"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Quando Nietzche chorou - Irvin D. Yalom


Sinopse:
Uma história maravilhosa acerca do amor, da redenção e do poder da amizade. Friederich Nietzsche, o maior filósofo da Europa, está no limite de um desespero suicida, incapaz de encontrar cura para as insuportáveis enxaquecas que o afligem. Josef Breuer, médico distinto e um dos pais da Psicanálise, aceita tratar o filósofo com uma terapia nova e revolucionária: conversar com Nietzsche e, assim, tornar-se um detective na sua cabeça. Pelas ruas, cemitérios e casas de chá da Viena do sec. XIX, estes dois gigantes do seu tempo vão conhecer-se um ao outro e, fundamentalmente, conhecer-se a si próprios.E no final não é apenas Nietzsche que exorciza os seus fantasmas. Também Breuer encontra conforto naquelas sessões e descobre a razão dos seus próprios pesadelos, insónias e obsessões sexuais. Quando Nietzsche Chorou funde realidade e ficção, ambiente e suspense, para desvendar uma história superior sobre amor, redenção e o poder da amizade.

Resenha:
O autor Irvin D. Yalom é psicoterapeuta e professor de Psiquiatria com vários títulos na vida acadêmica. Quando Nietzsche Chorou foi seu primeiro romance. Curiosamente quem deu o título a seu livro foi sua esposa Marilyn.
O livro traz um paralelo entre ficção e realidade, mostrando o nascimento da psicanálise de forma espetacular, com personagens reais mas seus dois personagens principais, Breuer e Nietzsche, nunca se encontraram realmente.
O texto é narrado em 3ª pessoa, porém o narrador é onisciente e nada foge à sua observação, nem mesmo os pensamentos e sonhos dos personagens.
São cinco os personagens principais do livro. Primeiro o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que no livro está a beira do desespero por sua enxaqueca intermitente, que o aflige ao ponto de incapacitá-lo, e a dor de um amor não correspondido.
Depois o médico, e um dos pais da psicanálise, Josef Breuer, que foi encarregado, pela bela Lou Salomé, de curar o desespero do amigo Nietzsche. Breuer também está às voltas com seus problemas interiores, como o desejo que sente por uma de suas pacientes, Anna O.
Continuando encontramos o jovem pupilo de Breuer, Sigmund Freud, na época um médico residente, futuramente também conhecido como um dos pais da psicanálise, tal qual seu tutor. Trabalhou com Breuer até que se desentenderam, futuramente reconheceu que estava errado.
O quarto personagem é Bertha Pappenheim, ou mais conhecida como Anna O., o caso mais famoso de Breuer. Com ela o médico deu início a um novo método de tratamento, a terapia da conversa. Bertha sofria de depressão e histeria, e seu tratamento desencadeou a revolução psicanalítica, por Breuer e Freud. Futuramente, após anos de tratamento, virou uma exemplar assistente social, recebendo inclusive homenagem póstuma.
Enfim chegamos a razão de um dos desesperos, e razão da amizade narrada no livro, de Nietzsche: Lou Salomé, sua discípula. O motivo para tanto desespero foi se apaixonar pela encantadora discipula, pedindo-a em casamento, e ela negando. Ainda corroborando para a trágica relação de amor e ódio, as interferências de Elizabeth, irmã de Nietzsche, geraram grandes dificuldades para o filósofo. Lou Salomé seguiu uma carreira brilhante como literata e psicanalista. Nietzsche por anos nutriu mágoa por esse amor perdido e pelo sentimento de traição.
No livro, após muita insistência e perspicácia, Nietzsche aceita ser tratado de sua enxaqueca pelo médico Josef Breuer, que por trás tem um plano para tentar livrá-lo da dor da rejeição e sentimento iminente de suicídio. Para isso, torna-se também paciente do filósofo, tendo sessões de filosofia com ele, para tentar resolver seus pensamentos com Anna O. O livro então nos apresenta cada sessão, as impressões que cada um deles teve do outro, vemos a amizade brotar em cada um e uma entrega emocionada no final.
O livro destaca o sofrimento existencial que existe em todos nós, nos brinda com excertos de cartas verdadeiras como a que o compositor Wagner escreveu para Nietzsche. O conteúdo, a estrutura, os sentimentos que desperta no leitor é maestral. É mágico poder se envolver nos primórdios da psicanálise com personagens tão carismáticos e envolventes. Quando o livro termina nos deixa uma sensação de vazio, saudades eu diria.
Leitura e tema envolventes. Magnífico.
Fonte: resenhaemfoco.blogspot.com

1 Response to "Quando Nietzche chorou - Irvin D. Yalom"

  1. Rita Chahine Says:
    9 de novembro de 2009 às 11:32

    Realmente esse livro é muito interessante.
    Li no final de 2007, e recomendo.