Filosofia antiga e Filosofia Patrística
Filosofia antiga e Filosofia Patrística (do século VI a.C. ao século VI d.C.)
Compreende os quatro grandes períodos da Filosofia
greco-romana, indo dos pré-socráticos aos grandes sistemas do período
helenístico, mencionados no capítulo anterior.
Filosofia patrística (do século I ao século VII)
Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de
São João e termina no século VIII, quando teve início a Filosofia medieval.
A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos
intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros Padres da Igreja para conciliar a
nova religião - o Cristianismo - com o pensamento filosófico dos gregos e
romanos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da
nova verdade e convertê-los a ela. A Filosofia patrística liga-se, portanto, à
tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os
ataques teóricos e morais que recebia dos antigos.
Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de
Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja de Roma) e seus nomes
mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente,
Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de
Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio.
A patrística foi obrigada a introduzir idéias desconhecidas
para os filósofos greco-romanos: a idéia de criação do mundo, de pecado
original, de Deus como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de juízo
final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos, etc. Precisou também
explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que
é pura perfeição e bondade. Introduziu, sobretudo com Santo Agostinho e Boécio,
a idéia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio,
pelo qual o homem se torna responsável pela existência do mal no mundo.
Para impor as idéias cristãs, os Padres da Igreja as
transformaram em verdades reveladas por Deus (através da Bíblia e dos santos)
que, por serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e
inquestionáveis. Com isso, surge uma distinção, desconhecida pelos antigos,
entre verdades reveladas ou da fé e verdades da razão ou humanas, isto é, entre
verdades sobrenaturais e verdades naturais, as primeiras introduzindo a noção
de conhecimento recebido por uma graça divina, superior ao simples conhecimento
racional. Dessa forma, o grande tema de toda a Filosofia patrística é o da
possibilidade de conciliar razão e fé, e, a esse respeito, havia três posições
principais:
1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a
fé superior à razão (diziam eles: “Creio porque absurdo”).
2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas
subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio para compreender”).
3. Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas
afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem
misturar-se (a razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens
no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).
Fonte:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia.
São
Paulo: Ed. Ática, 2000.
3 de abril de 2015 às 02:02
Ola... qual a contribuicao do boecio pra patristica? Ele é ou nao participante dessa filosofia?