Fontes Históricas
Considera-se fonte histórica tudo que permite reconstituir os acontecimentos e formas de vida do passado. As fontes podem ser materiais e imateriais. As primeiras são os vestígios de civilização material: monumentos, utensílios, vestígios arqueológicos etc., assim como os documentos de diversas espécies. As fontes imateriais são os vestígios que sobrevivem nas sociedades e que são detectáveis em suas tradições, costumes, lendas, ritos e folclore. Outra classificação das fontes refere-se às diretas e indiretas, sendo estas últimas os vestígios que se rastreiam em criações humanas de tipo literário, artístico etc., não especificamente ligadas ao documento histórico.
Fontes Literárias
Entre as fontes materiais, as literárias são os textos escritos com propósito histórico ou narrativo. As mais antigas são as inscrições em pedra, de caráter fúnebre ou comemorativo, referentes a façanhas de guerra ou destinadas a suportes de códigos legais. Exemplos desses últimos são o Código de Hamurabi, as pedras rúnicas dos antigos povos germânicos, as estelas maias e os marcos miliários romanos (colunas que assinalavam distâncias de mil passos). Os códigos legais estabeleciam leis e costumes; os mais antigos, além do citado, são o Decálogo hebreu e as Doze Tábuas dos romanos. A poesia épica recolhia a tradição oral de fatos ocorridos em tempos remotos, como os textos gregos da Ilíada e da Odisséia, as sagas e o Beowulf dos povos germânicos. Os anais e calendários, a princípio de caráter religioso, registravam os fatos e festividades do ano civil e outros tipos de acontecimentos, como pestes, cometas ou a morte dos reis, já na Idade Média. Destacaram-se os anais dos mosteiros de Fulda e Saint-Gall. As crônicas resultaram da ampliação dos anais e eram redigidas nas escolas monásticas; destacaram-se a de Saint-Denis e a crônica de Vicent de Beauvais na França, a de Matthew Paris na Inglaterra, a de Snorri Sturluson na Noruega e a de Fernando Núñez de Toledo y Guzmán na Espanha. Crônicas, anais e códices são importantes também para o estudo das civilizações pré-colombianas da América. A hagiografia é o relato das vidas de santos, muitas vezes repletas de lendas milagrosas. A biografia possui uma extensa tradição clássica e durante a Idade Média mesclou-se com a hagiografia para servir como "exemplo".
Fontes Públicas e Administrativas
A intenção das fontes públicas e administrativas não é, em princípio, nem histórica nem literária; sua redação corresponde a necessidades administrativas, legais ou econômicas. Os livros de contas e documentos econômicos recolhem dados relativos a tributos, distribuição do gasto público, inventários, contratos, transações comerciais etc.; destacam-se os documentos ingleses medievais, assim como os das casas reais da França e de Castela e, a partir do século XVIII, os de quase todos os países. Os documentos administrativos incluem cartas reais, regulamentos de corporações, censos populacionais, textos de processos judiciais etc. Os documentos da Igreja Católica são abundantes, devido à antiguidade dessa instituição na história ocidental: cânones de concílios, bulas, registros dos pontífices, arquivos diocesanos e registros paroquiais.
A documentação diplomática concentra-se na correspondência entre estados e nas instruções dos governos aos embaixadores. Iniciou-se no século XV com os informes enviados pelos correspondentes das cidades italianas em diversos países. Podem-se incluir aqui também os tratados internacionais.
Conhece-se em parte a evolução política de um país pelos documentos parlamentares, importantes nos casos do Reino Unido, França, Alemanha e outros estados.
Outras fontes. Além das imateriais, transmitidas por meio das tradições, lendas e ritos dos povos, outras fontes escritas completam a dimensão humana dos fatos históricos: as memórias, autobiografias, relatos de viagens, diários e correspondência privada. Junto com essas fontes de caráter privado, a história contemporânea conta com tipos muito diversos de documentos de interesse histórico: panfletos, jornais, folhetos, revistas, manifestos etc. A esses somam-se a fotografia, o cinema, o vídeo, a fita magnética etc., que proporcionam uma informação mais direta e objetiva.
Fonte: Portal Estudante de Filosofia
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