"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Sêneca e a Felicidade (parte 01/03)

Sêneca: 4 a.C - 65 d.C

Vimos o caminho proposto por Aristóteles para que o homem possa viver bem e, portanto, atingir a finalidade de sua vida: a felicidade.
Enquanto Aristóteles distingue felicidade de virtude, entendendo a felicidade como fim último do homem, e a virtude como meio para atingi-la, os estóicos entendem felicidade e virtude como uma coisa só.
Portanto, para os estóicos, a felicidade consiste em viver segundo a natureza, pois “(...) postulam que a Natureza é permeada de racionalidade: o mundo é um todo orgânico, solidário e dirigido por uma razão universal, que é deus. [...] Tudo se submete a essa ordem universal: na filosofia estóica, não há lugar para o acaso, a desordem e a imperfeição como em Aristóteles e Platão”. (WILLIAN LI, p. 14)
Entre os estóicos destaca-se Sêneca que viveu três séculos depois de Aristóteles, ou seja, do ano 4 a.C. ao 65 d.C. É considerado o maior estóico do mundo latino.
Sêneca viveu em Roma no período denominado Helenismo, datado entre o século IV a.C. até III d.C.
Sabe-se que Sêneca foi um dos principais filósofos estóicos do mundo latino e o Estoicismo uma escola filosófica que teve uma longa trajetória histórica.
Pierre Lévêque apresenta o estoicismo em dois momentos específicos. São eles: o Antigo Estoicismo e o Médio Estoicismo.
“O estoicismo, assim chamado por causa do nome do Pórtico (em grego Stoá) do Poecilo onde os discípulos de Zenão se reuniam em Atenas, nasceu da mesma necessidade de paz e certeza, de paz pela certeza, num dos períodos mais perturbados da história grega”. (LÉVÊ-QUE, s/d, p. 118)
Em relação ao Médio Estoicismo, ocorre no século II a.C. em função das violentas críticas de Carnéades (215-129 a.C. - filósofo que defendia o probabilismo, ou seja, que não existe verdade, mas opiniões mais ou menos prováveis).
Diz Lévêque: “A evolução testemunhada pelo médio estoicismo é o melhor sinal da vitalidade de uma doutrina cuja ética representa, sem dúvida, a mais bela criação do espírito humano na Antigüidade” (LÉVÊ-QUE, s/d, p. 119)

Devemos igualmente mostrar docilidade e não ser escravos demais das resoluções que tomamos; ceder de boa vontade à pressão das circunstâncias e não temer mudar, seja de resolução, seja de atitude, contanto que não caiamos na versatilidade, que é de todos os caprichos o mais prejudicial à nossa tranqüilidade. Porque se a obstinação é inevitavelmente inquieta e deplorável, visto que a fortuna lhe arranca a todo momento qualquer coisa, a leviandade é ainda muito mais penosa, porque ela não se fixa em nada. Estes dois excessos são funestos à tranqüilidade da alma: recusar-se a toda alteração e nada suportar. (SÊNECA, 1973, p. 71)

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