Raciocínio analógico
A analogia é o
raciocínio que se desenvolve a partir da semelhança entre casos particulares.
Através dele não se chega a uma conclusão geral, mas só a outra proposição
particular. Na nossa vida prática, agimos muitas vezes por analogia: minissaia
fica bem na Xuxa, logo fica bem em mim; tal remédio fez bem para meu amigo,
portanto fará bem para mim; fulana emagreceu com o regime da lua, logo eu
também emagrecerei; e assim por diante. Fazemos muitas coisas que os outros
fazem, com a esperança de obter os mesmos resultados.
As analogias podem ser
fortes ou fracas, dependendo das semelhanças entre os dois tipos de objetos
comparados. Quando a semelhança entre os objetos se manifesta em áreas
relevantes para o argumento, a analogia tem mais força do que quando os objetos
apresentam semelhanças não-relevantes para a conclusão. Por exemplo, o fato de
ter olhos azuis (semelhança com a Xuxa) não justifica que a minissaia fique bem
em alguém que não tenha semelhança de idade ou de físico.
Assim, o raciocínio
analógico não oferece certeza, mas, tão-somente, uma certa dose de
probabilidade. Por outro lado, porque exige um salto muito grande, é onde se
abre o espaço para a invenção, tanto artística quanto científica. Gutenberg
inventa a imprensa a partir da impressão de pegadas deixadas no chão por pés
sujos de suco de uva. Fleming inventa a penicilina ao ver que bactérias
cultivadas em laboratório morriam em contato com o bolor que se formara por
acaso. Raciocinando analogicamente, supõe que bactérias que causavam doenças ao
corpo humano também pudessem ser destruídas por bolor.
Assim, procurando saber
como podemos conhecer e o que garante a verdade do conhecimento, percebemos que
o homem constrói o seu conhecimento de vários modos, que cada um depende de um
tipo de raciocínio diferente e chega a um tipo específico de verdade, ou seja,
a verdade mítica, científica, filosófica e artística são bastante diferentes
umas das outras.
Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas
de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).
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