As teorias sociológicas na compreensão do presente (Parte 07/13)
Max Weber
Uma outra maneira de ver a sociedade...
O pensamento do sociólogo que estudaremos a seguir vai em direção diferente ao que vimos até agora. Max Weber (1864-1920), ao contrário de Durkheim e Comte, acreditou na possibilidade da interpretação da sociedade partindo não dos fatos sociais já consolidados e suas características externas (leis, instituições, normas, regras, etc). Propôs começar pelo indivíduo que nela vive, ou melhor, pela verificação das “intenções”, “motivações”, “valores” e “expectativas” que orientam as ações do indivíduo na sociedade. Sua proposta é a de que os indivíduos podem conviver, relacionar-se e até mesmo constituir juntos algumas instituições (como a família, a igreja, a justiça), exatamente porque quando agem eles o fazem partilhando, comungando uma pauta bem parecida de valores, motivações e expectativas quanto aos objetivos e resultados de suas ações. E mais, seriam as ações recíprocas (repetidas e “combinadas”) dos indivíduos que permitiriam a constituição daquelas formas duráveis (Estado, Igreja, casamento, etc.) de organização social.
Weber desenvolve a teoria da Sociologia Compreensiva, ou seja, uma teoria que vai entender a sociedade a partir da compreensão dos ‘motivos’ visados subjetivamente pelas ações dos indivíduos.
Uma crítica de Weber aos positivistas, entre os quais se encontrariam Comte e Durkheim, deve-se ao fato de que eles pretendiam fazer da Sociologia uma ciência positiva, isto é, baseada nos mesmos métodos de investigação das ciências naturais. Segundo Weber, as ciências naturais (biologia, física, por exemplo) conseguiriam explicar aquilo que estudam ( a natureza) em termos de descobrir e revelar relações causais diretas e exclusivas, que permitiriam a formulação de leis de funcionamento de seus eventos, como as leis químicas e físicas que explicam o fenômeno da chuva. Mas a ciência social não poderia fazer exatamente o mesmo. Segundo Weber, não haveria como garantir que uma ação ou fenômeno social ocorrerá sempre de determinada forma, como resposta direta a esta ou aquela causa exclusiva. No caso das Ciências Humanas, isso ocorre porque o ser humano possui “subjetividade”, que aparece na sua ação na forma de valores, motivações, intenções, interesses e expectativas.
Embora esses elementos que compõem a subjetividade humana sejam produtos culturais, quer dizer, produtos comuns acolhidos e assumidos coletivamente pelos membros da sociedade, ou do grupo, ainda assim se vê que os indivíduos vivenciam esses valores, motivações e expectativas de modos particulares. Às vezes com aceitação e reprodução dos valores e normas propostas pela cultura comum do grupo; outras vezes, com questionamentos e reelaboração dessas indicações e até rejeição das mesmas.
Decorre dessa característica (de certa autonomia, criatividade e inventividade do ser humano diante das obrigações e constrangimentos da sociedade) a dificuldade de se definir leis de funcionamento da ação social que sejam definitivas e precisas.
Por isso, o que a Sociologia poderia fazer, seria desenvolver procedimentos de investigação que permitissem verificar que conjunto de “motivações”, valores e expectativas compartilhadas, estaria orientando a ação dos indivíduos envolvidos no fenômeno que se quer compreender, como uma eleição, por exemplo. Seria possível sim, prever, com algum acerto, como as pessoas votarão numa eleição, pesquisando sua “subjetividade”, ou seja, levantando qual é, naquela ocasião dada, o conjunto de valores, motivações, intenções e expectativas compartilhadas pelo grupo de eleitores em foco, e que servirão para orientar sua escolha eleitoral. Esses pressupostos estão por detrás das conhecidas “pesquisas de intenção de voto”, bastante freqüentes em vésperas de eleições.
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