As modalidades de imaginação
Partindo da diferença entre imaginação reprodutora e
imaginação criadora, podemos distinguir várias modalidades de imaginação:
1. imaginação reprodutora propriamente dita, isto é, a
imaginação que toma suas imagens da percepção e da memória;
2. imaginação evocadora, que presentifica o ausente por
meio de imagens com forte tonalidade afetiva;
3. imaginação irrealizadora, que torna ausente o presente e
nos coloca vivendo numa outra realidade que é só nossa, como no sonho, no
devaneio e no brinquedo. Esta imaginação tem forte tonalidade mágica;
4. imaginação fabulosa, de caráter social ou coletivo, que
cria os mitos e as lendas pelos quais uma sociedade, um grupo social ou uma
comunidade imaginam sua própria origem e a origem de todas as coisas, oferecendo
uma explicação para seu presente e sobretudo para a morte. Aqui, a imaginação
cria imagens simbólicas para o bem e o mal, o justo e o injusto, o puro e o
impuro, o belo e o feio, o mortal e o imortal, o tempo e a Natureza pela
referência às divindades e aos heróis criadores; explica os males desta vida
por faltas originárias cometidas pelos humanos [o pecado original, por exemplo]
e promete uma vida futura feliz, após a morte. É a imaginação religiosa;
5. imaginação criadora, que inventa ou cria o novo nas
artes, nas ciências, nas técnicas e na Filosofia. Aqui, combinam-se elementos
afetivos, intelectuais e culturais que preparam as condições para que algo novo
seja criado e que só existia, primeiro, como imagem prospectiva ou como
possibilidade aberta. A imaginação criadora pede auxílio à percepção, à
memória, às idéias existentes, à imaginação reprodutora e evocadora para
cumprir-se como criação ou invenção.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, 2000.
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