"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

O deserto do real (Parte 05/09)


Do Senso Comum ao Senso Crítico ou Filosófico

Vejamos como a alegoria da caverna é interpretada na sociologia:

Aqueles homens da caverna, acorrentados, cujas faces estão voltadas para uma parede de pedra à sua frente. Atrás deles está uma fonte de luz que não podem ver. Ocupam-se apenas das imagens em sombras que essa luz lança sobre a parede e buscam estabelecer-lhes inter-relações. Finalmente, um deles consegue libertar-se dos grilhões, volta-se, vê o sol. Cego, tateia e gagueja uma descrição do que viu. Os outros dizem que ele delira. Gradualmente, porém, ele aprende a ver a luz, e então sua tarefa é descer até os homens da caverna e levá-los para a luz. Ele é o filósofo; o sol, porém, é a verdade da ciência, a única que reflete não ilusões e sombras, mas o verdadeiro ser. (WEBER, 1946, p. 167)

Observe que para o ex-prisioneiro, não é suficiente a sua libertação, pois ele volta, desce “até os homens da caverna e quer levá-los para a luz”. Com esta atitude, fica evidente a preocupação do homem com seus pares, pois ao tomar consciência da verdade sente necessidade de socializar o conhecimento no intuito de libertá-los das sombras da ignorância. Ou seja, há, além da dimensão do conhecimento, mitológico, uma dimensão política e sociológica na atitude do homem que retorna à caverna, pois é um sujeito que está preocupado com a liberdade dos outros. A volta do filósofo à caverna para sociabilizar o saber torna-se um ato político, já que o interesse é o bem comum.

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