A tecnocracia
O desenvolvimento acelerado da técnica cria o
mito do progresso. Segundo essa crença, tudo tende para o aperfeiçoamento,
mediante a atualização de potencialidades que se encontram em estado latente,
embrionário. E, se tudo evolui para melhor, o desenvolvimento da ciência e da
tecnologia faria só acelerar esse processo.
A partir de tal concepção, compreende-se
como natural a necessidade do aumento crescente da produção (ideal de
produtividade); para tanto é estimulada a competitividade (a fim de que cada
empresa seja melhor naquilo que produz), bem como a especialização (segundo a
qual cada vez mais as grandes decisões são deixadas a cargo de especialistas
na área).
Com o passar do tempo, as formas de controle
de produção e divisão do trabalho se tornam mais rigorosas, desenvolvendo-se
para tanto métodos científicos de "racionalização" do trabalho, que
têm em vista os objetivos já referidos de produtividade, competitividade e
especialização.
O mundo da produção assim configurado leva
fatalmente à tecnocracia, que significa o domínio dos técnicos e da técnica. Ou
seja, na civilização tecnicista e cientificista, a última palavra é sempre
dada ao especialista, ao técnico competente.
No entanto, vivemos hoje a crise desses
valores. O ideal do progresso inexorável é desmistificado quando constatamos
que o desenvolvimento da ciência e da técnica nem sempre vem acompanhado pelo
progresso moral.
Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas
de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).
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