Período pré-socrático ou cosmológico
Pode-se perceber que os dois primeiros períodos da
Filosofia grega têm como referência o filósofo Sócrates de Atenas, donde a
divisão em Filosofia pré-socrática e socrática.
Os principais filósofos pré-socráticos foram:
● filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes
de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;
● filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau
de Crotona e Árquitas de Tarento;
● filósofos da Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenão
de Eléia;
● filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de
Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
As principais características da cosmologia são:
● É uma explicação racional e sistemática sobre a origem,
ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de
modo que, ao explicar a Natureza, a Filosofia também explica a origem e as
mudanças dos seres humanos.
● Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que
o mundo tenha surgido do nada (como é o caso, por exemplo, na religião
judaico-cristã, na qual Deus cria o mundo do nada). Por isso diz: “Nada vem do
nada e nada volta ao nada”. Isto significa: a) que o mundo, ou a Natureza, é
eterno; b) que no mundo, ou na Natureza, tudo se transforma em outra coisa sem
jamais desaparecer, embora a forma particular que uma coisa possua desapareça
com ela, mas não sua matéria.
● O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e
para onde tudo volta é invisível para os olhos do corpo e visível
somente para o olho do espírito, isto é, para o pensamento.
● O fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde
tudo brota e para onde tudo retorna é o elemento primordial da Natureza e
chama-se physis (em grego, physis vem de um verbo que significa
fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a
Natureza eterna e em perene transformação.
● Afirma que, embora a physis (o elemento primordial
eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados
e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são
perecíveis ou mortais.
● Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de
serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade (por
exemplo, o branco amarelece, acinzenta, enegrece; o negro acinzenta,
embranquece; o novo envelhece; o quente esfria; o frio esquenta; o seco fica
úmido; o úmido seca; o dia se torna noite; a noite se torna dia; a primavera
cede lugar ao verão, que cede lugar ao outono, que cede lugar ao inverno; o
saudável adoece; o doente se cura; a criança cresce; a árvore vem da semente e
produz sementes, etc.) e mudando de quantidade (o pequeno cresce e fica grande;
o grande diminui e fica pequeno; o longe fica perto se eu for até ele, ou se as
coisas distantes chegarem até mim, um rio aumenta de volume na cheia e diminui
na seca, etc.). Portanto o mundo está em mudança contínua, sem por isso perder
sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança - nascer, morrer, mudar de qualidade ou de
quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movimento permanente.
O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue
leis rigorosas que o pensamento conhece. Essas leis são as que mostram que toda
mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia-noite, claro-escuro,
quente-frio, seco-úmido, novo-velho, pequeno-grande, bom-mau, cheio-vazio,
um-muitos, etc., e também no sentido inverso, noite-dia, escuro-claro,
frio-quente, muitos-um, etc. O devir é, portanto, a passagem contínua de
uma coisa ao seu estado contrário e essa passagem não é caótica, mas obedece a
leis determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.
Os diferentes filósofos escolheram diferentes physis,
isto é, cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer qual era o
princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas
transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido;
Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas;
Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e
Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.
Fonte:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia.
São
Paulo: Ed. Ática, 2000.
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