Maquiavélico, maquiavelismo
Estamos acostumados a ouvir as expressões maquiavélico e maquiavelismo.
São usadas quando alguém deseja referir-se tanto à política quanto aos
políticos, quanto a certas atitudes das pessoas, mesmo quando não ligadas
diretamente a uma ação política (fala-se, por exemplo, num comerciante
maquiavélico, numa professora maquiavélica, no maquiavelismo de certos jornais,
etc.).
Quando ouvimos ou empregamos essas expressões? Sempre que pretendemos
julgar a ação ou a conduta de alguém desleal, hipócrita, fingidor,
poderosamente malévolo, que brinca com sentimentos e desejos dos outros,
mente-lhes, faz a eles promessas que sabe que não cumprirá, usa a boa-fé alheia
em seu próprio proveito.
Falamos num “poder maquiavélico” para nos referirmos a um poder que age
secretamente nos bastidores, mantendo suas intenções e finalidades
desconhecidas para os cidadãos; que afirma que os fins justificam os meios e
usa meios imorais, violentos e perversos para conseguir o que quer; que dá as
regras do jogo, mas fica às escondidas, esperando que os jogadores causem a si
mesmos sua própria ruína e destruição.
Maquiavélico e maquiavelismo
fazem pensar em alguém extremamente poderoso e perverso, sedutor e enganador,
que sabe levar as pessoas a fazerem exatamente o que ele deseja, mesmo que
sejam aniquiladas por isso. Como se nota, maquiavélico
e maquiavelismo correspondem àquilo
que, em nossa cultura, é considerado diabólico.
Que teria escrito Maquiavel para que gente que nunca leu sua obra e que nem
mesmo sabe que existiu, um dia, em Florença, uma pessoa com esse nome, fale em maquiavélico e maquiavelismo?
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, 2000.
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