"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Aya de Yopougon: uma outra visão da África - Marguerite Abouet



Nada de guerra civil, fome ou aids. Na Costa do Marfim da década de 70 – era de ouro do país, em que havia trabalho, assistência médica e facilidade de entrada na França – jovens como Aya estão interessados em se divertir. Livremente inspirado na infância da própria autora e daqueles que por lá ficaram, Aya de Yopougon, de Marguerite Abouet e com desenhos de Clément Oubrerie, retrata as aventuras e as confusões de Aya e de suas amigas, Bintou e Adjoua. Em Yopougon – chamada de Yop City pelos seus habitantes –, as jovens se comportam como qualquer adolescente: preocupam-se com os garotos, com a proteção excessiva dos pais, com as festas e com o próprio futuro. E é através do bom humor de Marguerite e das cores fortes de Clément que o leitor tem acesso a uma África diferente, uma sociedade ainda tradicional, mas completamente transformada pela urbanização, pelo capitalismo e pela liberação dos costumes. 

Marguerite, que deixou a Costa do Marfim quando tinha doze anos, em 1983, e que foi sucessivamente babá, servente, operadora de dados e assistente jurídica na França, começou a escrever suas lembranças quando morava sozinha em um quartinho. Diferentemente de suas amigas e primas, e tal como a jovem Aya, que com dezenove anos sonha em ser médica, a autora desejava ultrapassar os estudos do que as próprias personagens da história chamam de “série C”: cabelo, costura e caça ao marido. Da pequena sinopse de Aya para o sucesso junto ao público foi um pulo: já em 2006, ano seguinte a sua publicação, Aya  receberia o prêmio de Melhor álbum de estreia no mais importante evento sobre quadrinhos do mundo, o Festival Internacional de HQ de Angoulême.
Ao final da história, os leitores podem conferir o “bônus marfinense”, anexo que dá conta das dúvidas lexicais, ensina a amarrar o tradicional pano das mulheres africanas e até mesmo a fazer a famosa sopa de amendoim.

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