O antropólogo Claude
Lévi-Strauss estudou o “pensamento selvagem” para mostrar que os chamados
selvagens não são atrasados nem primitivos, mas operam com o pensamento mítico.
O mito e o rito, escreve
Lévi-Strauss, não são lendas nem fabulações, mas uma organização da realidade a
partir da experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição de um
mito, Lévi-Strauss se refere a uma atividade que existe em nossa sociedade e
que, em francês, se chama bricolage.
Que faz um bricoleur, ou
seja, quem pratica bricolage? Produz um objeto novo a partir de pedaços
e fragmentos de outros objetos. Vai reunindo, sem um plano muito rígido, tudo o
que encontra e que serve para o objeto que está compondo. O pensamento mítico
faz exatamente a mesma coisa, isto é, vai reunindo as experiências, as
narrativas, os relatos, até compor um mito geral. Com esses materiais
heterogêneos produz a explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções
e suas finalidades, os poderes divinos sobre a Natureza e sobre os humanos. O
mito possui, assim, três características principais: