"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Perfil dos alunos - 2019


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PRAZO ENCERRADO

Branca como o leite, vermelha como o sangue - Alessandro D'Avenia



“Nasci no primeiro dia de aula, cresci e envelheci em apenas duzentos dias.”Chega ao Brasil Branca como o leite, vermelha como o sangue, de Alessandro D’Avenia, o romance sobre o ano mais intenso na vida de um jovem, em que ele aprende a lidar com os próprios sentimentos e, consequentemente, com seu amadurecimento. Leo é um garoto de dezesseis anos como tantos: adora o papo com os amigos, o futebol, as corridas de motoneta, e vive em perfeita simbiose com seu iPod. As horas passadas na escola são uma tortura, e os professores, “uma espécie protegida que você espera ver definitivamente extinta”. Apesar de toda a rebeldia, ele tem um sonho que se chama Beatriz. E, quando descobre que ela está terrivelmente doente, Leo deverá escavar profundamente dentro de si, sangrar e renascer para a vida adulta que o espera.

Um camponês na capital - Miguel Sanches Neto



Um camponês na capital é uma coletânea de histórias divertidas, saborosas e profundamente humanas. Remete às coisas simples e gostosas da vida, como comer uma fruta tirada do pé e o cheirinho do pão feito em casa. Histórias comuns, com as quais o leitor irá se identificar.

O navio negreiro - Slim Rimografia



O rapper Slim Rimografia apresenta neste livro sua versão musicada do poema que marcou a história da literatura brasileira. Ilustrado com graffiti do Gurpo Opni e acompanhado de textos informativos do prof. dr. José Luís Solazzi, especialista em abolicionismo escravista e movimentos sociais, esta obra mostra que a luta contra o preconceito e a defesa da cultura afro-brasileira é responsabilidade de todos.

Poesia completa - volume 4 - Cecília Meirelles



Da coleção Obra em Prosa de Cecília Meireles, reúne textos dedicados à educação, presentes nas crônicas publicadas pela autora na década de 1930, no jornal carioca Diário de Notícias. Ao longo dos textos, pode-se ver o espírito crítico da jornalista, escritora e professora, sempre preocupada com os problemas da educação no país, e pelos quais defende suas ideias com dignidade e reflexão crítica.

Estação dos bichos - Alice Ruiz e Camila Jabur



Do encontro entre Alice Ruiz e Camila Jabur, surgiram esses haikais sobre animais. São suas brincadeiras, seus olhares e seus sentimentos. E são brincadeiras, olhares e sentimentos. Do encontro entre as autoras e Fê, o ilustrador, a poesia cresce, tornando-se viva para os bichos e dentro das pessoas.

Cachorro velho - Teresa Cárdenas



Ao final do século XIX a escravidão ainda é uma realidade em Cuba, um dos mais importantes destinos do tráfico de escravos e de plantações de cana de açúcar. Tirado dos braços de sua mãe ao nascer, Cachorro Velho não conheceu outra vida além da servidão em uma plantação de açúcar. Seu nome foi dado pelo capataz da plantação porque, como os perdigueiros que perseguiam os escravos fugidos, Cachorro Velho está sempre buscando o cheiro de sua mãe. O romance Cachorro Velho oferece um relato realista do ponto de vista deste velho negro cubano. A história se refere constantemente às memórias de seus 70 anos como escravo. Através dessas lembranças o leitor vislumbrará o horror e desespero da vida de alguém que experimentou sucessivas perdas e a brutalidade dos senhores de escravos. Cachorro Velho permite ao leitor compreender um ser humano que reluta em se entregar ao amor e que, quando confrontado com uma possibilidade de fuga, descobre finalmente a possibilidade de amar, sentindo-se livre. Ganhador do Casa de las Américas, a mais alta honra literária de Cuba e um dos prêmios mais importantes do mundo.

Um ninho de mafagafes cheio de mafagafinhos: contados, astuciados, sucedidos... - José Cândido de Carvalho



As histórias reunidas por José Cândido de Carvalho neste volume são todas engraçadas e absurdas. No entanto, reconhece-se em cada personagem um mau-caratismo com forte sotaque brasileiro da primeira metade do século XX. Estão lá as viúvas profissionais, mulheres especializadas em "perder" maridos que lhes deixam polpudas pensões; os cidadãos comuns que se fiam em amizades e parentescos pretensamente poderosos para fazer o que bem entendem; os malandros que juram que o mundo vai acabar em poucas horas, a fim de convencer as moças a não morrer donzelas; os burocratas que fingem que trabalham; os falsos cegos e aleijados, que esmolam de muletas e óculos escuros; maridos que planejam a própria viuvez; pais-de-santo que dizem cobrar mais caro por só trabalhar com urubus baianos amamentados com leite de cabra, em vez de galinhas pretas de quintal. E quando os sabichões são pegos em flagrante e devidamente punidos – uma raridade! – eles ainda se julgam vítimas do subdesenvolvimento da nação: "É por essas e outras que este país não vai para a frente!", praguejam.

João do rio, uma antologia - Luís Martins (org.)



O Rio era a sua matéria, o seu cenário, o seu assunto permanente, o seu mundo literário. No conjunto, a obra de João do Rio constitui o mais minucioso, vivo e válido dos retratos de uma época, através dos múltiplos aspectos da vida carioca, nas duas primeiras décadas do século XX.

A madona de cedro - Antônio Callado



Segundo romance na cronologia da obra de Antonio Callado, traz, como em Assunção de Salviano, o tema religioso, contando a história de Delfino Montiel, comerciante de peças de pedra-sabão em Congonhas do Campo que vive o drama da tentação do crime de roubo, por fim cometido, e o arrependimento tardio, que o leva à purgação do pecado com a penitência dolorosa imposta pelo padre confessor.

Murugawa: mitos, contos e fábulas do povo Maraguá - Yaguaré Yamã



Yaguaré Yamã, nome indígena de Ozias Gloria de Oliveira, natural da região do rio Wrariá, no Amazonas, reúne neste livro histórias que já conhecia e outras que ouviu de membros ilustres do povo Maraguá, habitantes da floresta equatorial. O livro revela os mitos, os contos e as fábulas do povo Maraguá, com o objetivo de mostrar a cultura indígena para os não-índios moradores da cidade.

História verdadeira (A) - [2015] - 99 min.



Michael Finkel, jornalista do "New York Times", perde o emprego quando é revelado que ele não foi totalmente honesto em uma reportagem de capa. Seu mundo desmorona ainda mais quando ele descobre que foi vítima de roubo de identidade: um homem chamado Christian Longo assume o nome de Finkel e é acusado de assassinar sua própria família. Com a intenção de reconstruir sua reputação, Finkel se encontra com Longo para ouvir a sua história.

Caçada ao Outubro Vermelho - [1990] - 135 min.




Baseado no romance de Tom Clancy, este filme de suspense trilha o capitão soviético de submarino Marko Ramius enquanto abandona suas ordens e vai para a costa leste dos Estados Unidos. Equipado com tecnologia inovadora, o submarino de Ramius "Red October" é virtualmente invisível. Porém quando um submarino americano detecta a presença dos russos, o agente da CIA Jack Ryan vai em busca dos motivos de Ramius, temendo um ataque contra os Estados Unidos.

Meu nome é rádio - [2003] - 109 min.



Em uma cidade racialmente dividida, o treinador Jones encontra um estudante deficiente mental chamado Rádio e é inspirado a fazer amizade com ele. Logo, Rádio é o fiel assistente de Jones e o diretor Daniels observa que a autoconfiança de Rádio aumentou. Porém as coisas começam a piorar quando Jones começa a ter reclamações dos fãs, que sentem que a sua devoção por Rádio está atrapalhando a sua busca por uma vitória no campeonato.

Homem que não vendeu sua alma (O) - [1966] - 120 min.



O respeitado líder britânico Sir Thomas More (Paul Scofield) se recusa a pressionar o Papa para anular o casamento do Rei Henrique VIII (Robert Shaw) e sua esposa espanhola, intensificando seu conflito com a monarquia. O devotado católico acredita nos princípios de sua religião e resolve deixar a corte real. Insatisfeitos, o rei e os legalistas decidem acusar More de traição.

Hitler: uma carreira - [1977] - 190 min.



Este documentário disseca o Terceiro Reich com uma lâmina analítica aguda, traçando a popularidade improvável de Hitler, seu domínio de imagens, psicologia de multidões e sua habilidade consumada em explorar a fraqueza dos outros.

Deuses do Egito - [2016] - 128 min.



Bek (Brenton Thwaites) é um mortal pacato que se considera apenas mais um soldado, e que vive em um Egito ancestral dominado por deuses e forças ocultas. Quando o impiedoso Set (Gerard Butler), deus da escuridão, toma o trono da nação e mergulha a sociedade no caos, o jovem se unirá a outros cidadãos e com o poderoso deus Horus (Nikolaj Coster-Waldau), para formar uma expressiva resistência.

Grande Hotel - 112 min.



Luxuoso hotel em Berlim vive dias de tédio até a chegada de um grupo de hóspedes que inclui um aristocrata arruinado, um balconista doente, um cruel magnata, uma bela e intrigante taquigrafa e uma linda e melancólica bailarina.

Assalto ao Banco Central - [2011] - 104 min.



Acompanhado das pessoas certas, um homem conhecido como Barão põe em prática o plano perfeito para assaltar o Banco Central e leva toneladas de dinheiro sem disparar nenhum alarme.

Arthur e os minimoys - [2006] - 104 min.



Arthur tem dez anos e quer ajudar sua avó a não perder a casa. Ele sai em busca de um tesouro no mundo de criaturas minúsculas, os Minimoys, e conta com a ajuda de uma princesa.

Turista (O) - [2010] - 103 min.



Durante uma viagem improvisada à Europa para curar um coração partido, o professor de matemática Frank Tupelo se vê em uma situação extraordinária quando uma estranha sedutora, Elise, cruza seu caminho. A paquera aparentemente inocente se transforma em um perigoso jogo de gato e rato.

Terror na estrada - [2015] - 86 min.



Mallory, uma jovem noiva, decide dar carona a um desconhecido depois que ele a ajuda quando seu carro quebra. O que ela não esperava, todavia, era que esse desconhecido se revelasse um psicopata. Percebendo que ele não está usando cinto de segurança, Mallory tenta matá-lo acelerando em direção a um parapeito. Mas ela acaba presa no carro e, agora, para conseguir sair viva dessa perigosa situação, a jovem precisa tomar uma atitude bastante drástica.

Garota exemplar - [2014] - 149 min.



No dia de seu quinto aniversário de casamento, Amy desaparece. Quando as aparências de uma união feliz começam a desmoronar, Nick, seu marido, torna-se o principal suspeito. Com a ajuda de sua irmã gêmea, ele tenta provar sua inocência, ao mesmo tempo em que investiga o que realmente aconteceu com a mulher.

Sem escalas - [2014] - 106 min.



Durante um voo, o agente Bill recebe mensagens dizendo que um passageiro será morto a cada 20 minutos se 150 milhões de dólares não forem depositados em uma conta. Ele começa, então, uma investigação no avião.

Percy Jackson e o mar de monstros - [2013] - 107 min.



Para salvar nosso mundo, Percy e seus amigos deverão encontrar o poderoso e mágico Velocino de Ouro. Embarcando em uma perigosa odisseia nas águas nunca navegadas do Mar dos Monstros, conhecido pelos humanos como Triângulo das Bermudas.

Bússola de ouro (A) - [2007] - 114 min.



Lyra Belacqua vive em um mundo paralelo onde as almas dos humanos se transformam em animais de companhia chamados demônios. Forças das trevas estão no mundo da garota e várias crianças foram sequestradas por seres conhecidos como Gobblers. Lyra promete salvar seu melhor amigo Roger após ele desaparecer também.

A denúncia de Meleto - fragmento


''— Então, Meleto, por esses mesmos deuses de que agora se trata, fala com mais clareza ainda, a mim e a estes senhores; não consigo entender se afirmas que ensino a crer na existência de certos deuses — nesse caso admito a existência de deuses, absolutamente não sou ateu, nem é esse o meu crime, se bem que não sejam os deuses do povo, mas outros, e por serem outros é que me processas — ou se afirmas que não creio mesmo em deus nenhum e ensino isso aos outros.
— Isso é o que afirmo, que não crês mesmo em deus nenhum. (...)
— Tu não mereces fé, Meleto, nem mesmo a tua própria, ao que parece. Este homem, Atenienses, acho que é por demais temerário e estouvado e me fez esta denúncia apenas por temeridade e estouvamento de juventude; ele dá a impressão de estar propondo uma adivinha para me experimentar: "Será que o sábio Sócrates vai perceber que estou brincando e me contradizendo, ou será que o vou lograr com os demais ouvintes?" Penso que ele se contradiz na denúncia, como se dissesse: "Sócrates é réu de crer nos deuses em vez de crer nos deuses." Isso é de quem está brincando. 

Parmênides de Eleia - fragmento



Mas se os partidários do imobilismo do todo nos parecem dizer mais a verdade, havemos de procurar junto deles nosso refúgio contra os que fazem mover-se o imóvel. — Sexto Empírico, Contra os Matemáticos, X, 46: (O movimento) não existe segundo os filósofos da escola de Parmênides e de Melisso. Aristóteles, num de seus diálogos relacionados à posição de Platão, os chama de imobilistas e não-físicos; imobilistas, porque são partidários da imobilidade; e não-físicos, porque a natureza é princípio de movimento, que eles negam, afirmando que nada se move. 

[PLATÃO, Teeteto, 181 a (DK 28 A 26)]. Os pré-socráticos, Col. Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978. p. 7, 76 e 139.

Heráclito de Éfeso - fragmento



(...) Os pontos particulares de sua doutrina são os seguintes: fogo é o elemento e "todas as coisas são permutas de fogo" (fragmento 90), originadas por rarefação e condensação; mas nada explica com clareza. Tudo se origina por oposição e tudo flui como um rio (cf. fragmentos 12, 91), e limitado é o todo e um só cosmo há; nasce ele de fogo e de novo é por fogo consumido, em períodos determinados, por toda a eternidade. E isto se processa segundo o destino. Dos contrários, o que leva a gênese chama-se guerra e discórdia (cf. fragmento 80), e o que leva a conflagração, concórdia e paz, e a mudança é um caminho para cima e para baixo, e segundo ela se origina o cosmo. (9) Condensado o fogo se umidifica, e com mais consistência torna-se água, e esta, solidificando-se, passa a terra; e este é o caminho para baixo. Inversamente, a terra se derrete e se transforma em água, e desta se formam as outras coisas que ele refere quase todas à evaporação do mar, e este é o caminho para cima. (...) 

Tales de Mileto - fragmentos



Alguns dos que afirmam um só princípio de movimento — Aristóteles, propriamente, chama-os de físicos — consideram que ele é limitado; assim Tales de Mileto, filho de Examias, e Hipão, que parece ter sido ateu, afirmavam que água é o princípio, tendo sido levados a isso pelas (coisas) que lhes apareciam segundo a sensação; pois o quente vive com o úmido, as coisas mortas ressecam-se, as sementes de todas as coisas são úmidas e todo alimento é suculento. Donde é cada coisa, disso se alimenta naturalmente: água é o princípio da natureza úmida e é continente de todas as coisas; por isso supuseram que a água é princípio de tudo e afirmaram que a terra está deitada sobre ela. Os que supõem um só elemento afirmam-no ilimitado em extensão, como Tales diz da água. 

[SIMPLÍCIO, Física, 23, 21 (DK 11 A 13)]

O método socrático



O método socrático envolve duas fases. A primeira, chamada ironia, consiste em fazer perguntas ao interlocutor que o obriguem a justificar, sempre com maior profundidade, seu ponto de vista, até que ele perceba que seus argumentos não se sustentam. Esta é a fase destrutiva, pois leva as pessoas a admitir a própria ignorância a respeito do assunto. São destruídas as opiniões do senso comum e o conhecimento espontâneo, muitas vezes baseados em estereótipos e preconceitos. A segunda parte, chamada maiêutica (parto), é a construção de novos conceitos baseados em argumentação racional. Assim, Sócrates, com suas perguntas, demole o saber constituído para, depois, ainda através de perguntas e da contraposição de ideias, reconstruí-lo a partir de uma base mais sólida e de um raciocínio coerente e rigoroso. 

O nascimento da filosofia



A reflexão filosófica, com as características descritas, nasceu na Grécia no século VI a.C, com os filósofos que antecederam a Sócrates.
A passagem da consciência mítica e religiosa para a consciência racional e filosófica não foi feita de um salto. Esses dois tipos de consciência coexistiram na sociedade grega, assim como, dentro de certos limites, coexistem na nossa. O processo de urbanização e a organização política da Grécia ao redor das cidades exigiram a regulamentação das atividades dos indivíduos, levando os homens à procura de uma maior racionalidade da ação e do pensamento. A teogonia opôs-se a cosmologia, isto é, a crença na origem divina e mítica do mundo foi substituída pela busca da arché, do princípio não só material, mas também regulador da ordem do mundo. Esta busca da arché, do princípio ou fundamento das coisas, transformou-se na questão central para os pré-socráticos. As respostas foram múltiplas e divergentes: para alguns era a água, para outros, o ar, para outros, ainda, o fogo ou os quatro elementos. E, com esta diversidade de respostas, rompe-se a atitude mítica, monolítica e dogmática, embora o conteúdo da reflexão filosófica permaneça muito semelhante ao do mito, pois a estrutura de entendimento do mundo é semelhante. 

[Os filósofos e a filosofia] - Texto Complementar



Filósofos diferentes têm posturas diversas com relação a esta imagem institucional de sabedoria e compreensão. O filósofo que descrevi até agora leva muito a sério o seu papel de guardião da tradição: para ele a possibilidade e a alternativa são um risco perigoso, do qual deve se proteger, e suas "demonstrações" têm exatamente o objetivo de afastar do público ignorante o espectro da catástrofe. Mas há, ainda, o filósofo que tem simpatia pelas alternativas, que, na verdade, está convencido de que uma certa alternativa (um tipo de sociedade, ou organização econômica, ou legal, ou uma determinada prática científica) seja muito melhor que a realidade atual: este se dedicará com fervor missionário a fazer propaganda da sua alternativa preferida e a convencer o mundo de seu trágico erro. E, por fim, há o filósofo mais desencantado (ou mais cínico) que se rebela contra a imagem institucional, pelo menos no nível do discurso, e que, portanto, mais naturalmente se escuda atrás de outros tipos sociais: o escritor, o esteta, o provocador. Este não crê saber como estão as coisas ou como deveriam estar, não tem sabedoria à venda mas, no entanto, continua a criticar toda a (presumível) sabedoria existente, a revelar-lhe a ausência de fundamentos, não porque tenha algo melhor fundamentado a oferecer, mas porque a sua tarefa, ou paixão ou destino, é o de revelar a falta de fundamento de cada crença, de cada prática, obrigar as pessoas a defrontar-se com os vários modos de ser do mundo. Aristóteles e Kant eram filósofos do primeiro tipo; Platão e Marx, do segundo; Sócrates e Nietzsche, do terceiro. E todos, embora com motivações diferentes, deram a sua importante contribuição para o alargamento das fronteiras do possível que constituía o seu verdadeiro objetivo.

BEMCIVENGA, Ermano. Giochiamo com la filosofia. Milão, Amoldo Mondadori, 1990.

[O que é filosofia] - Texto Complementar



{...) O problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. A filosofia é, portanto, perturbadora da paz.
E a verdade o que será? A filosofia busca a verdade nas múltiplas significações do ser-verdadeiro segundo os modos do abrangente. Busca, mas não possui o significado e substância da verdade única. Para nós. a verdade não é estática e definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito.
No mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia leva esse conflito ao extremo, porém o despe de violência. Em suas relações com tudo quanto existe, o filósofo vê a verdade revelar-se a seus olhos, graças ao intercâmbio com outros pensadores e ao processo que o torna transparente a si mesmo. 

Ceticismo e dogmatismo em filosofia



A partir do que foi colocado, percebemos que para filosofar não podemos manter nem uma atitude cética nem sua contrapartida, uma atitude dogmática perante o mundo e o conhecimento humano. Se, de um lado, necessitamos de certezas, de conhecimento válido para orientar nossas ações, de outro, sabemos que essas certezas fazem parte de momentos históricos, de pontos de vista a partir dos quais analisamos o nosso estar no mundo.

O ceticismo

O cético, no sentido comum, é aquele que desconfia de tudo, que não acredita nas possibilidades que estão a sua frente. Por exemplo, alguns alunos, no início do segundo semestre letivo, diante do seu mau desempenho escolar, tornam-se céticos com relação à possibilidade de aprovação e não se esforçam mais.
Do ponto de vista filosófico, porém, dá-se o nome de ceticismo à corrente de pensamento que duvida de toda e qualquer possibilidade de se chegar ao conhecimento verdadeiro.
Por exemplo, Montaigne, filósofo francês do século XVI, partindo da ideia de que toda verdade é relativa à época, ao contexto histórico e à situação pessoal de cada um, afirma que o homem deve renunciar à pretensão de chegar a qualquer certeza. Não há possibilidade sequer de saber se as sensações são reais ou imaginadas. Assim sendo, os homens devem abster-se de emitir qualquer juízo, uma vez que toda afirmação é passível de dúvida. 

Características do pensamento filosófico



O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descobrindo seus significados mais profundos.
Como isso é feito?
Em primeiro lugar, vamos estabelecer o que é a reflexão. Refletir é pensar, considerar cuidadosamente o que já foi pensado. Como um espelho que reflete a nossa imagem, a reflexão do filósofo deixa ver, revela, mostra, traduz os valores envolvidos nos acontecimentos e nas ações humanas.
Para chegar a essa revelação, a reflexão filosófica, segundo Demerval Saviani, deve ser:

O pensamento filosófico



Quando a filosofia surge, entre os gregos, no século VI a.C, ela engloba tanto a indagação filosófica propriamente dita quanto o que hoje chamamos de conhecimento científico. O filósofo teorizava sobre todos os assuntos, procurando responder não só ao porquê das coisas, mas, também, ao como, ou seja, ao funcionamento. É por isso que Euclides, Tales e Pitágoras são filósofos e dedicam-se também ao estudo da geometria. Aristóteles, por sua vez, debruça-se sobre problemas físicos e astronômicos, na medida em que esses problemas interessam à cultura e à sociedade de sua época.
É só a partir do século XVII, com Galileu e o aperfeiçoamento do método científico, fundado na observação, experimentação e matematização dos resultados, que a ciência começa a se constituir como forma específica de abordagem do real e a se destacar da filosofia. Aparecem, pouco a pouco, as ciências particulares, que investigam a realidade sob pontos de vista específicos: à física interessam os movimentos dos corpos; à biologia, a natureza dos seres vivos; à química, as transformações das substâncias; à astronomia, os corpos celestes; à psicologia, os mecanismos do funcionamento da mente humana; à sociologia, a organização social etc. 

A tarefa da filosofia


A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de mais nada, uma prática de vida que procura pensar os acontecimentos além da sua pura aparência. Assim, ela pode se voltar para qualquer objeto. Pode pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode pensar a arte; pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana. Uma história em quadrinhos ou uma canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica.
A filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz-nos entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida. 

O conhecimento filosófico



Conta a tradição que Diógenes, filósofo grego da escola cínica, século IV a.C., discípulo de Antístenes, aceitando o princípio de que para atingir a verdadeira felicidade é necessário "viver como um cachorro", abandona sua casa e passa a viver em um barril.
Já Euclides, da escola pitagórica, também do século IV a.C, ouviu esta pergunta de um discípulo:
— Mestre, o que ganharei aprendendo geometria?
Como resposta, o famoso geômetra e filósofo ordenou a um escravo:
—Dê-lhe uma moeda, uma vez que precisa ganhar algo, além do que aprende.