As transformações da técnica
Utensílio, máquina e autômato. Grosso modo, eis as três etapas fundamentais do desenvolvimento da
técnica.
No estádio inicial, o utensílio é um prolongamento do corpo humano: o
martelo aumenta a potência do braço e o arado funciona como a mão escavando o
solo.
Quando deixa de
usar apenas a energia humana, a técnica passa ao estádio das máquinas pela
utilização da energia mecânica, hidráulica, elétrica ou atômica. Por exemplo,
o carvão queimando faz mover o tear, o vapor de água faz funcionar a
locomotiva, a explosão da gasolina viabiliza o automóvel e a eletricidade põe
em movimento a batedeira de bolo.
A máquina é o instrumento que atua por si mesmo e por si mesmo produz
o objeto. (...) No artesanato o utensílio ou ferramenta é somente suplemento do
homem. Neste, portanto, o homem com seus atos "naturais" continua
sendo o ator principal. Na máquina, ao contrário, passa o instrumento para o
primeiro plano e não é ele quem ajuda ao homem, mas o contrário: o homem é quem
simplesmente ajuda e suplementa a máquina. (...) O que um homem com suas atividades fixas de animal pode fazer,
sabemo-lo de antemão: seu horizonte é limitado. Mas o que podem fazer as
máquinas que o homem é capaz de inventar é, em princípio, ilimitado.
(Ortega y Gasset.)
Em estádio mais avançado, o autômato imita a iniciativa humana,
porque não repete "mecanicamente" as
funções preestabelecidas, uma vez que é capaz de auto-regulação. A partir
de certos programas, é possível grande flexibilidade nas "tomadas de
decisões", o que aproxima as "máquinas pensantes" do trabalho
intelectual humano, já que são capazes de provocar, regular e controlar os
próprios movimentos. O radar corrige a rota do avião de acordo com as
alterações do percurso, a célula fotoelétrica instalada na porta do elevador
impede que ela se feche sobre o usuário: em ambos os casos os comandos são
alterados automaticamente conforme "informações" externas.
Cibernética (do grego kybernetiké,
isto é, téchne kybernetiké, "a arte
do piloto"); ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle
não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas. (Novo dicionário da língua portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda
Pereira.)
Fonte:
ARANHA, Maria Lúcia de
Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo,
Moderna, 2000 (edição digital).
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