Contracultura
Nas Ciências Humanas, os conceitos
de “cultura de massa” e “indústria cultural” surgiram para consolidar a ideia
de que nas sociedades capitalistas, a organização da sociedade e das
instituições promoveu a prática de um processo de homogeneização da população
como um todo, e, diversos teóricos apontaram a reprodução de ideologias ou
visões de mundo que prescreviam normas para as formas de pensar, agir e
sentir que estariam sendo levadas a todos os indivíduos com o objetivo de disseminar
uma mesma compreensão do mundo, isto homogeneizar.
Alguns pesquisadores tiveram a
intenção de mostrar como determinadas ideologias ganham alcance na sociedade e,
a partir de sua disseminação, passam a consolidar um costume compreendido como
natural (normas). Apesar da importância desse tipo de trabalho, outros
importantes teóricos da cultura estabeleceram um questionamento sobre essa ideia
de “cultura dominante” ao mostrarem outra possibilidade de resposta, partindo
para o campo das práticas culturais, também podemos notar que o desenvolvimento
de costumes vão contra os pressupostos compartilhados pela maioria. Foi nesse
momento em que passou a se trabalhar com o conceito de “contracultura”,
definidor de todas as práticas e manifestações que visam criticar, debater e
questionar tudo aquilo que é visto como vigente em um determinado contexto sócio
histórico.
Um dos mais reconhecidos tipos de
manifestação contracultural aconteceu nas décadas de 1950 e 1960, nos Estados
Unidos. Após a Segunda Guerra Mundial, um verdadeiro “baby-boom” foi
responsável pelo surgimento de uma nova geração que viveria todo o conforto de
um país que enriqueceu rapidamente. Contudo, ao contrário do que se podia
esperar, essa geração desempenhou o papel de apontar os limites e problemas
gerados pela sociedade capitalista. Com o crescimento dos meios de comunicação,
a difusão de normas, valores, gostos e padrões de comportamento se libertaram
das amarras tradicionais e locais – como a religiosa e a familiar, ganhando uma
dimensão mais universal e aproximando a juventude de todo o globo, de uma maior
integração cultural e humana.
Rejeitando o elogio cego à nação,
o trabalho e a rápida ascensão social, esses jovens buscaram um abrigo contra
as instituições e valores que defendiam o consumismo e o cumprimento das
obrigações, a homogeneização. Surge então o movimento hippie, que incitou
milhares de jovens a cultuarem o amor livre, o desprendimento às convenções e o
desenvolvimento de todo um mundo que fosse alternativo ao que fosse oferecido
pelo sempre tão criticado “sistema”, teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e
utilizando novos meios de comunicação em massa. Jovens inovando
estilos, voltando-se mais para o antissocial aos olhos das famílias mais
conservadoras, com um espírito mais libertário, resumido como uma cultura underground, cultura alternativa ou
cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores
e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para
o indivíduo e pequenas realidades do cotidiano, embora o movimento Hippie, que
representa esse auge, almejasse a transformação da sociedade como um todo,
através da tomada de consciência, da mudança de atitude e do protesto político.
A contracultura pode ser definida
como um ideário divergente, que questiona valores centrais vigentes e
instituídos na cultura ocidental. Justamente por causa disso, são pessoas que
costumam se excluir socialmente e algumas que se negam a se adaptarem às visões
aceitas pelo mundo. A contracultura desenvolveu-se na América Latina, Europa e
principalmente nos EUA onde as pessoas buscavam valores novos.
Na verdade, como ideário, muitos
consideram o Existencialismo de Sartre como o marco inicial da contracultura, já na década de
1940, com seu engajamento político, defesa da liberdade, seu pessimismo
pós-guerra, etc, portanto, um movimento filosófico mais restrito, anterior ao
movimento basicamente artístico e comportamental da Beat Generetion que
resultaria em um movimento de massa, o movimento Hippie.
Na década de 1960, dessa forma, o
mundo conheceu o principal e mais influente movimento de contra cultura ja
existente, o movimento Hippie.
Os hippies se opunham
radicalmente aos valores culturais considerados importantes na sociedade: o trabalho,
o patriotismo e o nacionalismo, a ascensão social e até mesmo a "estética padrão".
O principal marco histórico da
cultura "hippie" foi o "Woodstock," um grande festival
ocorrido em 1969, que contou com a participação de artistas de diversos estilos
musicais, como o folk, o "rock'n'roll" e o blues, todos esses de
alguma forma ligados às críticas e à contestação do movimento.
A partir de todos esses fatos era
difícil ignorar-se a contracultura como forma de contestação radical, pois
rompia com praticamente todos os hábitos consagrados de pensamentos e comportamentos
da cultura dominante, surgindo inicialmente na imprensa foi ganhando espaço no
sentido de lançar rótulos ou modismos. O que marcava a nova onda de protestos
desta cultura que começava a tomar conta, principalmente, da sociedade americana
era o seu caráter de não-violência, por tudo que conseguiu expressar, por todo
o envolvimento social que conseguiu provocar, é um fenômeno verdadeiramente
cultural. Constituindo-se num dos principais veículos da nova cultura que
explodia em pleno coração das sociedades industriais avançadas.
O discurso crítico que o movimento
estudantil internacional elaborou ao longo dos anos de 1960 visava não apenas
as contradições da sociedade capitalista, mas também aquelas de uma sociedade
industrial capitalista, tecnocrática, nas suas manifestações mais simples e
corriqueiras. Neste período a contracultura teve seu lugar de importância, não
apenas pelo poder de mobilização, mas principalmente, pela natureza de ideias
que colocou em circulação, pelo modo como as veiculou e pelo espaço de
intervenção crítica que abriu.
O movimento da contracultura
valorizava:
- valorização da natureza;
- vida comunitária;
- luta pela paz (contra as guerras, conflitos e qualquer tipo de repressão);
- vegetarianismo: busca de uma alimentação natural;
- respeito às minorias raciais, culturais e sexuais;
- experiência com drogas psicodélicas,
- liberdade nos relacionamentos sexuais e amorosos,
- anticonsumismo
- aproximação das práticas religiosas orientais, principalmente do budismo;
- crítica aos meios de comunicação de massa como, por exemplo, a televisão;
- discordância com os princípios do capitalismo e economia de mercado
Atualmente a contracultura ainda vive, porém esta
preservada em pequenos grupos sociais e artísticos que contestam alguns
parâmetros estabelecidos pelo mercado cultural, governos e movimentos
tradicionalistas.
Texto produzido pelo Prof. Valdinei Gomes
Garcia para o Colégio Integrado, Campo Mourão (PR)
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