Fantoches de Deus (Os) – Morris West
A história começa com o ato de imensa repercussão: o Papa Gregório XVII abdica de seu cargo. Os cardeais apresentaram um ultimato ao Pontífice: "Deixe o cargo ou vamos declará-lo insano!" O motivo? O Papa afirma ter recebido uma revelação pessoal do fim do mundo e do Segundo Advento de Cristo. Gregório XVII é um místico, um lunático ou fanático emprenhado numa manobra de poder? É uma indagação que se formula não apenas em relação a Gregório, mas também sobre os maiores líderes religiosos e políticos do mundo, uma indagação com terríveis implicações. É que o mundo está em crise, mais uma vez, com os russos ameaçados de passarem um inverno à míngua, privados de alimentos, as colheitas fracassadas, enquanto as potências ocidentais lhes negam, numa manobra política, os cereais que poderiam salvá-los. A guerra atômica é uma sombria perspectiva, mais próxima do que nunca. O terror domina as pessoas, a desconfiança se instala por toda a parte, não há mais segurança nas ruas. Ainda resta alguma esperança, ainda existe alguma possibilidade de sobrevivência da humanidade? E quem poderia ser o instrumento da salvação do homem? O Papa que abdicou? O professor alemão, seu amigo, que deixou o hábito para casar e viver agora dilacerado pelos conflitos do mundo e pelos conflitos de sua própria família? A jovem francesa aleijada e disforme, que, para sobreviver, vende numa praça de Paris suas esculturas em vidro? Ou os pequenos fantoches de Deus - as crianças que não contam com inteligência ou perspectiva - podendo apenas exibir um sorriso meigo? A profundidade da história, a variedade de personagens extremamente bem delineados, a força dramática, a qualidade das idéias e a veemente afirmação de dignidade e esperança fazem que "Os Fantoches de Deus" seja uma leitura excepcional, uma experiência que ninguém poderá jamais esquecer.
Rio de Janeiro: Record, 1981. 372p.
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