A ALMA E O CONHECIMENTO HUMANO DE CRISTO
471. Apolinário de
Laodiceia afirmava que, em Cristo, o Verbo tinha ocupado o lugar da alma ou do
espírito. Contra este erro, a Igreja confessou que o Filho eterno assumiu
também uma alma racional humana (104).
472. Esta alma humana, que o Filho de Deus assumiu, é dotada de um verdadeiro conhecimento humano. Como tal, este não podia ser por si mesmo ilimitado. Exercia-se nas condições históricas da sua existência no espaço e no tempo. Foi por isso que o Filho de Deus, fazendo-Se homem, pôde aceitar «crescer em sabedoria, estatura e graça» (Lc 2, 52) e também teve de Se informar sobre o que, na condição humana, deve aprender-se de modo experimental (105). Isso correspondia à realidade do seu abatimento voluntário na «condição de servo» (106).
473. Mas, ao mesmo tempo,
este conhecimento verdadeiramente humano do Filho de Deus exprimia a vida
divina da sua pessoa (107). «A natureza humana do Filho de Deus, não por
si mesma, mas pela sua união com o Verbo, conhecia e manifestava em si
tudo o que é próprio de Deus» (108). É o caso, em primeiro lugar, do
conhecimento íntimo e imediato que o Filho de Deus feito homem tem do seu Pai
(109). O Filho também mostrava, no seu conhecimento humano, a clarividência
divina que tinha dos pensamentos secretos do coração dos homens (110).
474. Pela sua união com a
Sabedoria divina na pessoa do Verbo Encarnado, o conhecimento humano de Cristo
gozava, em plenitude, da ciência dos desígnios eternos que tinha vindo revelar
(111). O que neste domínio Ele reconhece ignorar (112) declara, noutro ponto,
não ter a missão de o revelar (113).
Notas:
104. Cf. São Dâmaso I,
Epistula «Hóti tê apostolikê kathédra»: DS 149.
105. Cf. Mc 6. 38:
8. 27; Jo 11. 34: etc.
106. Cf. Fl 2, 7.
107. Cf. São Gregório Magno,
Ep. Sicut aqua: DS 475.
108. São Máximo
Confessor, Quaestiones et dubia, Q. I, 67: CCG10, 155 (66: PG 90. 840).
109.
Cf. Mc 14, 36: Mt 11. 27; Jo I. 18; 8. 55; etc.
110. Cf. Mc 2.
8; Jo 2, 25; 6. 61; etc.
111. Cf. Mc 8, 31; 9. 31: 10. 33-34; 14,
18-20. 26-30.
112. Cf. Mc 13. 32.
113. Cf. At 1, 7.
Fonte: Catecismo da Igreja
Católica (versão digital). Disponível: www.catolicoorante.com.br.
Acesso: 02/jan/2021
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