Sociologia: compreensão dos problemas sociais.
Podemos dizer que o início do sistema capitalista se deu
na chamada Baixa Idade Média, entre os séculos IX e XV, na Europa Ocidental. A
partir do século XI, com as “cruzadas” realizadas pela Igreja Católica, para
conquistar Jerusalém que estava dominada pelos muçulmanos, um canal de
circulação de riquezas na Europa foi aberto.
O contato cultural e o comércio do ocidente com o oriente
europeu foram retomados via Mar Mediterrâneo. Com a movimentação de pessoas e
riquezas houve, na Europa Ocidental, o surgimento de núcleos urbanos, conhecidos
por burgos. Destes, surgiram as cidades, pois existiam poucas naquele tempo.
As chamadas corporações de ofício, que eram uma espécie de
associação comercial da época que organizava as atividades artesanais para ter
acordo entre os preços de venda e qualidade do produto, por exemplo, começaram a
aparecer a fim de regular o trabalho dos artesões que vinham para as cidades
exercer sua profissão, a ideia do lucro se fortalecia.
Mais tarde, os
europeus começaram a explorar o comércio em termos mundiais,
principalmente depois dos séculos XV e XVI e das chamadas Grandes Navegações. Por
exemplo, com o descobrimento da América, muita riqueza daqui era levada à
Europa para a criação de mercadorias que seriam vendidas nesse mercado mundial
que estava surgindo. A ideia de uma produção em série de mercadorias começava a
surgir.
As antigas corporações de ofício foram transformadas pelos
comerciantes da época em
manufatura. O trabalho manufatureiro acontecia com vários
artesãos, em locais separados e dirigidos por um comerciante que dava a eles a
matéria-prima e as ferramentas. No final do trabalho encomendado, os artesões
recebiam um pagamento acertado com o comerciante.
Os comerciantes (futuros empresários capitalistas) pensaram
que seria melhor reunir todos esses artesãos num só lugar, pois assim poderiam
ver o que eles estavam produzindo. Além de cuidar da qualidade do produto, o
controle sobre a matéria-prima e o ritmo da produção poderia ser maior.
Foi então que
surgiu a ideia da fábrica, um lugar com uma produção mais
organizada, com a acentuação da divisão de funções (hierarquização), onde o
artesão ia deixando de participar do processo inteiro de produção da mercadoria
e onde passava a operar apenas parte da produção. Desse ponto para a
implantação das máquinas movidas a vapor, restava somente o tempo da invenção
das mesmas. Quando o inventor escocês James Watt (1736-1819) conseguiu
patentear a máquina a vapor, em abril de 1784, ela veio dar grande impulso à industrialização
que se instalava, aumentando a produção, diminuindo os gastos com mão-de-obra e
aumentando o acúmulo de capital.
O sistema feudal da Europa Ocidental, estava sendo
superado. Ele não conseguiria suprir as necessidades dos novos mercados que se abriam.
O sistema capitalista, com base na propriedade privada dos meios de produção e
no lucro, isto é, na acumulação de capital, estava sendo consolidado.
A partir da Revolução Industrial (século XVIII), as
cidades da Europa Ocidental começavam a se transformar em grandes centros
urbanos comerciais e, posteriormente, industriais. Muitas delas “intumescidas”
e repletas de desempregados. O estilo de vida das pessoas estava se
transformando – para alguns de forma violenta e radical – como era o caso de
muitos camponeses que eram expulsos pelos senhores das terras onde trabalhavam
que estavam seguindo a política de “cercamentos” de terra, para criar ovelhas e
fornecer lã às fábricas de tecidos.
Já no caso dos artesãos, esses “perdiam” sua qualificação
profissional e o controle sobre o que produziam, ou seja, de profissionais,
passavam a “não ter profissão”, pois a indústria era quem ditava que tipo de
profissional precisava ser. Não importava se fossem grandes artesãos, só
precisariam aprender a operar a máquina da fábrica, como não tinham capital
para ter uma produção autônoma e competir com a fábrica, submetiam-se ao
trabalho assalariado.
Novas e grandes invenções estavam sendo realizadas no
campo tecnológico, como as próprias máquinas a vapor das indústrias. O comércio
mundial estava aumentando cada vez mais. E em meio a isto, duas classes
distintas emergiam: a composta pelos empresários e banqueiros, chamada de
classe burguesa, e a classe assalariada, ou proletária.
A classe burguesa é aquela que ao longo do tempo veio
acumulando capital com o comércio e reteve os meios de produção em suas mãos,
isto é, as ferramentas, os equipamentos fabris, o espaço da fábrica, etc. ou
seja, eram os donos dos meios de produção, e também detinham o poder político.
Já a classe proletária, sem capital e expropriada dos meios de produção por
meio de sua expulsão dos feudos e das terras comuns, tornava-se fornecedora de
mão-de obra aos donos das fábricas.
O quadro social na Europa Ocidental do período passava,
então, por transformações profundas, provocadas pela consolidação do sistema capitalista,
pela valorização da ciência contrapondo as explicações míticas a respeito do
mundo, pela abertura de mercados mundiais e pelas divergências ocasionadas
pelas péssimas condições de vida dos operários, confrontadas com o
enriquecimento da classe burguesa. É em meio a todas essas mudanças que a
Sociologia começa a ser pensada como sendo uma ciência para dar respostas mais
elaboradas sobre os novos problemas sociais.
A Sociologia e suas teorias, se constituem como ferramentas
de reflexão sobre a sociedade industrial e científica que surgia.
Fonte: Texto “Sociologia – 1º Ano do Ensino
Médio” da Profª Bianca Wild
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