Liberdade (Parte 02/15)
Liberdade
A discussão em torno da liberdade tem se apresentado, historicamente, como um problema para a humanidade. Recorremos aqui a dois filósofos, distantes de nós em termos de tempo, mas não em relação à discussão e preocupação que demonstraram em relação à liberdade. O primeiro, Guilherme de Ockham, nascido na vila de Ockham, condado de Surrey, próximo de Londres, entre 1280 e 1290. O segundo, Etienne de La Boétie, nascido em Serlat, na França, em 1530. São dois autores de épocas e lugares diferentes que discutem o mesmo problema – a liberdade.
Vamos buscar o que acontecia no mundo Ocidental cristão naquele momento que fez com que, Guilherme de Ockham, escrevesse a obra Brevilóquio sobre o principado tirânico, com uma nítida preocupação com a liberdade dos homens e mulheres que viviam naquele momento histórico.
Com 30 anos de idade estava em Oxford estudando para obter o título de Mestre em Teologia. Na época empenhou-se em comentar os quatro livros das Sentenças, de Pedro Lombardo. Mas como afirma De Boni nas notas introdutórias a tradução do Brevilóquio sobre o principado tirânico: “(...) desde logo percebeu-se que o jovem bacharel setenciário não era um simples comentador ou repetidor, mas um inovador disposto a rever até mesmo posições de seu ilustre confrade Duns Scotus, cuja doutrina campeava soberana em Oxford e Cambridge”. (OCKHAM, 1988, p. 11) A partir de sua atitude questionadora e independente, Guilherme de Ockham enfrentou problemas na sua formação e na divulgação de seus trabalhos, que sofreram a censura da Igreja. Guilherme de Ockham, pela sua proximidade com os franciscanos, acabou por tomar partido nas disputas desses frades e a cúria pontifícia acerca da pobreza.
Como destaca De Boni, neste debate, “(...) atingia-se diretamente a própria Igreja, cuja riqueza estava sendo questionada: uma Igreja rica estava longe da perfeição evangélica, e nem mesmo era a Igreja de Cristo”. (OCKHAM, 1988, p. 12) A participação de Ockham nessa polêmica gerou a necessidade de asilar-se, com outros frades franciscanos, junto a Luís da Baviera, que se encontrava em Pisa. A partir desse momento, Guilherme de Ockham passou a se ocupar mais de temas religiosos-políticos, referentes à pobreza e ao poder papal e poder imperial, deixando de lado os estudos de Teologia e de Metafísica.
Guilherme de Ockham faleceu em abril de 1349 ou de 1350, não se sabe se reconciliado oficialmente com a Igreja, pois havia recebido a excomunhão papal em 1328. Sua morte é bem provável que tenha sido devido a Peste Negra.
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