Conhecimento, pensamento e lógica
Já que o pensamento é a
manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso
estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida.
Assim, a lógica é o
ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto,
sendo, portanto, um instrumento do
pensar. A aprendizagem da lógica não constitui um fim em si. Ela só tem
sentido enquanto meio de garantir que nosso pensamento proceda corretamente a
fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica
trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da
apresentação de evidências que a sustentam.
O principal organizador
da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada Órganon. Ele divide a lógica em: formal e material.
Exemplo:
O cobre é condutor de
eletricidade, e a prata, e o ouro, e o ferro, e o zinco...
Logo, todo metal é condutor
de eletricidade.
É importante que a
enumeração de dados (que correspondem a tantas experiências feitas) seja
suficiente para permitir a passagem do particular para o geral. Entretanto, a
indução sempre supõe a probabilidade, isto
é, já que tantos se comportam de tal
forma, é muito provável que todos se comportem assim.
Em função desse
"salto", há maior possibilidade de erro nos raciocínios indutivos,
uma vez que basta encontrarmos uma exceção
para invalidar a regra geral. Por outro lado, é esse mesmo
"salto" em direção ao provável que torna possível a descoberta, a
proposta de novos modos de compreender o mundo. Por isso, a indução é o tipo de
raciocínio mais usado em ciências experimentais.
Outro tipo de
raciocínio indutivo bastante utilizado é aquele que se desenvolve a partir do argumento de autoridade, uma vez que
utilizar o testemunho de uma pessoa, instituição ou obra para sustentar uma
conclusão é um modo válido de apresentar evidência. Nesse caso, a indução é justificada da seguinte forma: esta
pessoa já emitiu vários juízos válidos a respeito do assunto em pauta, e
podemos concluir que todos os seus juízos sobre o assunto são igualmente
válidos.
Quando usamos livros,
autores, enciclopédias ou especialistas para fundamentar nosso raciocínio, estamos
invocando sua autoridade no assunto e, por isso, é muito importante citar nossas fontes, para que o leitor possa
conferir se a ideia citada não foi deturpada.
A autoridade invocada
precisa ser honesta, estar informada sobre o assunto considerado, e seu
pronunciamento deve estar baseado em evidências objetivas que possam ser
comprovadas por outras pessoas competentes. Nesse caso, a autoridade é digna de
confiança e seu testemunho é evidência para a conclusão. O argumento será
indutivamente correto.
Há, entretanto, muitos
empregos incorretos desse tipo de argumento, dando lugar a falácias lógicas (contra a lógica formal) ou a falácias de falsa premissa (contra a lógica material).
• A autoridade pode ser
erroneamente citada ou interpretada. Por exemplo, quando a afirmação é retirada
de seu contexto original e aplicada em outro. Ou quando é feita uma
generalização indevida, isto é, algo
que é correto para um grupo restrito de elementos é generalizado para toda a
espécie. Neste caso, temos a falácia de
falsa premissa.
• A autoridade é popular mas não tem competência para opinar
sobre o assunto. Neste caso, o apelo utilizado é meramente emocional, uma vez
que nenhuma evidência lógica é oferecida. Transfere-se o prestígio da
autoridade para a conclusão. É um tipo de argumento incorreto frequentemente
usado em propaganda.
• A autoridade,
reconhecida por sua contribuição em um determinado campo, opina sobre assuntos
que não estão dentro de sua área de competência e, portanto, seu testemunho não
é confiável. Tanto o anterior quanto este são exemplos de falácia lógica.
Assim, é preciso que
tomemos grande cuidado ao sustentar
nossas conclusões sobre o argumento de autoridade, pois a confiabilidade de
nossa indução dependerá, em grande parte, da confiabilidade da autoridade
utilizada.
Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas
de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).
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