A tarefa da filosofia
A filosofia é um modo de pensar, é uma postura
diante do mundo. A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um
sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de mais nada, uma prática de
vida que procura pensar os acontecimentos além da sua pura aparência. Assim,
ela pode se voltar para qualquer objeto. Pode pensar a ciência, seus valores,
seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode pensar a arte; pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana. Uma história em quadrinhos ou uma
canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica.
A filosofia é um jogo irreverente que parte do
que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta
das possibilidades, faz-nos entrever outros mundos e outros modos de
compreender a vida.
A filosofia incomoda porque questiona o modo
de ser das pessoas, das culturas, do mundo. Questiona as práticas política,
científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área onde
ela não se meta, não indague, não perturbe. E, nesse sentido, a filosofia é
perigosa, subversiva, pois vira a ordem estabelecida de cabeça para baixo.
Podemos, agora, perceber a razão da condenação
de Sócrates na Antiguidade ou da proibição da leitura de Karl Marx no Brasil
pós-64. Ambos foram (e são, ainda) subversivos, perigosos, pois, ao indagar
sobre a realidade de sua época, fizeram surgir novas possibilidades de
comportamento e de relação social. Do ponto de vista do poder estabelecido,
mereceram a morte e/ou o banimento de suas obras.
Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas
de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).
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