"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Renascimento (Parte 05/08)

Copérnico: Conversa com Deus, por Jan Matejko



A NOVA VISÃO DE MUNDO - (Páginas 222-231.)

— Já estivemos na Lua. Alguém da Idade Média teria considerado isto possível?
— Ninguém, com toda a certeza. E isto nos leva à nova visão de mundo vigente no Renascimento. Durante toda a Idade Média, as pessoas tinham o céu sobre suas cabeças e precisavam olhar para cima para ver o Sol, a Lua, as estrelas e os planetas. Mas ninguém duvidava de que a Terra fosse o centro do universo. Nenhuma das observações realizadas naquela época lançava qualquer dúvida sobre o fato de que a Terra estava parada e os “corpos celestes” se movimentavam em torno dela. Chamamos esta noção de visão geocêntrica do mundo. Ela era corroborada pela noção cristã de que Deus estava sentado em seu trono acima de todos os corpos celestes.

— Se fosse assim tão fácil…
— Em 1543, porém, surgiu uma obra intitulada Das revoluções dos mundos celestes. Ela tinha sido escrita pelo astrônomo polonês Copérnico, que morreu no mesmo dia em que sua obra pioneira foi publicada. Copérnico dizia que não era o Sol que girava em torno da Terra, mas a Terra que girava em torno do Sol. Pelo menos era isto o que, a seu ver, indicavam as observações sobre os corpos celestes feitas até então. E o fato de as pessoas terem acreditado que o Sol girava em torno da Terra se explicava, segundo ele, pelo fato de que a Terra também girava em torno do seu próprio eixo. Copérnico chamou a atenção, portanto, para o fato de podermos compreender com muito mais facilidade todas as observações dos corpos celestes se tomarmos como pressuposto o fato de que a Terra e os outros planetas descrevem órbitas circulares em torno do Sol. Chamamos isto de visão heliocêntrica do mundo, ou seja, tudo gira em torno do Sol.
— E isto não está certo?
— Não. Copérnico não tinha nenhuma prova dos movimentos circulares, a não ser a antiga concepção de que os corpos celestes eram esferas que descreviam trajetórias circulares, simplesmente porque eram “celestiais”. Desde os tempos de Platão, as esferas e os círculos eram considerados as figuras geométricas perfeitas. Em inícios do século XVII, o astrônomo alemão Johannes Kepler apresentou os resultados de exaustivas observações, que provavam que os planetas se moviam em trajetórias elípticas, ou ovais, em torno de um foco, o Sol. Ele também comprovou que os planetas se movimentam tanto mais rapidamente quanto maior é a sua proximidade do Sol. Por fim, provou ainda que um planeta se movimenta tanto mais lentamente quanto maior é a distância que o separa do Sol. Somente com os estudos de Kepler ficou claro que a Terra é um planeta como todos os outros. Kepler afirmou também que essas mesmas leis físicas valem para todo o universo.
— Como ele podia ter tanta certeza?
— Ele podia ter tanta certeza porque tinha pesquisado os movimentos dos planetas com os seus próprios sentidos, ao invés de se fiar cegamente em tradições que remontavam à Antigüidade. Mais ou menos na mesma época em que viveu Kepler, viveu também o famoso cientista italiano Galileu Galilei. Com a ajuda de um telescópio, Galileu Galilei observou os corpos celestes, estudou as crateras da Lua e constatou que, como na Terra, também lá havia montanhas e vales. Galileu também descobriu que o planeta Júpiter tem quatro luas. A Terra não era, portanto, o único planeta que tinha uma lua. O mais importante, porém, é que Galileu descobriu a chamada lei da inércia.
— E o que diz esta lei?
— “Todo corpo permanece no estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta enquanto não é obrigado a alterar este estado pela ação de forças que atuam de fora.” Esta formulação, porém, não foi feita por Galileu, mas por Isaac Newton, muitos anos mais tarde.
— Se é você que diz…

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