Liberdade em Sartre (Parte 11/14)
É o homem quem escolhe seu engajamento e isto, segundo Sartre, jamais mudará. É por isso que, preocupa-se em dizer que não há a idéia de progresso em relação ao homem, já que o mesmo sempre estará diante da escolha de seu engajamento. Talvez fique mais evidenciada a idéia de que o homem não é uma essência, pois não se trata de chegar a um ponto ou lugar determinado, antes o que resta a cada um é fazer sua escolha, a escolha que lhe for possível.
Quando declaro que a liberdade, através de cada circunstância concreta, não pode ter outro objetivo senão o de querer-se a si própria, quero dizer que, se alguma vez o homem reconhecer que está estabelecendo valores, em seu desamparo, ele não poderá mais desejar outra coisa a não ser a liberdade como fundamento de todos os valores. Isso não significa que ele a deseja abstratamente. Mas simplesmente, que os atos dos homens de boa fé possuem como derradeiro significado a procura da liberdade enquanto tal. (SARTRE, 1987, p. 19)
Portanto, o valor máximo da existência humana é a liberdade. Mas a liberdade não é algo individual, ou seja, a sua liberdade implica na dos outros. Apesar das circunstâncias é a liberdade o valor imprescindível da vida humana. O alerta que faz Sartre em relação à liberdade como fundamento de todos os valores é o de que:
Temos que encarar as coisas como elas são. E, aliás, dizer que nós inventamos os valores não significa outra coisa senão que a vida não tem sentido a priori. Antes de alguém viver, a vida, em si mesma, não é nada; é quem a vive que deve dar-lhe um sentido; e o valor nada mais é o que esse sentido escolhido. (SARTRE, 1987, p. 21)
O homem, pelo fato de ser livre e tornar-se homem, já que a existência precede a essência, depara-se com a situação de que a vida não possui sentido anteriormente dado. O sentido da vida é traçado a partir das escolhas que faz e através dos atos que realiza. Sendo assim, Sartre não aceita os demais humanismos, pois apresentam um sentido a vida humana como sendo uma meta, algo pronto e acabado ao qual cada indivíduo deva alcançar.
Existe uma universalidade em todo projeto no sentido em que qualquer projeto é inteligível para qualquer homem. Isso não significa de modo algum que esse projeto defina o homem para sempre, mas que ele pode ser reencontrado. Temos sempre a possibilidade de entender o idiota, a criança, o primitivo ou o estrangeiro, desde que tenhamos informações suficientes. Nesse sentido, podemos dizer que há uma universalidade do homem; porém, ela não é dada, ela é permanentemente construída. (SARTRE, 1987, p. 16).
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