Crítica ao empirismo e ao intelectualismo
As concepções empiristas e
intelectualistas também sofreram sérias críticas dos estudiosos da linguagem no
campo da psicologia.
Os psicólogos Goldstein e Gelb
fizeram estudos aprofundados da afasia e descobriram situações curiosas. Por
exemplo, ordena-se a um afásico: “Coloque nesta pilha todas as fitas azuis que
você encontrar nesta caixa”. O afásico inicia a separação. Ao encontrar uma
fita azul-claro ele a coloca na pilha das fitas azuis, conforme lhe foi dito,
mas também passa a colocar ali fitas verde-claro, rosa-claro e lilás-claro.
Os dois psicólogos observaram,
assim, que a palavra azul não formava uma categoria ou uma idéia geral
para o afásico e que, portanto, seu problema de linguagem era também um
problema de pensamento. No entanto, do ponto de vista cerebral ou anatômico, a
parte do cérebro destinada à inteligência estava perfeita, sem nenhuma lesão.
Com isso, compreendeu-se que os empiristas estavam enganados e que a linguagem
não é um mero conjunto de imagens verbais, mas é inseparável de uma visão mais
global da realidade e inseparável do pensamento.
Esses estudos, porém, não
reforçaram a concepção intelectualista, como poderíamos supor. De fato, basta
tentarmos imaginar o que seria um pensamento puro, mudo, silencioso para
compreendermos que não seria nada, não pensaria nada. Não pensamos sem
palavras, não há pensamento antes e fora da linguagem, as palavras não traduzem
pensamentos, mas os envolvem e os englobam. É justamente por isso que a criança
aprende a falar e a pensar ao mesmo tempo, pois, para ela, uma coisa se torna
conhecida e pensável ao receber um nome. Como escreveu Merleau-Ponty, a
linguagem é o corpo do pensamento.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, 2000.
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