O senso comum
Vocês já repararam que só permanecemos tranquilos quando
habituados à rotina do já conhecido? Por isso, é com certa apreensão que
iniciamos um trabalho em outro local e com pessoas diferentes ou quando
entramos pela primeira vez em um país estrangeiro. Até mesmo a alegria da nova
amizade ou do novo amor não esconde totalmente o desconforto das indagações
que nos assaltam.
Podemos também imaginar as dificuldades do adolescente
cujas referências infantis deixam de servir para compreender a realidade a
ser enfrentada daí em diante.
A humanidade passa por crises de conhecimento de si
própria toda vez em que há alteração da imagem feita do mundo. Veja-se o
exemplo do Renascimento, quando os homens buscam novos valores para contrapor
à concepção medieval.
Com exemplos
aparentemente tão disparatados, queremos dizer que a compreensão do mundo se
faz à medida que lhe damos sentido e agimos sobre ele. Precisamos de
interpretações, de teorias, por mais simples que sejam, a fim de
"organizar o caos". Toda vez que os "esquemas de
pensamento" nos faltam, sentimos que o chão nos foge dos pés...
Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas
de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).
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