"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

As transformações da técnica


Utensílio, máquina e autômato. Gros­so modo, eis as três etapas fundamen­tais do desenvolvimento da técnica.
No estádio inicial, o utensílio é um prolongamento do corpo humano: o martelo aumenta a potência do braço e o arado funciona como a mão escavan­do o solo.
Quando deixa de usar apenas a ener­gia humana, a técnica passa ao estádio das máquinas pela utilização da ener­gia mecânica, hidráulica, elétrica ou atô­mica. Por exemplo, o carvão queiman­do faz mover o tear, o vapor de água faz funcionar a locomotiva, a explosão da gasolina viabiliza o automóvel e a eletricidade põe em movimento a bate­deira de bolo. 

A máquina é o instrumento que atua por si mesmo e por si mesmo produz o objeto. (...) No artesanato o utensílio ou ferramenta é somente suplemento do homem. Neste, por­tanto, o homem com seus atos "na­turais" continua sendo o ator princi­pal. Na máquina, ao contrário, passa o instrumento para o primeiro plano e não é ele quem ajuda ao homem, mas o contrário: o homem é quem simplesmente ajuda e suplementa a máquina. (...) O que um homem com suas atividades fixas de animal pode fazer, sabemo-lo de antemão: seu ho­rizonte é limitado. Mas o que podem fazer as máquinas que o homem é ca­paz de inventar é, em princípio, ili­mitado. (Ortega y Gasset.)
Em estádio mais avançado, o autô­mato imita a iniciativa humana, porque não repete "mecanicamente" as fun­ções preestabelecidas, uma vez que é capaz de auto-regulação. A partir de certos programas, é possível grande fle­xibilidade nas "tomadas de decisões", o que aproxima as "máquinas pensan­tes" do trabalho intelectual humano, já que são capazes de provocar, regular e controlar os próprios movimentos. O radar corrige a rota do avião de acordo com as alterações do percurso, a célula fotoelétrica instalada na porta do eleva­dor impede que ela se feche sobre o usuário: em ambos os casos os coman­dos são alterados automaticamente con­forme "informações" externas.

Cibernética (do grego kybernetiké, isto é, téchne kybernetiké, "a arte do pi­loto"); ciência que estuda as comuni­cações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas. (Novo dicionário da lín­gua portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Pereira.)

Fonte:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo, Moderna, 2000 (edição digital).

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