O PRIMEIRO PECADO DO HOMEM
O PRIMEIRO PECADO DO HOMEM
397. Tentado pelo
Diabo, o homem deixou morrer no coração a confiança no seu Criador (273).
Abusando da liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Nisso
consistiu o primeiro pecado do homem (274). Daí em diante, todo o pecado será
uma desobediência a Deus e uma falta de confiança na sua bondade.
398. Neste pecado, o
homem preferiu-se a si próprio a Deus, e por isso desprezou Deus: optou por si
próprio contra Deus, contra as exigências da sua condição de criatura e, daí,
contra o seu próprio bem. Constituído num estado de santidade, o homem estava
destinado a ser plenamente «divinizado» por Deus na glória. Pela sedução do
Diabo, quis «ser como Deus»(275), mas «sem Deus, em vez de Deus, e não segundo
Deus» (276).
399. A Escritura refere
as consequências dramáticas desta primeira desobediência: Adão e Eva perdem
imediatamente a graça da santidade original (277). Têm medo daquele Deus (278)
de quem se fizeram uma falsa imagem: a dum Deus ciumento das suas prerrogativas
(279).
400. A harmonia em que
viviam, graças à justiça original, ficou destruída; o domínio das faculdades
espirituais da alma sobre o corpo foi quebrado (280); a união do homem e da
mulher ficou sujeita a tensões (281); as suas relações serão marcadas pela
avidez e pelo domínio (282). A harmonia com a criação desfez-se: a criação
visível tornou-se, para o homem, estranha e hostil (283). Por causa do homem, a
criação ficou sujeita «à servidão da corrupção» (284). Enfim, vai
concretizar-se a consequência explicitamente anunciada para o caso da
desobediência (285): o homem «voltará ao pó de que foi formado» (286).
A morte faz a sua entrada na história da humanidade (287).
401. A partir deste
primeiro pecado, uma verdadeira «invasão» de pecado inunda o mundo: o
fratricídio cometido por Caim na pessoa de Abel (288); a corrupção universal
como consequência do pecado (289). Na história de Israel, o pecado manifesta-se
com frequência, sobretudo como uma infidelidade ao Deus da Aliança e como
transgressão da lei de Moisés. Mesmo depois da redenção de Cristo, o pecado
manifesta-se de muitas maneiras entre os cristãos (290). A Sagrada Escritura e
a Tradição da Igreja não se cansam de lembrar a presença e a
universalidade do pecado na história do homem.
«O que a Revelação divina
nos dá a conhecer, concorda com os dados da experiência. Quando o homem olha
para dentro do seu próprio coração, descobre-se inclinado também para o mal, e
imerso em muitos males, que não podem provir do seu Criador, que é bom. Muitas
vezes, recusando reconhecer Deus como seu princípio, o homem perturbou, por
isso mesmo, a sua ordenação para o fim último e, ao mesmo tempo, toda a
harmonia consigo próprio, com os outros homens e com toda a criação» (291).
Notas:
273. Cf Gn 3,
1-11.
274. Cf. Rm 5, 19.
275. Cf. Gn 3, 5.
276. São Máximo o
Confessor, Ambiguorum liber: PG 91, 1156.
277. Cf. Rm 3, 23.
278. Cf. Gn 3,
9-10.
279. Cf. Gn 3, 5.
280.
Cf. Gn 3, 7.
281. Cf. Gn 3,
11-13.
282. Cf. Gn 3, 16.
283. Cf. Gn 3,
17.19.
284.
Cf. Rm 8, 20.
285. Cf. Gn 2, 17.
286. Cf. Gn 3, 19.
287. Cf. Rm 5, 12.
288. Cf. Gn 4,
3-15.
289. Cf. Gn 6,
5.12; Rm 1, 18-32.
290. Cf. 1
Cor 1-6; Ap 2-3.
291. I Concílio do Vaticano,
Const. past. Gaudium et spes, 13: AAS 58 (1966) 1035.
Fonte: Catecismo da Igreja
Católica (versão digital). Disponível: www.catolicoorante.com.br.
Acesso: 30/nov/2020
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