"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Raciocínio analógico



A analogia é o raciocínio que se desenvolve a partir da semelhança entre casos particulares. Através dele não se chega a uma conclusão geral, mas só a outra proposição particular. Na nossa vida prática, agimos muitas vezes por analogia: minissaia fica bem na Xuxa, logo fica bem em mim; tal remédio fez bem para meu amigo, portanto fará bem para mim; fulana emagreceu com o regime da lua, logo eu também emagrecerei; e assim por diante. Fazemos muitas coisas que os outros fazem, com a esperança de obter os mesmos resultados.  

As analogias podem ser fortes ou fracas, dependendo das semelhanças entre os dois tipos de objetos comparados. Quando a semelhança entre os objetos se manifesta em áreas relevantes para o argumento, a analogia tem mais força do que quando os objetos apresentam semelhanças não-relevantes para a conclusão. Por exemplo, o fato de ter olhos azuis (semelhança com a Xuxa) não justifica que a minissaia fique bem em alguém que não tenha semelhança de idade ou de físico.
Assim, o raciocínio analógico não oferece certeza, mas, tão-somente, uma certa dose de probabilidade. Por outro lado, porque exige um salto muito grande, é onde se abre o espaço para a invenção, tanto artística quanto científica. Gutenberg inventa a imprensa a partir da impressão de pegadas deixadas no chão por pés sujos de suco de uva. Fleming inventa a penicilina ao ver que bactérias cultivadas em laboratório morriam em contato com o bolor que se formara por acaso. Raciocinando analogicamente, supõe que bactérias que causavam doenças ao corpo humano também pudessem ser destruídas por bolor.
Assim, procurando saber como podemos conhecer e o que garante a verdade do conhecimento, percebemos que o homem constrói o seu conhecimento de vários modos, que cada um depende de um tipo de raciocínio diferente e chega a um tipo específico de verdade, ou seja, a verdade mítica, científica, filosófica e artística são bastante diferentes umas das outras.

Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).

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