"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

A invenção do alfabeto cirílico: letras que dividem um continente


Em 863, quando os missionários Cirilo e Metódio chegaram à Grande Morávia, a terra ainda estava crivada de flechas e esqueletos. Tinham sido convidados pelo príncipe Rastislav, um eslavo que havia sido posto no trono pelos francos, herdeiros do império de Carlos Magno, e se recusava a cumprir seu papel de marionete. Cinco anos antes, após décadas de combates sangrentos, pilhagens, traições e alianças instáveis, o príncipe havia conseguido um reino só para si, que englobava o território das atuais Repúblicas Checa e Eslováquia. Ele queria que os missionários, que eram irmãos, traduzissem a Bíblia para o eslavo. Cirilo e Metódio perceberam que não tinham instrumentos para a tarefa, pois alguns fonemas não se adequavam às letras ocidentais. Assim, decidiram que precisavam de um alfabeto próprio, que não usasse nem letras gregas nem latinas. Quando deram início à tarefa monumental, não tinham a menor ideia de que se tratava do primeiro passo para criar uma forma diferente de expressão - que acabaria dividindo a Europa para sempre.

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