Voltaire
François-Marie Arouet (1694), dito Voltaire, nasceu em uma abastada família burguesa e fez seus estudos com os jesuítas, no Colégio Louis-le-Grand, em Paris. Em 1718, alcançou grande sucesso com a tragédia Édipo. Contudo, por ter insultado um nobre, o duque de Rohan-Chabot, foi encarcerado na Bastilha, em 1726, e mais tarde libertado, mas sob a condição de que partisse para o exílio. Assim, passa três anos na Inglaterra, quando, além de frequentar a aristocracia e a intelectualidade inglesas, se familiariza com as ideias do Iluminismo.
Retorna a Paris em 1729, mas sua obra Cartas filosóficas (ou Cartas sobre os ingleses), em que faz elogios à tolerância religiosa e à liberdade cultural e política na Inglaterra, é condenada pelas autoridades, o que o obriga a se refugir no castelo de Cirey, onde passa dez anos escrevendo e estudando (inclusive a física de Newton), ao lado da marquesa du Châtelet, sua amante, mulher espirituosa e erudita.
Retorna a Paris em 1744, sendo eleito para a Academia Francesa em 1746, quando é introduzido na corte por Madame de Pompadour, amante do rei. Muda-se, em 1750, para Potsdam, depois de aceitar o convite de Frederico 2º, da Prússia. Três anos mais tarde, no entanto, após um conflito com o rei, retira-se para uma casa perto de Genebra.
Hábil homem de negócios, com a fortuna adquirida inclusive por meio de especulações na Bolsa compra o castelo e a fazenda Ferney, nas proximidades de Genebra, onde instala fábricas de tecidos de seda e de relógios. Torna-se milionário. E graças à independência financeira, passa a intervir em casos de intolerância religiosa, como o Calas (execução de um protestante cujo filho se suicidara, sob acusação de tê-lo assassinado para o impedir de converter-se ao catolicismo) e o La Barre (homem executado por não ter tirado o chapéu ao encontrar uma procissão).
Obra e influência
Não seria exagero dizer que Voltaire foi o homem mais influente do século XVIII. Seus livros eram lidos por toda a Europa e vários monarcas pediram seus conselhos. Deixou uma obra que reúne cerca de 70 volumes.
Apesar de obras poéticas consideradas ultrapassadas, e em alguns casos ilegíveis, Voltaire é magnífico na prosa, de estilo, correção e fluência admiráveis, além de possuir espirituosidade e irreverência. Seu O século de Luís XIV, de 1751, por exemplo, é a primeira obra de historiografia que inclui a história da cultura, das letras e das artes. E o Ensaio sobre os costumes e o espírito das nações de 1756, obra de erudição incrível, é a primeira tentativa de uma história universal do ponto de vista do liberalismo religioso e político.
Nenhum de seus livros, contudo, supera, em espirituosidade, o Cartas filosóficas, em que a vivacidade das comparações entre a liberdade inglesa e o atraso da França é irresistível.
Voltaire propagandeou os ideais iluministas em todos os seus livros, mas principalmente nos romances - também chamados de "contos filosóficos", como Zadig, Micrômegas e, sua obra-prima, Cândido, ou o otimismo - e no seu radical Dicionário filosófico. Ele também nos deixou cerca de 10 mil cartas, extensa correspondência que guarda, até hoje, qualidades fascinantes.
Apesar de anticlerical fervoroso e de combater todas as formas de intolerância, Voltaire não foi ateu, mas um deísta. Defensor da burguesia, foi um dos principais inspiradores da Revolução Francesa, movimento que realizou suas ideias anticlericais e de igualdade perante a lei.
Em fevereiro de 1778, Voltaire finalmente retornou a Paris, onde foi amplamente festejado, morrendo logo depois.
Fonte: Portal UOL Educação
0 Response to "Voltaire"
Postar um comentário