"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

O conhecimento filosófico



Conta a tradição que Diógenes, filósofo grego da escola cínica, século IV a.C., discípulo de Antístenes, aceitando o princípio de que para atingir a verdadeira felicidade é necessário "viver como um cachorro", abandona sua casa e passa a viver em um barril.
Já Euclides, da escola pitagórica, também do século IV a.C, ouviu esta pergunta de um discípulo:
— Mestre, o que ganharei aprendendo geometria?
Como resposta, o famoso geômetra e filósofo ordenou a um escravo:
—Dê-lhe uma moeda, uma vez que precisa ganhar algo, além do que aprende.


Essas histórias e muitas outras, que relatam a excentricidade de filósofos antigos e modernos, revelam a imagem mais comum que temos dessas pessoas: são indivíduos com "a cabeça na lua", preocupados com problemas que nada têm a ver com o cotidiano ou com a vida prática.
Mas se o filósofo fosse assim, por que, então, condenar Sócrates, na Grécia antiga, a morrer bebendo cicuta? Por que proibir a leitura dos livros de Karl Marx?
Talvez a divulgação da imagem do filósofo como sendo uma pessoa "desligada" do mundo seja exatamente a defesa da sociedade contra o "perigo" que ele representa. Perigo? Que perigo pode representar um homem que só faz discursos? Que só lida com a palavra?

Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).

0 Response to "O conhecimento filosófico"