"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

A tecnocracia


O desenvolvimento acelerado da técnica cria o mito do progresso. Segundo essa crença, tudo tende para o aperfei­çoamento, mediante a atualização de potencialidades que se encontram em estado latente, embrionário. E, se tudo evolui para melhor, o desenvolvimen­to da ciência e da tecnologia faria só ace­lerar esse processo.
A partir de tal concepção, com­preende-se como natural a necessida­de do aumento crescente da produção (ideal de produtividade); para tanto é es­timulada a competitividade (a fim de que cada empresa seja melhor naquilo que produz), bem como a especialização (se­gundo a qual cada vez mais as grandes decisões são deixadas a cargo de espe­cialistas na área). 

Com o passar do tempo, as formas de controle de produção e divisão do trabalho se tornam mais rigorosas, desenvolvendo-se para tanto métodos científicos de "racionalização" do tra­balho, que têm em vista os objetivos já referidos de produtividade, competiti­vidade e especialização.
O mundo da produção assim confi­gurado leva fatalmente à tecnocracia, que significa o domínio dos técnicos e da técnica. Ou seja, na civilização tecnicista e cientificista, a última palavra é sem­pre dada ao especialista, ao técnico competente.
No entanto, vivemos hoje a crise des­ses valores. O ideal do progresso ine­xorável é desmistificado quando cons­tatamos que o desenvolvimento da ciência e da técnica nem sempre vem acompanhado pelo progresso moral.

Fonte:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).

0 Response to "A tecnocracia"