Filosofia Medieval
Filosofia medieval (do século VIII ao século XIV)
Abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É o período
em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava
Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras
universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido ensinada nas
escolas, a Filosofia medieval também é conhecida com o nome de Escolástica.
A Filosofia medieval teve como influências principais
Platão e Aristóteles, embora o Platão que os medievais conhecessem fosse o
neoplatônico (vindo da Filosofia de Plotino, do século VI d.C.), e o
Aristóteles que conhecessem fosse aquele conservado e traduzido pelos árabes, particularmente
Avicena e Averróis.
Conservando e discutindo os mesmos problemas que a
patrística, a Filosofia medieval acrescentou outros - particularmente um,
conhecido com o nome de Problema dos Universais - e, além de Platão e
Aristóteles, sofreu uma grande influência das idéias de Santo Agostinho.
Durante esse período surge propriamente a Filosofia cristã, que é, na verdade,
a teologia. Um de seus temas mais constantes são as provas da existência de
Deus e da alma, isto é, demonstrações racionais da existência do infinito
criador e do espírito humano imortal.
A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito
(homem, mundo), a diferença entre razão e fé (a primeira deve subordinar-se à
segunda), a diferença e separação entre corpo (matéria) e alma (espírito), O
Universo como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e governam os
inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, minerais), a
subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual de papas e
bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval.
Outra característica marcante da Escolástica foi o método
por ela inventado para expor as idéias filosóficas, conhecida como disputa:
apresentava-se uma tese e esta devia ser ou refutada ou defendida por argumentos
tirados da Bíblia, de Aristóteles, de Platão ou de outros Padres da Igreja.
Assim, uma idéia era considerada uma tese verdadeira ou
falsa dependendo da força e da qualidade dos argumentos encontrados nos vários
autores. Por causa desse método de disputa - teses, refutações, defesas,
respostas, conclusões baseadas em escritos de outros autores -, costuma-se
dizer que, na Idade Média, o pensamento estava subordinado ao princípio da
autoridade, isto é, uma idéia é considerada verdadeira se for baseada nos
argumentos de uma autoridade reconhecida (Bíblia, Platão, Aristóteles, um papa,
um santo).
Os teólogos medievais mais importantes foram: Abelardo,
Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto
Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, São Boaventura. Do lado árabe:
Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli. Do lado judaico: Maimônides,
Nahmanides, Yeudah bem Levi.
Fonte:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia.
São
Paulo: Ed. Ática, 2000.
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