"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Cabeza de Vaca – Paulo Markun


Em "Cabeza de Vaca", Paulo Markun matiza um personagem que, embora secundário na história do Brasil, era pintado como herói utópico e humanista. O espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca nasceu por volta de 1487 e teria vivido 70 anos. Sua vida foi marcada por duas grandes aventuras. Entre 1528 e 1536, participou da primeira expedição pelo interior do sul dos Estados Unidos, sendo um dos quatro sobreviventes do grupo de centenas de europeus. Cabeza de Vaca vagou mais de 4.000 quilômetros, cruzou com tribos indígenas, foi escravizado por algumas delas e adorado por outras. As peripécias estão registradas no clássico "Naufrágios". A segunda aventura é a que o liga ao Brasil. Preterido como governador da região que explorara, decidiu partir para o rio da Prata, em busca de supostas riquezas. Em 1541, Cabeza de Vaca chegou à ilha de Santa Catarina, onde mais de um século depois seria fundada Florianópolis. Ficou quase sete meses lá, antes de se embrenhar pelo continente por rio, o que descreveu em seu segundo livro, "Comentários". Na condição de governador da região, Cabeza de Vaca liderou arriscada expedição em busca de prata. Na volta, tendo fracassado, foi deposto, preso e, em 1545, repatriado por opositores. Condenado, teve a pena de exílio na África anulada e pôde publicar os dois relatos em que defendeu sua vida pública. 

São Paulo: Companhia das Letras, 2009. 283p.

0 Response to "Cabeza de Vaca – Paulo Markun"