A Revolta da Armada
A Revolta da Armada foi uma revolução liderada pelo audacioso baiano Custódio José de Mello, contra a permanência no poder, do governo do vice-presidente Floriano Peixoto, que os revoltosos declarando ilegítimo, exigiam uma presidência interina até a convocação de novas eleições. Contudo, interpretando as disposições transitórias da Constituição de 1891, o autoritário e imprevisível Floriano Peixoto dispunha-se a completar o mandato de seu antecessor, como de fato o fez. Em verdade, o governo de Floriano era inconstitucional: o artigo 42 dizia que, se o presidente não completasse a metade do mandato, novas eleições deviam ser convocadas.
Mas com o apoio do Partido Republicano Paulista e da classe média urbana, Floriano sentiu-se à vontade no papel de “consolidador da República” e lançou as bases de uma ditadura de “salvação nacional”. Em outras palavras, sendo vice-presidente de Deodoro da Fonseca (que havia renunciado após nove meses de governo) Floriano deveria assumir interinamente a presidência porque, conforme previa a Constituição, seriam convocadas novas eleições e no máximo, em dois anos. Porém ao fim do prazo estipulado, Floriano passou a ser acusado pela oposição de tentar se manter ilegalmente no poder e assim começou os movimentos oposicionistas para depô-lo, que culminou com a célebre revolta, que apesar do nome com que ficou na História, não envolveu totalmente a Armada, sendo relativamente pequeno o número de oficiais que a ela aderiram. A maioria da oficialidade ou se decidiu por Floriano, guarnecendo os navios adquiridos por ele, ou manteve-se em posição discordante em relação à revolta, mas sem demonstrar cabalmente desejo de combatê-la.
A Revolta da Armada aliou-se à Revolução Federalista, generalizando o conflito e conflagrando, além do Rio de Janeiro, os três estados do Sul. A adesão, após alguns meses, do almirante monarquista Luís Felipe de Saldanha da Gama, comandante da Escola Naval, acentuou cores ideológicas a esse triste acontecimento que seria desastroso para a Marinha e para o Brasil. O país encontrava-se, portanto, numa guerra civil que durou meses, com grandes perdas humanas e materiais. E o ponto alto da revolução ocorreu em fins de 1893, quando colunas de maragatos – apelido dados aos federalistas - avançaram sobre Santa Catarina, juntando-se aí aos integrantes da Revolta da Armada. Essa se iniciara nos navios militares estacionados no Rio de Janeiro, onde também fora incorporado um grupo de barcos mercantes, uns armados como cruzadores-auxiliares e outros mantidos como transportes. Em fins de setembro de 1893, uma força naval dos revolucionários deslocou-se para o Sul e ocupou Desterro (atual Florianópolis). E ali, precisamente no dia 16 de abril de 1894 se daria um combate, onde o caça-torpedeiro Gustavo Sampaio com seus torpedos viria desbaratar o poderoso encouraçado Aquidabã, dando fim a Revolta da Armada. Na história mundial dos combates navais, esse seria o terceiro lançamento eficaz de torpedos. O primeiro torpedeamento com êxito ocorreu na guerra russo-turca em 1898 e no segundo, o encouraçado Blanco Encalada, foi atingido pelo caça-torpedeiro Almirante Lynch, na revolta chilena em 1891.
No Sul do Brasil, os combates em terra prosseguiram até a deposição das armas pelos revolucionários, em agosto de 1895. A rendição resultou de um acordo que teve a mediação do então presidente Prudente de Morais, sucessor de Peixoto. Dessa guerra civil de grandes proporções, resultou milhares de mortos. Muitos deles não morreram em combate, mas foram degolados após terem caído prisioneiros. Nas chacinas, a degola era regra geral.
Das companhias Lloyd brasileiro, Laje e Frigorífica, foram incorporados navios às forças navais rebeldes na Revolta da Armada (alguns dos navios foram armados com canhões antigos encontrados na Ponta da Armação). Entre os navios mais importantes se encontravam: Júpiter, Mercúrio, Marte, Paraíba, Vênus, Uranus, Palas, Meteoro, Esperança, Íris, Laguna, Adolfo de Barros, Gil Blas, Luci, Guanabara, Standard, Vulcano, Glória e Bitencourt.
Passaria 16 anos, para a Marinha ser sacudida novamente por outra revolta. Trata-se da rebelião de simples, mas indignados marinheiros, contra o uso corrente de castigos corporais através da chibata, com todo o humilhante cerimonial que os rodeava. Em outras palavras, em 22 de novembro de 1910, por causa do rígido, imoral e anacrônico regime disciplinar baseado nos castigos corporais, a preconceituosa elite branca da Marinha seria atingida em suas bases, dura e profundamente por outra revolução, que teve como líder principal, o marinheiro semi-analfabeto João Cândido Felisberto.
Mas com o apoio do Partido Republicano Paulista e da classe média urbana, Floriano sentiu-se à vontade no papel de “consolidador da República” e lançou as bases de uma ditadura de “salvação nacional”. Em outras palavras, sendo vice-presidente de Deodoro da Fonseca (que havia renunciado após nove meses de governo) Floriano deveria assumir interinamente a presidência porque, conforme previa a Constituição, seriam convocadas novas eleições e no máximo, em dois anos. Porém ao fim do prazo estipulado, Floriano passou a ser acusado pela oposição de tentar se manter ilegalmente no poder e assim começou os movimentos oposicionistas para depô-lo, que culminou com a célebre revolta, que apesar do nome com que ficou na História, não envolveu totalmente a Armada, sendo relativamente pequeno o número de oficiais que a ela aderiram. A maioria da oficialidade ou se decidiu por Floriano, guarnecendo os navios adquiridos por ele, ou manteve-se em posição discordante em relação à revolta, mas sem demonstrar cabalmente desejo de combatê-la.
A Revolta da Armada aliou-se à Revolução Federalista, generalizando o conflito e conflagrando, além do Rio de Janeiro, os três estados do Sul. A adesão, após alguns meses, do almirante monarquista Luís Felipe de Saldanha da Gama, comandante da Escola Naval, acentuou cores ideológicas a esse triste acontecimento que seria desastroso para a Marinha e para o Brasil. O país encontrava-se, portanto, numa guerra civil que durou meses, com grandes perdas humanas e materiais. E o ponto alto da revolução ocorreu em fins de 1893, quando colunas de maragatos – apelido dados aos federalistas - avançaram sobre Santa Catarina, juntando-se aí aos integrantes da Revolta da Armada. Essa se iniciara nos navios militares estacionados no Rio de Janeiro, onde também fora incorporado um grupo de barcos mercantes, uns armados como cruzadores-auxiliares e outros mantidos como transportes. Em fins de setembro de 1893, uma força naval dos revolucionários deslocou-se para o Sul e ocupou Desterro (atual Florianópolis). E ali, precisamente no dia 16 de abril de 1894 se daria um combate, onde o caça-torpedeiro Gustavo Sampaio com seus torpedos viria desbaratar o poderoso encouraçado Aquidabã, dando fim a Revolta da Armada. Na história mundial dos combates navais, esse seria o terceiro lançamento eficaz de torpedos. O primeiro torpedeamento com êxito ocorreu na guerra russo-turca em 1898 e no segundo, o encouraçado Blanco Encalada, foi atingido pelo caça-torpedeiro Almirante Lynch, na revolta chilena em 1891.
No Sul do Brasil, os combates em terra prosseguiram até a deposição das armas pelos revolucionários, em agosto de 1895. A rendição resultou de um acordo que teve a mediação do então presidente Prudente de Morais, sucessor de Peixoto. Dessa guerra civil de grandes proporções, resultou milhares de mortos. Muitos deles não morreram em combate, mas foram degolados após terem caído prisioneiros. Nas chacinas, a degola era regra geral.
Das companhias Lloyd brasileiro, Laje e Frigorífica, foram incorporados navios às forças navais rebeldes na Revolta da Armada (alguns dos navios foram armados com canhões antigos encontrados na Ponta da Armação). Entre os navios mais importantes se encontravam: Júpiter, Mercúrio, Marte, Paraíba, Vênus, Uranus, Palas, Meteoro, Esperança, Íris, Laguna, Adolfo de Barros, Gil Blas, Luci, Guanabara, Standard, Vulcano, Glória e Bitencourt.
Passaria 16 anos, para a Marinha ser sacudida novamente por outra revolta. Trata-se da rebelião de simples, mas indignados marinheiros, contra o uso corrente de castigos corporais através da chibata, com todo o humilhante cerimonial que os rodeava. Em outras palavras, em 22 de novembro de 1910, por causa do rígido, imoral e anacrônico regime disciplinar baseado nos castigos corporais, a preconceituosa elite branca da Marinha seria atingida em suas bases, dura e profundamente por outra revolução, que teve como líder principal, o marinheiro semi-analfabeto João Cândido Felisberto.
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