II. A revelação de Deus como Trindade
O PAI REVELADO PELO FILHO
238. A invocação de Deus como «Pai» é conhecida em muitas
religiões. A divindade é muitas vezes considerada como «pai dos deuses e dos
homens». Em Israel, Deus é chamado Pai enquanto criador do mundo (38). Mais
ainda, Deus é Pai em razão da Aliança e do dom da Lei a Israel, seu «filho primogênito»
(Ex 4, 22). Também é chamado Pai do rei de Israel (39). E é
muito especialmente «o Pai dos pobres», do órfão e da viúva, entregues à sua proteção
amorosa (40).
239. Ao designar Deus com o nome de «Pai», a linguagem da fé
indica principalmente dois aspectos: que Deus é a origem primeira de tudo e a
autoridade transcendente, e, ao mesmo tempo, que é bondade e solicitude amorosa
para com todos os seus filhos. Esta ternura paternal de Deus também pode ser
expressa pela imagem da maternidade (41), que indica melhor a imanência de
Deus, a intimidade entre Deus e a sua criatura. A linguagem da fé vai, assim,
alimentar-se na experiência humana dos progenitores, que são, de certo modo, os
primeiros representantes de Deus para o homem. Mas esta experiência diz também
que os progenitores humanos são falíveis e podem desfigurar a face da
paternidade e da maternidade. Convém, então, lembrar que Deus transcende a
distinção humana dos sexos. Não é homem nem mulher: é Deus. Transcende também a
paternidade e a maternidade humanas (42), sem deixar de ser de ambas a origem e
a medida (43): ninguém é pai como Deus.
240. Jesus revelou que Deus é «Pai» num sentido inédito: não o é
somente enquanto Criador: é Pai eternamente em relação ao seu Filho único, o
qual, eternamente, só é Filho em relação ao Pai: «Ninguém conhece o Filho senão
o Pai, nem ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o
quiser revelar» (Mt 11, 27).
241. É por isso que os Apóstolos confessam que Jesus é «o Verbo
[que] estava [no princípio] junto de Deus» e que é Deus (Jo 1,
1), «a imagem do Deus invisível» (Cl 1, 15), «o resplendor da
sua glória e a imagem da sua substância» (Heb 1, 3).
242. Na esteira deles, seguindo a tradição apostólica, no
primeiro concílio ecumênico de Niceia, em 325, a Igreja confessou que o Filho é
«consubstancial» ao Pai (44), quer dizer, um só Deus com Ele. O segundo
concilio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381, guardou esta expressão na
sua formulação do Credo de Niceia e confessou «o Filho unigênito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos, luz da luz. Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai» (45).
Notas:
38. Cf. Dt 32. 6: Ml 2. 10.
39. Cf. 2 Sm 7, 14.
40. Cf. Sl 68, 6.
41. Cf. Is 66, 13: Sl 131, 2.
42. Cf. Sl 27, 10.
43. Cf. Ef 3, 14-15: Is 49, 15.
44. Símbolo de Nicéia: DS 125.
45. Símbolo Niceno-Constantinopolitano: DS 150.
Fonte: Catecismo da Igreja
Católica (versão digital). Disponível: www.catolicoorante.com.br.
Acesso: 19/abr/2019
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