças, de mandioca e de milho e produziam cerâmicas práticas, principalmente para cozinhar.
A guerra, além de demarcar territórios, era tida como uma oportunidade para o desenvolvimento de lideranças, que se baseavam sobretudo na coragem, na oratória e nos laços familiares.
A expectativa de vida era curta, não ultrapassando os 40 anos de idade em média. Por isso mesmo, os mais idosos eram muito respeitados, ocupando papel de destaque na sociedade. A divisão do trabalho também era feita por sexos: os homens caçavam, as mulheres coletavam, cuidavam das crianças e do preparo do solo para a agricultura. Além disso, eram as responsáveis pela produção da arte em cerâmica.
“Os guarani eram um povo conquistador e exclusivista”, diz o historiador Pedro Schmit, da Universidade Unisinos, no Rio Grande do Sul. “Seus parentes tornavam-se aliados, mas outros povos eram considerados inimigos e expulsos, dizimados ou incorporados, às vezes, literalmente, já que eram antropófagos.” Eram seus descendentes que estavam na praia, naquela manhã de 22 de abril de 1500.

Os primeiros brasileiros (Parte 03/06)

pesquisador analisando vestígios no sambaqui

Civilização das conchas

Alguns dos descendentes desses novos habitantes criaram, no litoral do Brasil, uma das civilizações mais características e inusuais do período pré-cabralino. Eles ocuparam do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul entre 6 mil e mil anos atrás, e ficaram conhecidos pelas edificações que erguiam para sepultar seus mortos: os sambaquis. São pilhas de sedimentos, principalmente conchas e ossos de animais, cuidadosamente empilhados e que chegavam a ter 40 metros de altura e mais de 500 metros de comprimento. A princípio, os arqueólogos acreditavam tratarem-se de grandes depósitos funerários, mas com a descoberta sistemática de novos sítios, ficou provado que os sambaquis eram o centro da vida social desses povos, chamados sambaquieiros. Ali, eles sepultavam seus mortos, realizavam rituais e construíam suas casas.
“Eles se alimentavam basicamente da pesca e da coleta de frutos do mar, feitas com o auxílio de canoas e redes”, afirma o arqueólogo Paulo de Blasis, da Universidade de São Paulo (USP). O sambaquieiro era baixo, no máximo 1,60 metro. A mortalidade infantil era altíssima, entre 30 e 40% dos corpos encontrados eram de crianças. Quem chegava a idade adulta também não ia muito longe: para os homens a perspectiva de vida era de 25 anos e as mulheres chegavam no máximo aos 35. Outro mito que as pesquisas vêm derrubando é que os sambaquieiros eram nômades, indo de um lugar para outro assim que se encerravam os recursos naturais. “Era uma civilização com estabilidade territorial e populacional. Um conjunto de sambaquis como os do sul de Santa Catarina podia reunir até 3 ou 4 mil habitantes”, afirma Paulo. Para ele, uma ocupação dessa monta, por tanto tempo, só seria viável com um alto grau de complexidade social que deveria incluir a divisão de tarefas e instituição de chefias regionais.
Nos sambaquis foram encontrados também esculturas e ornamentos feitos de pedra polida, que eram colocados junto aos corpos sepultados. Representando animais como o tatu e a baleia, esses objetos demonstram um delicado senso estético, que exigia habilidade especial. “É possível que houvesse pessoas designadas para produzi-los, até como algum tipo de ritual”, afirma Dione Bandeira, do Museu Nacional do Sambaqui, em Joinville, SC.
Os sambaquieiros desapareceram há cerca de mil anos, com a chegada de povos agricultores vindos do planalto. “Eles provavelmente foram se afastando cada vez mais de seu local de origem, esquecendo suas tradições e se misturando ao conquistador”, afirma Paulo, da USP.

Os primeiros brasileiros (Parte 02/06)


Os homens da Lagoa Santa

A arqueóloga Adriana Schmidt Dias, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, acredita que o primeiro brasileiro descende de uma das várias correntes migratórias vindas da Ásia, que ocorreram a partir de 15 mil anos atrás. A mais antiga dessas levas de humanos teria chegado ao Brasil há cerca de 12 mil anos e ficado conhecida como “Os Homens de Lagoa Santa”, nome dado em homenagem ao sítio arqueológico onde foram localizados – o mesmo pesquisado pelo dinamarquês Lund. Desse povo, faz parte o fóssil de uma brasileira descoberta em 1975, que viveu por aqui há cerca de 11,5 mil anos e foi batizada pelos cientistas de Luzia.
Luzia é a mais antiga brasileira descoberta até hoje. Ela era uma caçadora e coletora de vegetais, com traços bem distintos dos índios que Pero Vaz de Caminha descreveu em sua carta, em 1500. Em 1999, a Universidade de Manchester, na Inglaterra, reconstituiu o rosto de Luzia: ficaram óbvios os traços negróides, típicos de populações africanas e da Oceania. Luzia e seus amigos viviam em pequenos grupos e eram nômades, sempre procurando encontrar vegetais e animais de pequeno porte, como o porco-do-mato e a paca, que eles caçavam com a ajuda de lanças e flechas com pontas feitas de pedras lascadas. Não ficavam mais que duas semanas no mesmo lugar. Por isso, não costumavam enterrar seus mortos. O corpo de Luzia foi encontrado jogado no fundo de uma caverna.
Por volta de 6 mil anos atrás esse povo desapareceu. A explicação para isso é o surgimento de outro grupo de humanos, dessa vez, parecidos com os índios atuais. Eles chegaram em muito maior número e passaram a ocupar a região. “As populações se misturaram, mas com o tempo as características dos ‘Homens da Lagoa Santa’ submergiram”, diz Adriana.
Essa nova leva de viajantes chegou a ocupar toda a costa brasileira e o Planalto Central até 2 mil anos atrás. “Esses bandos chegavam a uma região, montavam acampamento, geralmente em grupos de 5 a 10 famílias em pequenas faixas de terra”, diz Adriana Schmidt. “Retiravam da região tudo o que podiam: vegetais, peixes e animais. Assim que esgotavam esses recursos e que os acampamentos apresentavam problemas sanitários, como o aparecimento de insetos em grandes quantidades, iam embora”, afirma a pesquisadora.

Os primeiros brasileiros (Parte 01/06)


Durante quase 500 anos o Brasil praticamente ignorou uma parte de seu passado. A maior delas. Na escola, a primeira aula de história começa com o descobrimento do Brasil. Como se antes nada tivesse acontecido. No entanto, quando os portugueses chegaram, em 1500, civilizações avançadas e poderosas estavam no auge, outras já haviam desaparecido, mas deixado vestígios de sua passagem e de sua história no Brasil.
O naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund, em 1836, foi o primeiro a se interessar pelo Brasil pré-cabralino e tornou-se uma espécie de patrono da arqueologia e da paleontologia no país. Sua descoberta mais importante aconteceu na Gruta do Sumidouro, perto de Lagoa Santa, MG. Em meio aos ossos de grandes mamíferos, ele achou os primeiros fósseis humanos no Brasil.
Em busca do primeiro brasileiro, Peter encontrou mais perguntas que respostas, algumas delas continuam sem respostas. A primeira – e talvez a mais controversa – é como e quando o homem passou a ocupar o território americano e, por extensão, o brasileiro? A teoria mais aceita é que os primeiros grupos humanos a chegarem por aqui, atravessaram da Ásia para a América pela Beríngia (região no extremo norte do continente, que há 15 mil anos, durante o fim da era glacial, ligava os dois continentes). A pé, os novos habitantes começaram a migrar para o sul, em busca de regiões mais quentes. Até a Patagônia, no limite sul da América, eles teriam levado algo em torno de 2 mil anos.
Mas há quem discorde. A arqueóloga brasileira Niède Guidon, que há mais de 30 anos estuda os vestígios da presença humana na região da Serra da Capivara, no PI, acredita que o homem americano já ocupava o Brasil há mais de 60 mil anos. Niède se baseia em vestígios humanos encontrados próximos a uma fogueira, cujas datações por carbono 14, indicaram ter 48 mil anos de idade. Segundo ela, entre 80 e 100 mil anos atrás começou a ocupação das Américas e, há 60 mil anos, eles já estavam no norte do Brasil”, diz Niède. Para ela, o primeiro americano teria vindo da Austrália ou da Polinésia em embarcações simples.
A tese de Niède Guidon é questionada dentro e fora dos Brasil. Para esses críticos, esperar que um aborígine de mais de 50 mil anos atrás atravessasse o Pacífico, seria como pedir a Cristóvão Colombo que, em vez de cruzar o Atlântico para vir ao Novo Mundo, fincasse a bandeira de “El Rey” nas crateras lunares.
Mas Niède Guidon não está sozinha quando marca o início da presença humana no Brasil, além dos paradigmais 15 mil anos. O trabalho da arqueóloga Águeda Vilena Vialou, do Museu de Arqueologia da Universidade de São Paulo indicou a existência do homem no Mato Grosso, há cerca de 23 mil anos. Ela coordena as escavações na Fazenda Santa Elina, onde foram encontradas pinturas nas paredes e grande quantidade de pedras trabalhadas. “Fizemos três datações diferentes, em três materiais distintos: ossos, sedimentos e carvão. Todos chegaram à mesma data entre 22 e 23 mil anos”, diz Águeda.
No entanto, nem ela, nem Niède, tem um fóssil humano para mostrar. Até hoje não foram encontrados ossos humanos anteriores a 15 mil anos em nenhuma parte das Américas.

Texto produzido por Rui Dantas. Disponível no Portal História Abril.

Primeira Guerra Mundial (Parte 09/09)

Assinatura do Tratado de Versalhes - 29 de junho de 1919

O Tratado de Versalhes e a Criação da Liga das Nações

No período de 1919 a 1929, realizou-se no palácio de Versalhes, na França, uma série de conferências com a participação de 27 estados nações vencedoras da Primeira Guerra Mundial. Lideradas pelos representantes dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, essas nações estabeleceram um conjunto de decisões, que impunham duras condições à Alemanha. Era o Tratado de Versalhes, que os alemães se viram obrigados a assinar, no dia 28 de junho de 1919. Do contrário, o território alemão poderia ser invadido.
Contendo 440 artigos, o Tratado de Versalhes era uma verdadeira sentença penal de condenação à Alemanha. Estipulava, por exemplo, que a Alemanha deveria:
• Entregar a região da Alsácia-Lorena à França;
• Ceder outras regiões à Bélgica, à Dinamarca e à Polônia;
• Entregar quase todos os seus navios mercantes à França, Inglaterra e Bélgica;
• Pagar uma enorme indenização em dinheiro aos países vencedores;
• Reduzir o poderio militar dos seus exércitos sendo proibida de possuir aviação militar.

Não demorou muito tempo para que todo esse conjunto de decisões humilhantes, impostas à Alemanha, provocasse a reação das forças políticas que no pós-guerra, se organizaram no país. Formou-se, assim, uma vontade nacional alemã, que reivindicava a revogação das duras imposições do Tratado de Versalhes. O nazismo soube explorar muito bem essa "vontade nacional alemã", gerando um clima ideológico para fomentar a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
Além do Tratado de Versalhes, foram assinados outros tratados entre os países participantes da Primeira Guerra Mundial. Através desses tratados, desmembrou-se o Império Austro-Húngaro, possibilitando o surgimento de novos países.
Em 28 de abril de 1919, a Conferência de Paz de Versalhes aprovou a criação da Liga das Nações (ou Sociedade das Nações), atendendo proposta do presidente dos Estados Unidos. Sediada em Genebra, na Suíça, a Liga das Nações deu início às suas atividades em janeiro de 1920, tendo como missão agir como mediadora no caso de conflitos internacionais, procurando, assim, preservar a paz mundial.
A Liga das Nações logo revelou-se uma entidade sem força política, devido à ausência das grandes potências. O senado americano vetou a participação dos Estados Unidos na Liga, pois discordava da posição fiscalizadora dessa entidade em relação ao cumprimento dos tratados internacionais firmados no pós-guerra. A Alemanha não pertencia à Liga e a União Soviética foi excluída. A Liga das Nações foi impotente para impedir, por exemplo, a invasão japonesa na Machúria, em 1931, e o ataque italiano à Etiópia, em 1935.
As duras marcas deixadas pela guerra motivaram diversas crises econômicas e políticas nos 20 anos seguintes, forjando as razões para o início de um conflito mais terrível: a Segunda Guerra Mundial.

Primeira Guerra Mundial (Parte 08/09)

Presidente americano Woodrow Wilson

Os "14 Pontos do Presidente Wilson"

Em mensagem enviada ao Congresso americano em 8 de janeiro de 1918, o Presidente Wilson sumariou sua plataforma para a Paz que concebia:
1) "acordos públicos, negociados publicamente", ou seja a abolição da diplomacia secreta;
2) liberdade dos mares;
3) eliminação das barreiras econômicas entre as nações;
4) limitação dos armamentos nacionais "ao nível mínimo compatível com a segurança";
5) ajuste imparcial das pretensões coloniais, tendo em vista os interesses dos povos atingidos por elas;
6) evacuação da Rússia;
7) restauração da independência da Bélgica;
8) restituição da Alsácia e da Lorena à França;
9) reajustamento das fronteiras italianas, "seguindo linhas divisórias de nacionalidade claramente reconhecíveis";
10) desenvolvimento autônomo dos povos da Áutria-Hungria;
11) restauração da Romênia, da Sérvia e do Montenegro, com acesso ao mar para Sérvia;
12) desenvolvimento autônomo dos povos da Turquia, sendo os estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo "abertos permanentemente";
13) uma Polônia independente, "habitada por populações indiscutivelmente polonesas" e com acesso para o mar; e
14) uma Liga das Nações, órgão internacional que evitaria novos conflitos atuando como árbitro nas contendas entre os países.

Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os derrotados, abraçando a idéia de uma Paz "sem vencedores nem vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram aplicadas, pois o desejo de uma “vendetta” por parte da Inglaterra e principalmente da França prevaleceu sobre as intenções americanas.

Primeira Guerra Mundial (Parte 07/09)


A Destruição Européia e a Ascensão dos Estados Unidos

Ao final da Guerra, a Europa estava em ruínas no campo econômico e social, além de 13 milhões de pessoas que morreram durante a guerra. E "a estas baixas é preciso juntar as que, no seio das populações civis, resultaram das invasões, das epidemias, das restrições alimentares e da fome, bem como do déficit da natalidade".
Às milhões de vidas sacrificadas deve ser acrescentado um assombroso custo econômico que se refletia no "desgaste do material de transporte, do instrumental das fábricas que foram utilizadas ao máximo e insuficientemente renovadas e conservadas, o que representa no total uma séria diminuição de seu potencial econômico. Houve não só prejuízo pela falta de crescimento da produção e de natalidade, mas também o endividamento dos países beligerantes que tiveram de contrair empréstimos, ceder parte de suas reservas de ouro e desfazer-se de parte de seus investimentos no estrangeiro".
Todo esse grave quadro de crise e de decadência da Europa veio beneficiar aos Estados Unidos, que despontaram, nos anos de pós-guerra, com uma das mais poderosas potências mundiais. Um dos grandes fatores que colaboraram para a ascensão econômica dos Estados Unidos foi a sua posição de neutralidade durante boa parte da Primeira Guerra Mundial. Assim, puderam desenvolver sua produção agrícola e industrial, fornecendo seus produtos às potências européias envolvidas no conflito. Por outro lado, enquanto as potências européias estavam compenetradas no esforço de guerra, os Estados Unidos aproveitaram-se para suprir outros mercados mundiais, na Ásia e na América Latina.
Terminada a Guerra, a Europa arrasada tornou-se um grande mercado dependente de exportações americanas. Possuindo aproximadamente a metade de todo o ouro que circulava nos mercados financeiros mundiais, os Estados Unidos projetavam-se como maior potência financeira mundial do pós-guerra.

Primeira Guerra Mundial (Parte 06/09)


Primeira fase (1914-1915)

Essa fase foi marcada pela imensa movimentação dos exércitos beligerantes. Ocorreu uma rápida ofensiva das forças alemãs, e várias batalhas foram travadas, principalmente em território francês, para deter esse avanço. Em setembro de 1914, uma contra-ofensiva francesa deteve o avanço alemão sobre Paris (Batalha do Marne). A partir desse momento, a luta na frente ocidental entrou num período de equilíbrio entre as forças em combate.

Segunda fase (1915-1917)

A imensa movimentação de tropas da primeira fase foi substituída por uma guerra de posições, travada nas trincheiras. Cada um dos lados procurava garantir seus domínios, evitando a penetração das forças inimigas. Os combates terrestres tornaram-se extremamente mortíferos, com a utilização de novas armas: metralhadoras, lança-chamas e projéteis explosivos. Mas a grande novidade em termos de recursos militares foi a utilização do avião e do submarino.
Como salientou John Kenneth Galbraith, o desenvolvimento das técnicas militares de matar não foi acompanhado pelo desenvolvimento da "capacidade de pensar" dos generais tradicionais. "A adaptação de táticas estava muito além da capacidade da mentalidade militar contemporânea. Os generais hereditários e seus quadros de oficiais não pensavam em outra coisa senão em enviar contingentes cada vez maiores de homens, eretos, sob pesada carga, avançado a passo lento, em plena luz meridiana, contra o fogo de metralhadora inimigo, após pesado bombardeio de artilharia. A esse bombardeio, as metralhadoras, pelo menos um número suficiente delas, invariavelmente sobreviviam. Por isso, os homens que eram mandados avançar eram sistematicamente dizimados, e essa aniquilação, é preciso que se frise, não é figura de retórica, ou força de expressão. Quem fosse lutar na Primeira Guerra Mundial não tinha esperança de retornar".

Terceira fase (1917-1918)

Desde o início da guerra, os Estados Unidos mantinham uma posição de "neutralidade" em face do conflito. Ou não intervinham diretamente com suas tropas na guerra.
Em janeiro de 1917, os alemães declararam uma guerra submarina total, avisando que torpedeariam todos os navios mercantes que transportassem mercadorias para seus inimigos na Europa.
Pressionado pelos poderosos banqueiros estadunidenses, cujo capital investido na França e na Inglaterra achava-se ameaçado o Governo dos Estados Unidos declarou guerra à Alemanha e ao Império Austro-Húngaro em 6 de abril de 1917.
A Rússia retirou-se da guerra, favorecendo a Alemanha na frente oriental. E pelo Tratado de Brest-Litovsk, estabeleceu a paz com a Alemanha. Esta procurou concentrar suas melhores tropas no ocidente, na esperança de compensar a entrada dos Estados Unidos. A Alemanha já não tinha condições para continuar a guerra. Surgiram as primeiras propostas de paz do presidente dos Estados Unidos, propondo, por exemplo, a redução dos armamentos, a liberdade de comércio mundial etc.
Com a ajuda material dos Estados Unidos, ingleses e franceses passaram a deter um superioridade numérica brutal em armas e equipamentos sobre as forças inimigas. A partir de julho de 1918, ingleses franceses e americanos organizaram uma grande ofensiva contra seus oponentes. Sucessivamente, a Bulgária, a Turquia e o Império Austro-Húngaro depuseram armas e abandonaram a luta. A Alemanha ficou sozinha e sem condições de resistir ao bloqueio, liderado pelos Estados Unidos, que "privaram o exército alemão, não de armamentos, mas de lubrificantes, borracha, gasolina e, sobretudo víveres".
Dentro da Alemanha, agravava-se a situação política. Sentindo a iminência da derrota militar, as forças políticas de oposição provocaram a abdicação do imperador Guilherme II. Imediatamente, foi proclamada a República alemã, com sede na cidade de Weimar, liderada pelo partido social democrata.
Em 11 de novembro de 1918, a Alemanha assinou uma convenção de paz em condições bastante desvantajosas, mas o exército alemão não se sentia militarmente derrotado. Terminada a guerra, os exércitos alemães ainda ocupavam os territórios inimigos, sem que nenhum inimigo tivesse penetrado em territórios alemães.

Primeira Guerra Mundial (Parte 05/09)

Tanque de guerra alemão. A palavra tanque foi utilizada para dar a impressão aos trabalhadores de que estavam construindo contentores de água móveis para o Exército Britânico na Mesopotamia, e tomou carácter oficial a 24 de Dezembro de 1915.



O nome Primeira Guerra Mundial foi atribuído ao conflito de 1914 a 1918, pois essa foi a primeira guerra da qual participaram as principais potências das diversas regiões da Terra, embora o principal "cenário da guerra" tenha sido o continente europeu.

Vejamos, a seguir, algumas nações que se envolveram no conflito:

• Do lado da Alemanha e do Império Austro-Húngaro: Turquia (1914) e Bulgária (1915);

• Do lado da França, da Inglaterra e da Rússia: Bélgica(1914), Sérvia (1914), Japão (1914), Itália (1915), Portugal (1915), Romênia (1916), Estados Unidos (1917), Brasil (1917) e Grécia (1917).

Os conflitos internacionais anteriores tinham um caráter localizado, sempre restrito a países de um mesmo continente. Já o conflito de 1914 a 1918, envolveu potências que tinham alcançado a industrialização. Potências que "dedicam sua capacidade de produção ao desenvolvimento de uma poderosa indústria bélica e todos alinham efetivos consideráveis, extraídos principalmente da população rural, cuja diminuição acarreta uma inquietadora redução dos aprovisionamentos. Assim, o conflito desorganiza as trocas e abala seriamente a estrutura econômica do mundo".

Primeira Guerra Mundial (Parte 04/09)


A Política de Alianças e o Estopim da Guerra

As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de tensões e agressividade. Sabia-se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento. Diante desse risco quase certo, as principais potências trataram de estimular a produção de armas e de fortalecer seus exércitos. Foi o período da Paz Armada. Característica desse período foi a elaboração de diversos tratados de aliança entre países, cada qual procurava adquirir mais força para enfrentar o país rival.

Ao final de muitas e complexas negociações bilaterais entre governos, podemos distinguir na Europa, por volta de 1907, dois grandes blocos distintos:

A Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália;

A Tríplice Entente: formada por Inglaterra, França e Rússia.

Essa aliança original entre países europeus modificou-se nos anos da guerra, tanto pela adesão de alguns países como pela saída de outros. Conforme seus interesses imediatos, alguns países mudavam de posição, como a Itália, que em 1915 recebeu dos países da Entente a promessa de compensações territoriais, caso mudasse de lado.

Mergulhada num clima de tensões cada vez mais insuportáveis, a Europa vivia momentos em que qualquer atrito, mesmo incidental, seria suficiente para incendiar o estopim da guerra. De fato, esse atrito surgiu em função do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco. O crime foi praticado pelo estudante Gavrilo Princip, ligado ao grupo nacionalista sérvio "Unidade ou Morte", que era apoiado pelo governo da Sérvia. O assassinato provocou a reação militar da Áustria, e a partir daí diversos outros países envolveram-se no conflito, uma verdadeira reação em cadeia (devido à política de alianças).

Os passos iniciais do conflito europeu (1914) foram os seguintes:

• 28 de julho: O Império Austro-Húngaro declara guerra à Sérvia;

• 29 de julho: Em apoio à Sérvia, a Rússia mobiliza seus exércitos contra o Império Austro-Húngaro e contra a Alemanha;

• 1º de agosto: A Alemanha declara guerra à Rússia;

• 3 de agosto: A Alemanha declara guerra à França. Para atingí-la, mobiliza seus exércitos e invade a Bélgica, que era um país neutro;

• 4 de Agosto: A Inglaterra exige que a Alemanha respeite a neutralidade da Bélgica. Como isso não ocorre, declara guerra à Alemanha.

Primeira Guerra Mundial (Parte 03/09)

soldados chineses caminhando para o front de combate

Nesse contexto de disputas entre as potências européias, podemos destacar duas grandes crises, que provocariam a guerra mundial:

A crise do Marrocos: Entre 1905 e 1911, França e Alemanha quase chegaram à guerra, por causa da disputa da região do Marrocos, no norte da África. Em 1906, foi convocada uma conferência internacional, na cidade espanhola de Algeciras, com o objetivo de resolver as disputas entre franceses e alemães. Essa conferência deliberou que a França teria supremacia sobre o Marrocos, enquanto à Alemanha caberia uma pequena faixa de terras no sudoeste africano. A Alemanha não se conformou com a decisão desfavorável e em 1911 surgiriam novos conflitos com a França pela disputa da África. Para evitar a guerra, a França concedeu à Alemanha uma considerável parte do Congo francês.

A crise balcânica: No continente europeu, um dos principais focos de atrito entre as potências era a Península Balcânica, onde se chocavam o nacionalismo da Sérvia e o expansionismo da Áustria. Em 1908, a Áustria anexou a região da Bósnia-Herzegovina, ferindo os interesses da Sérvia, que pretendia incorporar aquelas regiões habitadas por eslavos e criar a Grande Sérvia.

Os movimentos nacionalistas da Sérvia passaram a reagir violentamente contra a anexação austríaca da Bósnia-Herzegovina. Foi um incidente ligado ao movimento nacionalista da Sérvia que serviu de estopim para a guerra mundial.

Primeira Guerra Mundial (Parte 02/09)


Rivalidades e Tensões Internacionais

As ambições imperialistas das grandes potências européias podem ser mencionadas entre os principais fatores responsáveis pelo clima internacional de tensão e de rivalidade que marcou o início do século XX.

Essas ambições imperialistas manifestaram-se através dos seguintes fatores:

Concorrência econômica: As grandes potências industrializadas buscavam por todos os meios dificultar a expansão econômica do país concorrente. Essa concorrência econômica tornou-se particularmente intensa entre Inglaterra e Alemanha, que depois da unificação política entrou num período de rápido desenvolvimento industrial.

Disputa colonial: A concorrência econômica entre as nações industrializadas teve como importante conseqüência a disputa por colônias na África e na Ásia. O domínio de colônias era a solução do capitalismo monopolista para os problemas de excedentes de produção e de controle das fontes fornecedoras de matérias-primas.

Além desses problemas meramente econômicos, a Europa possuía focos de conflito que transpareciam no plano político. Em diversas regiões, surgiam movimentos nacionalistas que apresentavam o objetivo de agrupar sob um mesmo Estado povos considerados de mesmas raízes culturais. Todos esses movimentos políticos também estavam vinculados a interesses econômicos.

Entre os principais movimentos nacionalistas que se desenvolveram na Europa, podemos destacar:

O Pan-eslavismo: Liderado pela Rússia, pregava a união de todos os povos eslavos da Europa Oriental, principalmente aqueles que se encontravam dentro do Império Austro-Húngaro.

O Pan-germanismo: Liderado pela Alemanha, pregava a completa anexação de todos os povos germânicos da Europa Central.

Revanchismo francês: Com a derrota da França na guerra contra a Alemanha, em 1870, os franceses foram obrigados a ceder aos alemães os territórios da Alsácia-Lorena, cuja região era rica em minérios de ferro e em carvão. A partir dessa guerra, desenvolveu-se na França um movimento de cunho nacionalista-revanchista, que visava desforrar a derrota sofrida contra a Alemanha e recuperar os territórios perdidos.

Primeira Guerra Mundial (Parte 01/09)


A Primeira Guerra Mundial decorreu, antes de tudo, das tensões advindas das disputas por áreas coloniais. Dos vários fatores que desencadearam o conflito destacaram-se o revanchismo francês, a Questão Alsácia-Lorena e a Questão Balcânica. A Alemanha, após a unificação política, passou a reivindicar áreas coloniais e a contestar a hegemonia internacional inglesa, favorecendo a formação de blocos antagônicos.

Constituíram-se, assim, a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (Inglaterra, Rússia e França). Os blocos rivalizavam-se política e militarmente, até que em 1914, surgiu o motivo da eclosão da Guerra: o assassinato do herdeiro do trono Áustro-Húngaro (Francisco Ferdinando), em Sarajevo (Bósnia). À declaração de guerra da Áustria à Sérvia seguiram-se outras, formando-se as Tríplices Aliança e Entente.O conflito iniciou-se como uma guerra de movimento para depois transformar-se em uma guerra de trincheiras. Em 1917, os EUA entraram na guerra ao lado da Tríplice Entente, no mesmo ano em que a Rússia, por causa da Revolução Bolchevique, retirava-se. Os reforços dos EUA foram suficientes para acelerar o esgotamento do bloco Alemão, sendo que em 1918, a Alemanha assinou sua rendição. No ano seguinte foi assinado o Tratado de Versalhes, que estabeleceu sanções aos alemães e a criação de um organismo que deveria zelar pela paz mundial. Esse tratado, conforme os 14 pontos propostos pelo presidente Wilson (EUA), determinou punições humilhantes aos alemães, semeando o revanchismo que desencadearia, depois, a Segunda Guerra Mundial. A Primeira Guerra provocou uma alteração profunda na ordem mundial: os EUA surgiram como principal potência econômica mundial e houve o surgimento de novas nações, devido ao desmembramento do Império Áustro-Húngaro e Turco e surgiu um regime de inspiração marxista na Rússia.

Pensar a Beleza - Texto - Filosofia - 3º Ano

Abaixo links do texto "PENSAR A BELEZA"

Liberdade - Texto - Filosofia - 2º Ano

Abaixo links do texto "LIBERDADE"

O Deserto do Real - Texto - Filosofia - 1º Ano

Abaixo links do texto "O DESERTO DO REAL":

O surgimento da Sociologia (Parte 07/07)


Foi então que surgiu a idéia da fábrica...

Um lugar com uma produção mais organizada, com a acentuação da divisão de funções, onde o artesão ia deixando de participar do processo inteiro de produção da mercadoria e onde passava a operar apenas parte da produção. Desse ponto para a implantação das máquinas movidas a vapor, restava somente o tempo da invenção das mesmas.
Quando o inventor escocês James Watt (1736-1819) conseguiu patentear a máquina a vapor, em abril de 1784, ela veio dar grande impulso à industrialização que se instalava, aumentando a produção, diminuindo os gastos com mão-de-obra e aumentando o acúmulo de capital.

Veja o quadro que se montava...

O sistema feudal da Europa Ocidental, estava sendo superado. Ele não conseguiria suprir as necessidades dos novos mercados que se abriam. O sistema capitalista, com base na propriedade privada e no lucro, isto é, na acumulação de capital, estava sendo consolidado.
A partir da Revolução Industrial (século XVIII), as cidades da Europa Ocidental começavam a se transformar em grandes centros urbanos comerciais e, posteriormente, industriais. Muitas delas “inchadas” por desempregados. O estilo de vida das pessoas estava se transformando – para alguns de forma violenta e radical – como era o caso de muitos camponeses que eram expulsos pelos senhores das terras que as cercavam para criar ovelhas e fornecer lã às fábricas de tecidos.
Já no caso dos artesãos, esses “perdiam” sua qualificação profissional e o controle sobre o que produziam, ou seja, de profissionais, passavam a “não ter profissão”, pois a indústria era quem ditava que tipo de profissional precisava ser. Não importava se fossem grandes artesãos, só precisariam aprender a operar a máquina da fábrica. Se fosse hoje, usaríamos o termo aprender a “apertar botões”. Dessa maneira, como não tinham capital para ter uma produção autônoma e competir com a fábrica, submetiam-se ao trabalho assalariado.
Novas e grandes invenções estavam sendo realizadas no campo tecnológico, como as próprias máquinas a vapor das indústrias. O comércio mundial estava aumentando cada vez mais. O mundo estava “encolhendo”, em termos de fronteiras comerciais e ficando “europeizado”.
E em meio a isto, duas classes distintas emergiam: a composta pelos empresários e banqueiros, chamada de classe burguesa, e a classe assalariada, ou proletária.
A classe burguesa é aquela que ao longo do tempo veio acumulando capital com o comércio e reteve os meios de produção em suas mãos, isto é, as ferramentas, os equipamentos fabris, o espaço da fábrica, etc., bem como o poder político. Já a classe proletária, sem capital e expropriada dos meios de produção por meio de sua expulsão dos feudos e das terras comuns, tornava-se fornecedora de mão-de-obra aos donos das fábricas.
Agora perceba comigo:
O quadro social na Europa Ocidental do período passava, então, por transformações profundas, provocadas pela consolidação do sistema capitalista, pela valorização da ciência contrapondo as explicações míticas a respeito do mundo, pela abertura de mercados mundiais e pelos conflitos derivados das condições de vida miseráveis dos operários, confrontadas com o enriquecimento da classe burguesa. É em meio a todas essas mudanças que a Sociologia começa a ser pensada como sendo uma ciência para dar respostas mais elaboradas sobre os novos problemas sociais.
A Sociologia e suas teorias, que vamos ver a seguir, se constituem ferramentas de reflexão sobre a sociedade industrial e científica que surgia. Vamos ver como elas refletem para entendermos os problemas sociais e ajudar a encontrar soluções para os mesmos.

Sistema feudal:
Sistema social que existiu durante e Idade Média. Com o desaparecimento das cidades, o comércio também desaparecia. As bases econômicas se centraram no campo, nos feudos. Os feudos eram grandes áreas de terras pertencentes a um senhor. Dentro deles havia as colônias de servos que lavravam a terra. Parte da produção era destinada ao senhor da terra, e parte era para os servos.

Burguesia:
As pessoas que moravam nos núcleos urbanos (burgos), eram identificadas como sendo os burgueses. Mas com o passar dos tempos, essa denominação ficou apenas para os que haviam enriquecido com o comércio, sobretudo os comerciantes e banqueiros.

Sistema capitalista:

A propriedade privada é sua característica mais forte. O capitalista é aquele que a possui, isto é, a empresa ou os meios de produção. Os empregados são aqueles que vendem sua força de trabalho para o capitalista. E o lucro, além da recuperação do capital investido na fabricação dos bens a serem vendidos, é a meta deste sistema. Distinção de classes: embora não a única, a propriedade ou não dos meios de produção é a primeira e mais importante condição que separa os indivíduos em diferentes classes sociais.

O surgimento da Sociologia (Parte 06/07)


Consolidação do Capitalismo e a Revolução Industrial!

Estamos mudando de assunto?
Mudando em parte, porém não estamos deixando de falar do surgimento da Sociologia. Há outros elementos que a motivaram surgir.
As transformações na sociedade européia não estavam ocorrendo somente no campo das idéias, como era o caso da consolidação da ciência como ferramenta de interpretação do mundo, que vimos até aqui.
Há também a consolidação do sistema capitalista, culminando com a Revolução Industrial, que ocorreu em meados do século XVIII, na Inglaterra, gerando grandes alterações no estilo de vida das pessoas, sobretudo nas das que viviam no campo ou do artesanato. Estes temas despertavam o interesse de críticos da época.
Dessa maneira, quando a Sociologia iniciou os seus trabalhos, ela o fez com base em pensadores que viram os problemas sociais ocasionados a partir da crise gerada pelos fatos acima mencionados.
Acompanhe:

Recorrendo à História para entendermos...

Podemos dizer que o início do sistema capitalista se deu na chamada Baixa Idade Média, entre os séculos IX e XV, na Europa Ocidental. A partir do século XI, com as “cruzadas” realizadas pela Igreja Católica, para conquistar Jerusalém que estava dominada pelos muçulmanos, um canal de circulação de riquezas na Europa foi aberto.
O contato cultural e o comércio do ocidente com o oriente europeu foram retomados via Mar Mediterrâneo. Com a movimentação de pessoas e riquezas houve, na Europa Ocidental, o surgimento de núcleos urbanos, conhecidos por burgos. Destes, ressurgiram as cidades, pois existiam poucas naquele tempo.
As chamadas corporações de ofício, que eram uma espécie de associação que organizava as atividades artesanais para ter acordo entre os preços de venda e qualidade do produto, por exemplo, começaram a aparecer a fim de regular o trabalho dos artesões que vinham para as cidades exercer sua profissão. Aqui vemos que a idéia do lucro se fortalecia.

Mais tarde, os europeus...

...começaram a explorar o comércio em termos mundiais, principalmente depois dos séculos XV e XVI e das chamadas Grandes Navegações. Por exemplo, com o descobrimento da América, muita riqueza daqui era levada à Europa para a criação de mercadorias que seriam vendidas nesse mercado mundial que estava surgindo. A idéia de uma produção em série de mercadorias começava a surgir.
As antigas corporações de ofícios foram transformadas pelos comerciantes da época em manufatura. O trabalho manufatureiro acontecia com vários artesãos, em locais separados e dirigidos por um comerciante que dava a eles a matéria-prima e as ferramentas. No final do trabalho encomendado, os artesões recebiam um pagamento acertado com o comerciante.
Mais à frente ainda, os comerciantes (futuros empresários capitalistas) pensaram que seria melhor reunir todos esses artesãos num só lugar, pois assim poderiam ver o que eles estavam produzindo. Além de cuidar da qualidade do produto, o controle sobre a matéria-prima e ritmo da produção poderia ser maior.