Cultura de massa e indústria cultural – novas tecnologias
“A expressão ‘cultura de massa’, posteriormente trocada por ‘indústria
cultural’, é aquela criada com um objetivo específico, atingir a massa popular,
maioria no interior de uma população, transpondo, assim, toda e qualquer diferença
de natureza social, étnica, etária, sexual etc.. Todo esse conteúdo é difundido
por meio dos veículos de comunicação de massa.
Os filósofos alemães da Escola
de Frankfurt, Theodor Adorno e Max
Horkheimer, foram os responsáveis pela criação do termo ‘Indústria Cultural’.
Estes pensadores presumiram a forma negativa como a recém-criada mídia seria utilizada
durante a Segunda Guerra Mundial.
Ambos eram de etnia judia, portanto sofreram perseguição dos nazistas e, para fugir deste contexto, partiram
para os EUA.
Antes do surgimento da cultura de massa, havia diversas configurações
culturais – a popular, em contraposição à erudita; a nacional, que “atava”,
“imaginava”, “tecia” e traçava” a identidade de uma população; a cultura no
sentido geral, definida como um agrupamento histórico de valores estéticos e
morais; e outras tantas culturas que produziam diversificadas identidades
populares.
Mas, a partir da segunda revolução industrial, no século XIX e do
predomínio das regras do mercado capitalista, as artes, a cultura e a mídia foram
submetidas à ideologia da indústria cultural. Com o nascimento do século XX e,
com ele, dos novos meios de comunicação, estas modalidades culturais ficaram
completamente submergidas sob o domínio da cultura de massa. Veículos como o
cinema, o rádio e a televisão, ganharam notório destaque e se dedicaram, em
grande parte, a homogeneizar os padrões da cultura. Não se pode falar em
indústria cultural e sua consequência, a cultura de massa, em um período
anterior ao da revolução Industrial, do surgimento de uma economia de mercado,
uma economia baseada no consumo de bens; e da existência de uma sociedade de
consumo, segunda parte do século XIX e início do século XX. Assim, a indústria
cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem com
funções do fenômeno da industrialização. E estas, através das alterações que
ocorrem no modo de produção e na forma de trabalho humano, que determina um
tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa).
Como esta cultura é, na verdade, produto de uma atividade econômica
estruturada em larga escala, de alcance internacional, hoje global, ela está
vinculada, inevitavelmente, ao poderoso capitalismo industrial e financeiro. A
serviço deste sistema, ela oprime incessantemente as demais culturas,
valorizando tão somente os gostos culturais da massa. Os produtos de criação da
cultura dos homens foram subordinados ao consumo, assim como os produtos
fabricados em série nas grandes fábricas. A chegada da cultura de massa
acaba submetendo as demais expressões “culturais” a um projeto comum e
homogêneo.
De acordo com Oliveira e Costa (2005), o filósofo alemão
Walter Benjamin afirmava que as artes e a cultura perderam sua autenticidade,
seu caráter único, irrepetível, ou a beleza duradoura, que ele chamou de aura,
de expressivas passaram a reprodutivas e repetitivas. De criação do belo,
tornaram-se eventos de consumo, e, por conseguinte de experimento de novidade,
tornaram-se consagração da moda. Ainda segundo estes autores, a indústria
cultural massifica a cultura e as artes para o consumo rápido no mercado da
moda e na mídia. Massificar é banalizar as artes e a produção de ideias.
Oliveira e Costa (2005) citam a filosofa Marilena Chauí para
ilustrar este fato:
“A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve
seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo,
provocá-lo, fazê-lo pensar. Fazê-lo ter informações novas que perturbem, mas
deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez.”
E deste modo, temos os realyties shows, os programas que
exploram a vida difícil de moradores da periferia dando-lhes a esperança de
saltar da favela à zona nobre da cidade rapidamente, transformando jovens em “princesas”,
os comerciais que tentam nos vender produtos inúteis e sem qualidade mas com
ótima produção do marketing para nos convencer de que comprá-lo mudará nossas
vidas, as revistas de fofocas etc.
Para Oliveira e Costa (2005) a expressão máxima da indústria
cultural são os meios de comunicação, de massa, ou mídia escrita ou eletrônica,
e destacam o poder da mídia enquanto manipulação, formação de opinião,
infantilização e condicionamento das mentes e produção cultural do grotesco
para despolitização. Segundo estes autores, essas características da mídia se
expressam de forma mais acentuada através da TV, rádio, jornais e revistas, que
estão ao alcance de uma parcela maior da população.
A
dominação estabelece-se através da detenção do meio de comunicação e do
aperfeiçoamento da sua tecnologia. Para além da orientação conceitual daquilo
que se designa por massa, outras considerações conceituais podem ser feitas: ou
massa num sentido de opacidade; ou massa num sentido de solidez ou coesão. Num
sentido crítico ou utilitário do poder com os apelos desta indústria, personificados principalmente na esfera
publicitária, principalmente aquela que se devota sem pudor ao sensacionalismo,
é quase impossível resistir aos sabores visuais da avalanche de imagens e símbolos
que inundam a mente humana o tempo todo. Este é o motor que move as engrenagens
da indústria cultural e aliena as mentalidades despreparadas.
Texto produzido pelo Prof. Valdinei Gomes
Garcia para o Colégio Integrado, Campo Mourão (PR)
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