III. «O mundo foi criado para glória de Deus»
293. É uma verdade
fundamental, que a Escritura e a Tradição não cessam de ensinar e de celebrar:
«O mundo foi criado para glória de Deus» (118). Deus criou todas as coisas,
explica São Boaventura, «non propter gloriam augendam, sed propter gloriam
manifestandam et propter gloriam suam communicandam – Não para aumentar a
Sua glória, mas para a manifestar e para a comunicar » (119). Para criar, Deus
não tem outra razão senão o seu amor e a sua bondade: «Aperta manu clave
amoris creaturae prodierunt – As criaturas saíram da mão (de Deus)
aberta pela chave do amor» (120). E o I Concílio do Vaticano explica:
«Na sua bondade e pela sua
força onipotente, não para aumentar a sua felicidade nem para adquirir a sua
perfeição, mas para a manifestar pelos bens que concede às suas criaturas,
Deus, no seu libérrimo desígnio, criou do nada simultaneamente e desde o
princípio do tempo uma e outra criatura — a espiritual e a corporal» (121).
294. A glória de Deus
está em que se realize esta manifestação e esta comunicação da sua bondade, em
ordem às quais o mundo foi criado. Fazer de nós «filhos adotivos por Jesus
Cristo. Assim aprouve à sua vontade, para que fosse enaltecida a
glória da sua graça» (Ef 1, 5-6): «Porque a glória de Deus é o homem
vivo, e a vida do homem é a visão de Deus: se a revelação de Deus pela criação
já proporcionou a vida a todos os seres que vivem na terra, quanto mais a
manifestação do Pai pelo Verbo proporciona a vida aos que veem a Deus!» (122).
O fim último da criação é que Deus Pai, «criador de todos os seres, venha
finalmente a ser 'tudo em todos' (1 Cor 15, 28), provendo, ao
mesmo tempo, à sua glória e à nossa felicidade» (123).
Notas:
118. I Concílio
Vaticano, Const dogm. Dei Filius. De Deo rerum omnium Creatore, canon
5: DS 3025.
119. São Boavenura, In
secundum librum Sententiarum, dist. 1. p. 2. a. 2, q. 1.
concl.: Opera omnia, v. 2 (Ad Claras Aquas 1885), p. 44.
120. São Tomás de
Aquino, Commentum in secundum librum Sententiarum, Prologus: Opera
omnia, v. 8 (Parisiis 1873), p. 2.
121. I Concílio do Vaticano,
Const. dogm. Dei Filius, c. 1: DS 3002.
122. Santo Ireneu de
Lião, Adversus haereses 4, 20, 7: SC 100, 648 (PG 7, 1037).
123. II Concílio do
Vaticano, Decr. Ad gentes. 2: AAS 58 (1966) 948.
Fonte: Catecismo da Igreja
Católica (versão digital). Disponível: www.catolicoorante.com.br. Acesso: 22/jul/2020
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