OS SÍMBOLOS DA FÉ (continuação)
190. O Símbolo divide-se,
portanto, em três partes: «na primeira, trata da Primeira Pessoa divina e da
obra admirável da criação: na segunda, da Segunda Pessoa divina e do mistério
da Redenção dos homens; na terceira, da Terceira Pessoa divina, fonte e
princípio da nossa santificação» (3). São estes «os três capítulos do nosso
selo [batismal]» (4).
191. O Símbolo «está
estruturado em três partes [...] subdivididas em fórmulas variadas e muito
adequadas. Segundo uma comparação frequentemente empregada pelos Padres,
chamamos-lhes artigos. De fato, assim como nos nossos membros
há certas articulações que os distinguem e separam, do mesmo modo, nesta
profissão de fé, foi com razão e propriedade que se deu o nome de artigos às
verdades que devemos crer em particular e de modo distinto» (5). Segundo uma
antiga tradição, já atestada por Santo Ambrósio, é costume enumerar doze artigos
do Credo, simbolizando, com o número dos doze Apóstolos, o conjunto da fé
apostólica (6).
192. Foram numerosas, ao longo dos
séculos, e correspondendo sempre às necessidades das diferentes épocas, as profissões
ou símbolos da fé: os símbolos das diferentes Igrejas apostólicas e antigas
(7), o símbolo «Quicumque», chamado de Santo Atanásio (8), as profissões de fé
de certos concílios (Toledo (9); Latrão (10): Lião (11) Trento (12)) ou de
certos papas, como a «Fides Damasi» (13) ou o «Credo do Povo de Deus», de Paulo
VI (1968) (14).
193. Nenhum dos símbolos dos
diferentes períodos da vida da Igreja pode ser considerado ultrapassado ou
inútil. Todos nos ajudam a abraçar e a aprofundar hoje a fé de sempre, através
dos diversos resumos que dela se fizeram.
Entre todos os símbolos da fé, há dois
que têm um lugar muito especial na vida da Igreja:
194. O Símbolo dos
Apóstolos, assim chamado porque se considera, com justa razão, o resumo fiel da fé
dos Apóstolos. É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma. A sua grande
autoridade vem-lhe deste fato: «É o símbolo adotado pela Igreja romana, aquela
em que Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua cátedra, e para a qual ele
trouxe a expressão da fé comum» (15).
195. O Símbolo dito de
Niceia-Constantinopla deve a sua grande autoridade ao fato de ser
proveniente desses dois primeiros concílios ecumênicos (dos anos de 325 e 381).
Ainda hoje continua a ser comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do
Ocidente.
196. A exposição da fé,
que vamos fazer, seguirá o Símbolo dos Apóstolos, que constitui, por assim
dizer, «o mais antigo catecismo romano». Entretanto, a nossa exposição será
completada por constantes referências ao Símbolo Niceno-Constantinopolitano,
muitas vezes mais explícito e pormenorizado.
197. Como no dia do nosso Batismo,
quando toda a nossa vida foi confiada «a esta regra de doutrina» (Rm
6, 17), acolhemos o Símbolo da nossa fé que dá a vida. Recitar com fé
o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. E é também
entrar em comunhão com toda a Igreja, que nos transmite a fé e em cujo seio nós
acreditamos:
«Este Símbolo é o selo espiritual
[...], é a meditação do nosso coração e a sentinela sempre presente; é, sem
dúvida, o tesouro da nossa alma» (16).
Notas:
3. Cat Rom I, I, 4. p. 20.
4. Santo Ireneo, Demonstratio
apostolicae praedicationis, 100: SC 62. 170.
5. Cat Rom I. 1, 4. p. 20.
6. Cf. Santo Ambrósio10, Explanatio
Symboli, 8: CSEL 73, 10-11 (PL 17. 1196).
7. Cf. Symbola fidei ab
Ecclesia antiqua recepta: DS 1-64.
8. Cf. DS 75-76.
9. XI Concílio de Toledo: DS
525-541.
10. IV Concílio de Latrão: DS 800-802.
11. II Concílio de Lião: DS 851-861.
12. Professio ftdei
Tridentina: DS 1862-1870.
13. Cf. DS 71-72.
14. Sollemnis Professio
fidei: AAS 60 (1968) 433-445.
15. Santo Ambrósio, Explanatio
Symboli, 7: CSEL 73. 10 (PL 17, 1196).
16. Santo Ambrósio, Explanatio
Symboli, 7: CSEL 73. 3 (PL 17, 1193).
Fonte: Catecismo da Igreja
Católica (versão digital). Disponível: www.catolicoorante.com.br.
Acesso: 24/mar/2019
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