"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

As invasões holandesas - Resumo


Desde o inicio do século XVI, Holanda e Portugal mantinham intensas relações comerciais. Os holandeses distribuíam, na Europa, especiarias, vinho, madeiras e açúcar de Portugal e vendiam trigo, manteiga, queijo e manufaturas para os portugueses. A Holanda também participou diretamente da economia canavieira do Brasil, desde o momento de sua implantação.

No final do século XVI, essa parceria comercial foi interrompida, porque Portugal, durante 60 anos, ficou sob o domínio da Espanha, que era inimiga da Holanda. Foi a chamada União das Coroas Ibéricas, na qual espanhóis e portugueses tiveram os mesmos reis.
Em 1580, quando Portugal e suas colônias passaram para o domínio espanhol, a Espanha estava em guerra com a Holanda. O rei espanhol, Felipe II, impôs uma série de impedimentos aos navios holandeses, provocando a interrupção do comércio de vários produtos, inclusive do açúcar brasileiro.
Um grupo de comerciantes holandeses fundou a Companhia das Índias Ocidentais, cujo objetivo principal era a conquista de territórios na América e na África. Os holandeses promoveram duas invasões no Brasil: a primeira na Bahia e a segunda em Pernambuco.

Invasões holandesas na Bahia

A Companhia das Índias Ocidentais planejou invadir a Bahia, região produtora de açúcar. Em 1624, uma esquadra holandesa bombardeou Salvador, a capital da colônia. Em pânico, os habitantes fugiram da cidade. Em 24 horas, Salvador caiu nas mãos dos invasores, e o governador-geral do Brasil, Diogo Mendonça Furtado, foi preso e enviado para a Holanda.
O bispo D. Marcos Teixeira organizou grupos de guerrilha para resistir aos invasores. Era a tática de ataques rápidos, que desgastava o inimigo. Os holandeses eram impedidos de avançar para o interior e, com isso, não conseguiam obter provisões.
Em 1625, uma grande esquadra luso-espanhola foi enviada para lutar e expulsar os invasores. Derrotados, os holandeses foram obrigados a deixar o Brasil. O fracasso da invasão da Bahia prejudicou financeiramente a Companhia das Índias, mas, em 1628, os holandeses atacaram navios espanhóis e se apossaram das mercadorias, principalmente prata. Com as finanças recuperadas, a Holanda novamente voltou seus olhos para o Brasil.

A invasão de Pernambuco (1630-1654)

Em 1630, uma enorme frota holandesa chegou a Pernambuco. A defesa organizada pelo governador Matias de Albuquerque foi insuficiente, caindo Olinda e, posteriormente, Recife nas mãos dos invasores.
Matias de Albuquerque organizou entre Olinda e Recife o Forte do Arraial do Bom Jesus, que durante 05 anos foi um importante núcleo de resistência, do qual participavam senhores de engenho, escravos e indígenas. O governo pernambucano queria evitar que os holandeses penetrassem no interior, onde se localizavam os grandes engenhos.
Contudo, essa situação mudou quando alguns brasileiros passaram para o lado dos holandeses, principalmente Domingos Fernandes Calabar, que havia lutado na defesa do Arraial do Bom Jesus. A colaboração de Calabar, conhecedor da região e do sistema de defesa, foi fundamental para a expansão holandesa no Nordeste.
Em 1635, o Arraial do Bom Jesus foi dominado pelos holandeses, mas Matias de Albuquerque conseguiu prender Calabar, que foi julgado por crime de alta traição e executado.

O governo de Maurício de Nassau

Para consolidar sua conquista, a Companhia das Índias Ocidentais escolheu João Mauricio de Nassau-Siegen para governar o Brasil holandês. Nassau chegou a Pernambuco no ano de 1637 e foi um hábil administrador. Sua política era manter relações amistosas entre a administração holandesa e a população local. Entre as realizações de Nassau, destacam-se:
• incentivo à economia açucareira, emprestando dinheiro para os senhores de engenho que estavam em dificuldades econômicas, e construção de novos engenhos;
• aumento da escravidão, garantindo o abastecimento de mão-de-obra para as lavouras;
• criação de hospitais e orfanatos;
• garantia de liberdade religiosa, apesar de vir de um pais protestante;
• urbanização de Recife, com a construção de pontes, canais, palácios, museus, jardim botânico;
• grande incentivo às artes e ciências. Nassau trouxe artistas e cientistas. Os pintores retrataram paisagens e a vida cotidiana, e os cientistas estudaram a flora e a fauna do Brasil.

Em 1640, durante o governo de Maurício de Nassau, Portugal conseguiu se libertar do domínio espanhol. Teve início a dinastia de Bragança, com a coroação do rei D. João IV. A política de Nassau descontentou a Companhia das Índias Ocidentais, que considerou algumas medidas prejudiciais aos seus interesses. Em 1644, Nassau foi destituído e voltou para a Holanda. Com sua saída, o novo governo tomou várias medidas que descontentaram a população local, entre elas, o aumento dos impostos, o confisco de propriedades e a intolerância religiosa.

Expulsão dos holandeses

A reação aos holandeses teve inicio em 1642,no Maranhão, mas só se intensificou em 1645,com a eclosão da Insurreição Pernambucana.
Esse movimento, do qual participaram brancos, negros e índios, foi liderado pelos senhores de engenho André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, pelo negro Henrique Dias e pelo indígena Felipe Camarão.
Várias batalhas foram travadas, das quais se destaca a de Monte Tabocas (1645), da qual os revoltosos saíram vitoriosos. Em 1648 e 1649, ocorreram as duas Batalhas dos Guararapes; os
revoltosos venceram e impediram o ataque holandês ao centro de abastecimento. Finalmente, em 1654, com reforços portugueses, os holandeses foram definitivamente derrotados na Campina do Taborda.
Em 1661, Portugal e Holanda assinaram um tratado de paz, no qual a Holanda desistia de suas pretensões sobre o Brasil, em troca de uma indenização. Após serem expulsos, os holandeses levaram seu capital para as Antilhas, criando nessa região uma área produtora de açúcar, que fez concorrência com a produção brasileira, provocando seu declínio.

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