O mundo moderno e o capitalismo para Weber
Uma contribuição relevante de Weber, neste caso, é
demonstrar que o mecanismo do modo de produção capitalista, no ocidente
europeu, principalmente, contou com a existência, em alguns países, de um
conjunto de valores de fundo religioso que ajudou a criar entre certos indivíduos,
predisposições morais e motivações para se envolverem na produção e no comércio
de tipo capitalista.
Na crença dos calvinistas, os homens já nasceriam
predestinados à salvação ou ao inferno, embora não pudessem saber, exatamente,
seu destino particular. Assim sendo, e para fugir da acusação de pecadores e
desmerecedores do melhor destino, dedicavam-se a glorificar Deus por meio do
trabalho e da busca do sucesso na profissão.
Com o passar dos tempos, essa ideia de que a predestinação
e o sucesso profissional seriam indícios de salvação da alma foi perdendo força.
Mas o interessante é que a ética estimuladora do trabalho disciplinado e da
busca do sucesso nos negócios ganhou certa autonomia e continuou a existir
independente da motivação religiosa.
Para Weber, ser capitalista é sinônimo de ser disciplinado
no que se faz. Seria da grande dedicação ao trabalho que resultaria o sucesso e
o enriquecimento. Herança da ética protestante, válida também para os
trabalhadores.
Mas por que os católicos e as outras religiões orientais
não tiveram parte nesta construção capitalista analisada por Weber?
Porque a ética católica privilegiava o discurso da
pobreza, do desapego, reprovando a pura busca do lucro e da usura e não viam o
sucesso no trabalho como indícios de salvação e nem como forma de glorificar a Deus,
como faziam os calvinistas. Assim sendo, sem motivos divinos para dedicarem-se
tanto ao trabalho, não fizeram parte da lista weberiana dos primeiros
capitalistas.
Quanto às religiões do mundo oriental, a explicação seria
de que essas tinham uma imagem de Deus como sendo parte do mundo secular, ao
contrário da ética protestante ocidental que o concebia como estando fora do
mundo e puro. Assim sendo, os orientais valorizavam o mundo, pois Deus estaria
nele. O Budismo e o Confucionismo são exemplos do que falamos. E daí a ideia e
a prática de não se viver apenas para o trabalho, mas sim de poder aproveitar
tudo o que se ganha pelo trabalho com as coisas desta vida.
Em relação ao mundo moderno (científico), Weber
demonstrava um certo pessimismo e não encontrava saída para os problemas culturais
que nele surgiam, assim como para a “prisão” na qual o homem se encontrava por
causa do sistema capitalista.
Antes da sociedade moderna, a religião era o que motivava
a vida das pessoas e dava sentido para suas ações, inclusive ao trabalho. Mas
com o pensamento científico tomando espaço como referencial de mundo, certos
apegos culturais – crenças, formas de agir – vindos da religiosidade foram
confrontados. O problema que Weber via era que a ciência não poderia ocupar por
completo o lugar que a religião tinha ao dar sentido ao mundo.
Fonte: Texto “Sociologia – 1º Ano do Ensino
Médio” da Profª Bianca Wild
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