«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR» - Filho único de Deus
III. Filho único de Deus
441. Filho de
Deus, no Antigo Testamento, é um título dado aos anjos (44), ao povo
eleito (45) aos filhos de Israel (46) e aos seus reis (47). Nestes
casos, significa uma filiação adotiva, que estabelece entre Deus e a sua
criatura relações de particular intimidade. Quando o Rei-Messias prometido é
chamado «filho de Deus» (48), isso não implica necessariamente, segundo o
sentido literal de tais textos, que Ele seja mais que um simples ser humano. Os
que assim designaram Jesus, enquanto Messias de Israel (49), talvez não tenham
querido dizer mais (50).
442. Mas não é este o
caso de Pedro, quando confessa Jesus como «Cristo, o Filho de Deus vivo» (51),
porque Jesus responde-lhe solenemente: «não foram a carne nem o sangue que te revelaram, mas
sim o meu Pai que está nos céus» (Mt 16, 17). De igual modo,
Paulo dirá, a propósito da sua conversão no caminho de Damasco: «Quando aprouve
a Deus – que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua
graça – revelar o seu Filho em mim, para que O anuncie como Evangelho aos
gentios...» (Gl 1, 15-16). «E logo começou a proclamar nas sinagogas
que Jesus era o Filho de Deus» (At 9, 20). Será este, desde o
princípio (52), o núcleo da fé apostólica (53), primeiramente professada por
Pedro como fundamento da Igreja (54).
443. Se Pedro pôde reconhecer o caráter transcendente da filiação divina de Jesus-Messias, foi porque Este lha deixou perceber nitidamente. Diante do Sinédrio, à pergunta dos seus acusadores: «Então, tu és o Filho de Deus?» Jesus respondeu: «É como dizeis, sou» (Lc 22, 70) (55). Já muito antes, Ele Se designara como «o Filho» que conhece o Pai (56), diferente dos «servos» que Deus anteriormente enviara ao seu povo (57), superior aos próprios anjos (58). Ele distinguiu a sua filiação da dos Seus discípulos, nunca dizendo «Pai nosso» (59), a não ser para lhes ordenar: «vós, quando rezardes, dizei assim: Pai nosso» (Mt 6,9); e sublinhou esta distinção: «o meu Pai e vosso Pai» (Jo 20, 17).
444. Os evangelhos
referem, em dois momentos solenes, no Batismo e na transfiguração de Cristo, a
voz do Pai, que O designa como seu «filho muito-amado» (60). Jesus designa-Se a
Si próprio como «o Filho único de Deus» (Jo 3, 16), afirmando por este
título a sua preexistência eterna (61). E exige a fé «no nome do Filho único de
Deus» (Jo 3, 18). Esta profissão de fé cristã aparece já na exclamação do
centurião diante de Jesus crucificado: «Verdadeiramente, este homem era o Filho
de Deus!» (Mc 15, 39); porque somente no Mistério Pascal o crente
pode dar pleno significado ao título de «Filho de Deus».
445. É depois da
ressurreição que a filiação divina de Jesus aparece no poder da sua humanidade
glorificada: «Segundo o Espírito santificante, pela sua ressurreição de entre
os mortos, Ele foi estabelecido como Filho de Deus em poder» (Rm 1,
4) (62). E os Apóstolos poderão confessar: «Nós vimos a sua glória, glória que
Lhe vem do Pai como a Filho único, cheio de graça e de verdade» (Jo 1,
14).
Notas:
44. Cf. Dt (LXX) 32,
8; Jó 1. 6.
45. Cf. Ex 4,
22; Os 11, 1; Jer 3,
19: Sir 36,14; Sb 18, 13.
46. Cf. Dt 14,
1; Os 2, 1.
47. Cf. 2 Sm 7,
14; Sl 82, 6.
48. Cf. 1 Cr 17, 13; Sl 2. 7.
49. Cf. Mt 27, 54.
50. Cf. Lc 23, 47.
51. Cf. Mt 16, 16.
52. Cf. 1 Ts 1, 10.
53. Cf. Jo 20, 31.
54. Cf. Mt 16, 18.
55. Cf. Mt 26, 64; Mc 14,
62.
56. Cf. Mt 11, 27; 21, 37-38.
57. Cf. Mt 21, 34-36.
58. Cf. Mt 24, 36.
59. Cf. Mt 5, 48; 6, 8; 7. 21; Lc 11,
13.
60. Cf. Mt 3, 17; 17, 5.
61. Cf. Jo 10, 36.
62. Cf. At 13, 33.
Fonte: Catecismo da Igreja
Católica (versão digital). Disponível: www.catolicoorante.com.br.
Acesso: 25/dez/2020
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