AS CORRENTES SOCIOLÓGICAS
A existência de interesses opostos na sociedade capitalista
penetrou e invadiu a formação da sociologia, impedindo um entendimento comum
por parte dos pensadores, por isso, a sociologia se dividiu ideologicamente
entre a conservação e a transformação do status quo, dando margem ao nascimento
de diferentes tradições sociológicas (correntes sociológicas) que representam
as diferentes tendências ideológicas de compreensão e explicação da sociedade
capitalista. Assim, temos as primeiras teorias sobre as transformações
provocadas pelo capitalismo:
Profetas do passado – representados pelos
pensadores Edmund Burk (1729-1797), Joseph de Maistre (1753-1821) e Louis de
Bonald (1754-1840). Estes eram conservadores e tradicionalistas, tinham um
pensamento reacionário: condenavam o iluminismo e a revolução francesa,
culpavam pelo caos social, desorganização da família, da religião, das
corporações. Estes ideólogos eram apaixonados pelo equilíbrio das instituições
religiosas, monárquicas e aristocráticas da época feudal. Por isso, defendiam a
ordem e o equilíbrio da sociedade, preocuparam-se com o controle, integração,
posição, hierarquias sociais e também com os rituais da sociedade.
Socialismo utópico (ou romântico) – representados
por Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837), Pierre-Joseph
Proudhon (1809-1865), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-1858). Estes
eram transformadores, mas românticos, pois acreditavam que os ricos
capitalistas voluntariamente abririam mão de suas riquezas partilhando com os
pobres; apelavam para a natureza boa do ser humano que foi pervertida pelo
sistema capitalista. Eram utópicos porque criticavam o capitalismo e anunciavam
os princípios de uma sociedade futura ideal, mas sem indicar os meios para
torná-la real.
Positivismo – O positivismo é uma matriz
teórico-filosófica que deu origem a uma sociologia conservadora e afirmadora da
sociedade capitalista. Representado por Augusto Comte (1798-1857) e Emile
Durkheim (1858-1917). Estes se dedicaram em buscar a estabilidade social,
preocuparam-se com os problemas da manutenção da ordem capitalista, queriam
estabelecer o bom funcionamento desta sociedade, pretendiam solucionar os
problemas sociais através da coerção física e da educação moral, esta seria a
função da sociologia enquanto ciência positiva.
Socialismo científico – representado por Karl Marx
(1818-1883) e Frederic Engels (1820-1895). As ideias marxianas eram de base
estritamente econômica, assim, todas as questões sociais tinham origem na
desigualdade econômica entre as classes proprietárias e as não proprietárias
dos meios de produção. Por isso, pretendiam realizar mudanças radicais nesta
sociedade através de uma revolução socialista do proletariado, introduzindo a
sociedade comunista como uma sociedade justa e igualitária. Essa perspectiva
despertou um pensamento sociológico crítico e negador da sociedade capitalista.
Funcionalismo – representa uma teoria reprodutora
e conservadora da sociedade capitalista. O principal representante do
funcionalismo é Emile Durkheim (1858-1917), este pensador estabelece uma
analogia entre a sociedade e o organismo biológico humano. Assim a
sociedade funciona graças a seu sistema orgânico, onde cada instituição ou
pessoa faz parte de relações funcionais, fazendo uma organização social de
dependência e complementaridade das atividades sociais, assim a sociedade é um
todo organizado e harmônico.
Marxismo – corresponde às várias interpretações e
continuação complementares das teorias de Karl Marx e Engels. Entre seus
principais representantes podemos destacar: Lênin (1870-1924), Rosa Luxemburgo
(1871-1919), Gramsci (1891-1937) e outros. Baseado no socialismo científico e
nas novas conjunturas e contexto em que viviam, estes pensadores desenvolveram
novas perspectivas teóricas e práticas, implementando assim o socialismo real,
diferente do socialismo ideal (proposto por Marx).
Escola de Chicago – fundada em 1892, seus
principais representantes são George Homans Cooley (1846-1929), Talcott Parsons
(1902), Robert K. Merton (1910). Estes foram influenciados pelo
positivismo e o funcionalismo do francês Durkheim, do polonês Malinowski
(1884-1942), e do italiano Vilfredo Pareto (1848-1923). Assim a sociologia
chegou aos E.U.A, através da escola de Chicago que desenvolveu a investigação
de campo, de dados empíricos neutros e objetivos, com procedimentos
quantitativos e estatísticos, foram pioneiros nos métodos ecológicos e
etnográficos; desvinculando-se da realidade concreta de sua época, construíram
vários conceitos arbitrários e artificiais, dedicando-se a casos isolados e
irrelevantes como as relações sociais em outras sociedades e outros momentos. A
sociologia norte-americana pretendia neutralizar os ideais e teorias do
socialismo marxista, entretanto, também romperam com o estilo dos clássicos que
se dedicaram a uma significação histórica como a formação do capitalismo e a
totalidade da vida social.
Escola de Frankfurt – fundada em 1923, sob o nome
de Instituto de Pesquisa Social, seus principais representantes são: Max
Horkheimer (1895-1973), Walter Benjamin (1892-1940), Theodor W. Adorno
(1906-1969), Herbert Marcuse (1898-1979) e Jurgem Habermas (1929). Sua
filosofia também é conhecida como Teoria crítica. Os frankfurtianos criticam a
dominação da natureza para fins lucrativos colocando a ciência e a técnica a
serviço do capital. Os frankfurtianos querem recuperar a razão não repressora,
capaz de autocrítica e a serviço da emancipação humana. Esses pensadores
reutilizam o conceito de iluminismo em sentido mais amplo – um pensador
iluminista sempre combate as superstições, o arbítrio do poder e defende o
pluralismo e a tolerância.
Disponível em <http://jkcarlossofia.blogspot.com.br>
Acesso: 30/mai/2018
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