Se acompanharmos as
transformações sofridas pelas artes, passando da função religiosa à autonomia
da obra de arte como criação e expressão, veremos que as mudanças foram de dois
tipos.
De um lado, mudanças quanto ao fazer artístico, diferenciando-se em escolas de arte ou estilos artísticos – clássico, gótico, renascentista, barroco, rococó,
romântico, impressionista, realista, expressionista, abstrato, construtivista,
surrealista, etc. Essas mudanças concernem à concepção do objeto artístico, às
relações entre matéria e forma, às técnicas de elaboração dos materiais, à
relação com o público, ao lugar ocupado por uma arte no interior das demais e
servindo de padrão a elas, às descobertas de procedimentos e materiais novos,
etc.
De outro lado, porém, concernem
à determinação social da atividade artística, seja do ponto de vista da finalidade
social das obras - por exemplo, o culto religioso ou o mercado de arte -, do
lugar ocupado pelo artista – por exemplo, iniciado numa seita secreta,
financiado por um mecenas renascentista, profissional liberal ligado ao mercado
de arte, etc. -, das condições de recepção da obra de arte – a comunidade de
fiéis, a elite cultivada e economicamente poderosa, as classes populares, a
massa, etc.