"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

O Progresso da Ciência (Parte 03/05)



Filosofia e Ciência


A filosofia da ciência é o estudo da metodologia científica. Trata-se de investigar o que caracteriza a atividade científica, em quê a ciência se separa do senso comum e da filosofia e quais hipóteses justificam e explicam o conhecimento científico.
Uma das formas de estudarmos a ciência é fazê-lo do ponto de vista das questões abordadas pelos filósofos que se ocupam com a metodologia das ciências. É preciso, porém, buscar distinguir o trabalho do cientista e os métodos filosóficos. Pensemos a ciência como um conjunto de conhecimentos divididos por áreas: física, química, geologia, mecânica, biologia, medicina, história, etc. Agora imagine um saber capaz de pensar a estrutura nuclear desses conhecimentos, independentemente de suas manifestações históricas na ciência: é a filosofia. De um lado temos os procedimentos específicos e infinitamente especializados da ciência. De outro lado uma busca de compreensão da totalidade do conhecimento e da experiência humana. Mas o que é isto que chamamos conhecimento?
Você já deve ter experimentado o desejo de conhecer mais a fundo fenômenos como a descoberta de um novo planeta solar, o que são “quarks”, o modo como a luz se propaga, se o ciúme é biológico ou fruto do hábito.
Essa curiosidade é natural. O filósofo grego Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 a.C., escreveu que todos os homens por natureza desejam saber. Aristóteles dizia ainda que nossa visão, dentre todas as capacidades que temos, é a que mais nos dá prazer no conhecimento. Aristóteles é considerado o filósofo que deu o ponta-pé inicial à organização do conhecimento humano. Seu pai, Nicômaco, era médico da corte macedônia, fato que conecta o filósofo desde cedo ao mundo do saber. Consta que Aristóteles teria constituído, para si próprio, a primeira biblioteca de que se tem notícia, a qual mais tarde inspiraria a Biblioteca de Alexandria. Para o professor Marco Zingano, Aristóteles “foi um notável investigador da natureza. Suas observações dizem respeito aos mais diferentes domínios: a natureza dos astros, as órbitas celestes, os mais diversos tipos de animais, o desenvolvimento do embrião, as mudanças químicas, os primeiros elementos e suas modificações físicas, os metais, os ventos, enfim: o campo inteiro da natureza”. (ZINGANO, 2002, p. 67)
A filosofia mostra que o conhecimento acerca de coisas ou idéias que fazem parte de nosso cotidiano é problemático. É um conhecimento limitado porque não atinge a totalidade das coisas existentes. Por exemplo, apesar do enorme desenvolvimento da ciência neste século, ainda não sabemos se nossos comportamentos morais têm alguma relação com a estrutura biológica do nosso cérebro, se estamos sozinhos no universo ou se existem partículas menores do que os quarks, além de muitas outras dúvidas.

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