Ética
A ética é o estudo dos fundamentos da ação humana. Por isso, nosso estudo sobre ética tem início com a virtude em Aristóteles e Sêneca. Dois autores do mundo antigo, de momentos históricos distintos e com preocupação semelhante, buscam apresentar um referencial reflexivo a seus contemporâneos para que possam atingir a excelência moral, ou seja, serem virtuosos, vivendo de forma virtuosa e conseguirem atingir a finalidade da vida humana: a felicidade.
Porém, a busca pela felicidade passa por escolhas que devem ser guiadas pela razão. É por isso que Aristóteles insiste na idéia de buscar a mediania, ou seja, o equilíbrio nas escolhas diante das ações e emoções como critério para que o homem possa ser feliz. Sêneca, com preocupação semelhante, orienta o que o homem deve fazer para fortalecer sua alma e com isso não se obstinar diante das circunstâncias.
Um dos grandes problemas enfrentados pela ética é o da relação entre o sujeito e a norma. Essa relação é eminentemente tensa e conflituosa, uma vez que todo estabelecimento de uma norma implica no cerceamento da liberdade.
Ao tratar do tema liberdade, escolheu-se dois autores do início da modernidade, Guilherme de Ockham, no século XIV, e La Boétie, da primeira metade do século XVI.
Nesse momento histórico, final do mundo medieval e início do mundo moderno, encontram-se diversas características que marcam a contemporaneidade. Destacam-se, entre elas: a noção de indivíduo que ganha força a partir do século XIV; a formação de Estados laicos, que buscam a independência em relação ao poder religioso e, sobretudo, o pensamento que estabelece, já desde o século XIII, o revigoramento da filosofia e, portanto, da razão como necessária para reger a vida do homem e a construção da ordem social.
É nessa perspectiva que Guilherme de Ockham e La Boétie discutem a liberdade humana. E esta liberdade que tem como limite o processo de formação do mundo moderno e de desconstrução do medieval. A ética possibilita a análise crítica para a atribuição de valores. Ela pode ser ao mesmo tempo especulativa e normativa, crítica da heteronomia e da anomia e propositiva da busca da autonomia. Por isso, a ética defende a existência dos valores morais e do sujeito que age a partir de valores, com consciência, responsabilidade e liberdade, no sentido da luta contra toda e qualquer forma de violência.
Com esse enfoque, discute-se o tema amizade em Aristóteles por se tratar de um sentimento desenvolvido pelos seres humanos, que pelo fato de serem animais políticos, ou seja, viverem em sociedade, este tema torna-se importante, pois perpassa todas as relações sociais. É por isso que Aristóteles demonstra que há várias espécies de amizade e cada uma delas está diretamente relacionada com o que os homens buscam na relação que estabelecem.
Assim, tão importante quanto a vida virtuosa é a consciência das relações amistosas que o homem estabelece e, sobretudo, se as mesmas estão pautadas em princípios e valores que contribuem ou não para a realização do bem comum. Disso resulta a exigência do tema amizade como reflexão ética.
A reflexão ética, no espaço escolar, examina a ação individual ou coletiva na perspectiva da filosofia. Não se trata tanto de ensinar valores específicos, mas de mostrar que o agir fundamentado propicia conseqüências melhores e mais racionais que o agir sem razões ou justificativas.
Por isso, a abordagem sartreana da liberdade como valor e responsabilidade no sentido de possibilitar a reflexão diante de problemas contemporâneos aos homens hodiernos, entendendo que os valores são construídos e, portanto, não há valores e ou modelos pré-definidos, mas sim que ao agir do homem tem o poder de estabelecer os valores diante dos quais terá responsabilidade.
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